MOÇAMBIQUE QUER A COLABORAÇÃO PÚBLICO-PRIVADA PARA DESENVOLVER A PRODUÇÃO DE GÁS NO PAÍS
A Câmara de Energia Africana (CEA) defendeu que colaboração e partilha de experiências são fundamentais para desenvolver gás em Moçambique, numa abordagem que deve virar-se para o mercado. O presidente da CEA em Moçambique, Florival Mucave, disse que “a necessidade de mais colaboração e de experiência partilhada entre os peritos africanos energéticos vai ser crítica para Moçambique no contexto de transformação das enormes descobertas de gás natural em receitas para o Estado.” O representante deste grupo privado focado no aumento dos investimentos das multinacionais na África acredita que “O Estado e o setor privado precisam de desempenhar um papel de liderança no desenvolvimento das infraestruturas fundamentais para a utilização doméstica do gás, que será determinante para o desenvolvimento do país e para resolver os problemas de dificuldades de acesso a energia pelos seus cidadãos”. A Câmara de Energia Africana, sediada em Joanesburgo, é uma entidade privada destinada a fomentar o investimento em África.
As declarações de Florival Mucave surgem num contexto de agravamento dos problemas de segurança no norte do país. Em Cabo Delgado, província apontada como promissora para ser o centro de uma indústria de gás natural, tem visto uma série de ataques de um grupo terrorista. É lá onde os maiores investimentos das petrolíferas na exploração de gás estão sendo feitos e prometem multiplicar a riqueza do país por via da exploração e exportação de gás natural liquefeito. Os agentes econômicos moçambicanos dos setores público e privado reconhecem que o país “está numa encruzilhada no seu desenvolvimento, e nesse contexto a construção de um política energética que leve em consideração as questões climáticas é essencial para o país.”
O consórcio liderado pela petrolífera francesa Total conseguiu em 2020 os 15,8 bilhões de dólares que faltavam para completar o orçamento total de 23 bilhões de dólares para investir no megaprojeto de gás natural da Área 1 da bacia do Rovuma, cuja primeira exportação deverá acontecer mais perto de 2025. Os investimentos estão sob risco. Na semana passada houve vários ataques perto das bases francesas A exploração de gás natural no norte de Moçambique é o maior investimento privado da África subsaariana.
A Total pediu a alguns funcionários que desocupassem o acampamento do projeto de gás natural liquefeito, em Afungi, em Cabo Delgado. Os ataques terroristas foram muito próximo da aldeia e a cinco quilômetros da área da concessão. Parte dos cerca de três mil trabalhadores, saíram da região. Com os ataques nas proximidades da área da Total, a empresa efetuou a sua segunda maior evacuação no acampamento. A primeira ocorreu em Abril deste ano quando alguns funcionários testaram positivo para o novo coronavírus, o que obrigou a suspensão das obras até junho.
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