MÓDULOS EM CONSTRUÇÃO PARA SEIS PLATAFORMAS ESTÃO ABANDONADOS AO RELENTO NA CIDADE DE CHARQUEADAS
“Quando alguma empresa chegava aqui na cidade com um contrato com a Petrobrás, eu estendia um tapete vermelho. Hoje, se alguém aparecer aqui com um contrato desses, não sei se será bem recebido” . A frase é do atual prefeito da cidade gaúcha de Charqueadas, Davi Gilmar de Souza, depois de ter passado pela experiência que causou uma situação de calamidade pública no final de 2014. Reflete também a imagem da maior empresa do país junto à população. O que dava orgulho, hoje envergonha. No dia 18 de novembro vai fazer um ano que a Petrobrás, ainda na administração Graça Foster, decidiu romper o contrato com a IESA, a quem tinha confiado o Pacote 3 dos replicantes. A estatal entregou à empresa a responsabilidade de fazer sozinha os 24 módulos para as Plataformas P-66, P-67, P-68, P-69, P-70 e P-71, num contrato de 720 milhões de dólares. Dinheiro de hoje, cerca de 2,83 bilhões de reais.
Desde o fim do contrato, a Petrobrás jamais divulgou as razões do rompimento. Mas sabe-se que o pacote sofreu diversas modificações no projeto, feitas pela estatal, que se recusou a pagar os aditivos, inviabilizando a construção dos módulos. A política de não pagamento dos aditivos foi uma decisão pessoal da ex-presidente Graça Foster, que adotou esta medida em todas as obras executadas pela Petrobrás no Brasil. Na época, ela usava um sofisma dizendo que a Petrobrás pagava os contratos em dia. Os aditivos, no entanto, acumulavam-se na mesa do então diretor de engenharia, José Antônio Figueiredo, que não encontrava tempo para analisá-los e liberá-los. Tecnicamente, a Petrobrás não devia. O resultado desta orientação foi a quebra de algumas empresas e pedidos de recuperação judicial de outras tantas que pertencem à cadeia de fornecimento do petróleo. Um legado que Graça Foster levará para sua aposentadoria.
No dia 18 de novembro, vai fazer um ano que a Petrobrás rompeu o acordo com a IESA, no primeiro grande baque da empresa que ainda hoje vive dias de angústia, envolvida com a operação Lava Jato e as agruras de uma recuperação judicial. Ainda em novembro do ano passado, a Petrobrás prometia soluções imediatas que colocavam em risco mais de mil empregados da IESA, em Charqueadas. Por mais que fossem feitas negociações com o ex-diretor de engenharia e com a presidência da estatal, nada foi resolvido.
O prefeito de Charqueadas, depois de decretar Estado de Emergência na cidade, devido ao impacto gigantesco na economia local, tinha esperanças de uma solução para o problema:
“Na época falamos com o Ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, que me prometeu uma solução. Falei com o ex-diretor Figueiredo. Falei com algumas outras pessoas na Petrobrás. Muitos se esconderam. Hoje, vendo quem foi preso na Lava Jato, entendo o porquê. A cidade foi vítima. Centenas de trabalhadores e suas famílias foram vítimas. Pessoas inescrupulosas que hoje estão em suas casas no Rio e as famílias daqui amargando a situação. Cerca de 50% das pessoas eram da região carbonífera. Outras pessoas vieram de outros Estados. Um drama sem igual que vivemos”.
O drama não para por aí. Ainda hoje, quase um ano depois, a companhia ainda não sabe o que fazer com o problema, o que reflete o espírito que a estatal vive internamente. Ninguém decide nada, todos os responsáveis não querem tomar decisões com medo das consequências. Todo mundo com medo de todo mundo, temendo a delação institucionalizada pela própria empresa. Colegas de trabalho desconfiados de colegas de trabalho. Certo ou errado, ninguém resolve nada. Houve uma tentativa de repassar o contrato para a Andrade Gutierrez que quase teve sucesso. Mas um pedido de adiantamento e um reajuste no preço impediram a renegociação do contrato.
O Petronotícias procurou a assessoria de imprensa da estatal, que prometeu uma resposta imediata e levou três dias para falar que não sabia o que dizer sobre o problema. A cada solicitação de uma resposta, uma descoordenação, que culminou com uma resposta que já se esperava em episódios assim: ninguém sabe o que dizer. Não há resposta.
Os módulos pré-montados estão ao relento com suas estruturas apodrecendo no tempo e a companhia sequer sabe o que fazer com elas há quase um ano. É o reflexo do que a empresa vive. O prejuízo é certo. O desperdício do dinheiro, óbvio.
Se depender do responsável para dar solução ao problema, Marco Túlio, gerente executivo da engenharia, a decisão seguirá à risca o que suas ações o caracterizaram: entregar tudo para ser construído na China, honrando o apelido de Lin-Ling que recebeu dos petroleiros sindicalizados. Só não se sabe ao certo o que fazer com as estruturas enferrujadas expostas no canteiro da IESA em Charqueadas. Mandar recuperar ? Abandonar tudo e comprar outras estruturas ou fazer as operações de montagem dos módulos com outras empresas que tiveram sucesso em montar módulos aqui no Brasil?
Seja o que for, parece definitivo que para Charqueadas o projeto não volta. E nem seria bem-vindo, a se compreenderem corretamente as palavras do prefeito da cidade. Ele, a população local e os mais de mil empregados demitidos – muitos deles sem receber a rescisão trabalhista – são potes repletos de mágoas com a empresa estatal.
São muitos negócios em paralelo, são muitos os partidos políticos e nada escapa da organização criminosa… Esse é o NEGOCIO DA CHINA. Fazem de tudo em nome do crescimento nacional, se há prejuízo o povo recebe a conta, muito fácil. Herdaram diretorias por preferência política e competência duvidosa. Como a barca encalhou, não só em Charqueadas, como em RG, Itaborai, Itájai, os gestores ou se escondem, ou pedem o próprio afastamento. Fácil quando os ventos eram favoráveis, bolsos cheios e a competência ia para ser terminada, no mar e para lá das 200 milhas, sem imprensa e holofotes. Xanadu está… Read more »
O impressionante é que a Petrobras sabe e está cansada de contratar serviços na China e depois que eles mandam pra cá aquilo que fizeram lá, novos custos de reparos são pagos.
Todos sabemos que não tem critérios de qualidade e que só ganham contratos porque tem custo de mão-de-obra ridículo comparado com o daqui. É lamentável esse tipo de postura de uma estatal que deveria ser mais atuante e preservar o emprego aqui. Alguém está ganhando com tudo isso.
Onde está o governo que não toma uma providência?
Só nao entendo como esta empresa IESA oleo e gas,ainda conseguiu com A mesma Petrobras mais um contrato com um consorcio em Rio Grande,e mais eu particularmete tomei um golpe de mais de 130 mil reias,uma micro empresa,e com muito custo ainda estou aberto,e as empresas que faliram,como ficam???
que país é este???
Mas e se alguém aparecer e disser: “vamos privatizar a PETROBRÁS!”. Aí vai aparecer alguém e retrucar: “Não mesmo! A PETROBRÁS é do povo brasileiro… nosso maior patrimônio! Vamos ser auto suficientes em petróleo… vamos entrar na OPEP! As multinacionais e os imperalistas devem tirar suas garras daqui!” E fica a pergunta: “como defender a Petrobrás? Quais os argumentos que irão funcionar? Quais os benefícios que nosso povo teve até agora com essa estatal?” Não é questão de ser antipatriota, é questão de ser prático e realista! Essa estatal pertence a um partido político! Os maiores promovedores da privatização da… Read more »
Senhor Davi Gilmar, Em 25 de novembro de 2010, o senhor prefeito, juntamente com a digníssima primeira dama Yeda Crussis, assinavam a carta de intenção para a construção de 20 módulos, em área destinada pelo prefeito, às margens do Rio Jacuí. Como bem disse, haja tapetes vermelhos, para estender, para um movimento novo, onde a Iesa estava chegando e ajudando a cidade a gerar 1500 empregos diretos, em prazo inicial previsto de 54 meses, a uma monta de U$$ 720 milhões. Os principais módulos previstos seriam: Sistemas de compressão e injeção de CO2. Sistema de compressão de gás. Sistema de… Read more »
Caros leitores,
Charqueadas virou mais um parque temático de horrores.
Horrores patrocinados pela maior, esplendorosa, magnífica e orgulho (não sei ainda de quem)nacional, a Petrobras. Coma velha ladainha do ” o petróleo é nosso”.
Nada disso! O petróleo pertence aos petroleiros irresponsáveis, se não classificados como oportunistas e lesa pátria!
Fazem verdadeiras loucuras nos projetos, gerando prejuízos infindáveis a empresa e, ainda desfilam com seus peitos estufados como pombos! E, como pombos, deixam um rastro de excrementos por onde passam…
Que isso sirva de lição para muitos… se adiantar alguma coisa!
ASINUS ASINUM FRICAT!!