MOVIMENTO PRODUZ BRASIL TERÁ NOVO ENCONTRO COM GOVERNO PARA DISCUTIR CONTEÚDO LOCAL
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
Esta quarta-feira (22) promete ser de fortes emoções para o setor de óleo e gás brasileiro. A reunião que decidirá o futuro da política de conteúdo local está marcada para hoje. No entanto, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, passa por problemas de saúde, o que deixa no ar a dúvida se a reunião será de fato realizada. Para o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e porta-voz do Movimento Produz Brasil, José Ricardo Roriz, mesmo que o encontro ocorra sem Padilha, há uma equipe que cerca o ministro capaz de escolher o melhor caminho para a indústria brasileira. “Acho que desde que os prazos para atendimento possam ser atendidos, devemos usar o máximo de conteúdo nacional, principalmente o que agrega tecnologia. Para nós, é muito importante uma maior participação da engenharia brasileira nos projetos“, afirmou Roriz. O Produz Brasil apresentou uma proposta ao governo que contempla um percentual mínimo para compras não só de serviços, mas também de bens, infraestrutura e engenharia de projetos. “Quando se contrata a engenharia estrangeira, os bens comprados serão equipamentos de parceiros dessas empresas – que também serão do exterior. Por isso que, para nós, é importante ter essa divisão para saber o que é serviço, engenharia e equipamentos nacionais dentro do projeto“, disse. O movimento deve ter uma nova reunião com o governo, depois do carnaval, para debater novamente as mudanças na legislação.
O que espera da revisão da política de conteúdo local?
Esperamos que a nossa proposta seja considerada. Nós propomos cinco macrossegmentos e achamos importante dividir serviços e bens. Um fator que foi ventilado é que o governo pensa em definir alguns segmentos onde não haverá essa divisão. Isso seria muito ruim para nós, porque dessa forma o conteúdo local será cumprido todo em serviços, sem comprar um equipamento no Brasil. Então, para nós, é muito importante que seja considerado nossa proposta, que permitirá que a cadeia nacional de fornecedores tenha previsibilidade de demanda.
Como o senhor avalia a proposta do governo, que tem sido comentada nos últimos dias?
O principal problema é com a questão da engenharia, que ficará de fora caso seja aceita essa proposta. Onde fica a separação de serviço e bens? Vai ser uma frustração muito grande para os fornecedores, que dão suporte aos investimentos de óleo e gás no Brasil. Sem essa divisão, as petroleiras só contratarão serviços, o que é muito ruim num momento que o Brasil tem 12 milhões de desempregados. Temos empresas brasileiras que poderiam atender as demandas. Mas esse plano vai criar emprego lá fora, em tempos que o Brasil precisa abrir novas vagas.
Quais serão os próximos passos do Movimento Produz Brasil?
O governo nos convidou para uma reunião, que deve acontecer depois do carnaval. Nesse encontro, vamos continuar defendendo nossa proposta. Já tivemos reuniões com o ministério do comércio e vários outros debates, o que levou a elaborar nossa proposta.
Quais os percentuais ideais para cada macrossegmento?
Acho que desde que os prazos para atendimento possam ser atendidos, devemos usar o máximo de conteúdo nacional, principalmente o que agrega tecnologia. Para nós, é muito importante uma maior participação da engenharia brasileira nos projetos. Nosso País já construiu a usina de Itaipu e a Ponte Rio Niterói, por exemplo. Temos tradição de projetos de grande tamanho. Quando se contrata a engenharia estrangeira, os bens comprados serão equipamentos de parceiros dessas empresas – que também serão do exterior. Por isso que, para nós, é importante ter essa divisão para saber o que é serviço, engenharia e equipamentos nacionais dentro do projeto.
Qual serão as consequências caso haja o fim da política de conteúdo local?
Vai finalizar a indústria brasileira. Com isso, as petroleiras não terão interesse em contratar fornecedores brasileiros. Muitas empresas vão fechar, demitir e sair desse segmento, porque não haverá previsibilidade nenhuma.
Como o senhor analisa os argumentos de quem defende o fim do conteúdo local?
Nesses últimos anos, desde que aparecem notícias do pré-sal, a cadeia nacional foi se formando. Hoje, metade da produção brasileira vem do pré-sal. E isso acontece porque foi a cadeia brasileira que atendeu essas demandas. Na época, não tinha como contratar e adquirir instalações do exterior, porque a demanda estava direcionada a outras regiões, até mesmo em virtude do preço alto do barril de petróleo naquele tempo. Se a indústria brasileira não tivesse atendido a Petrobrás durante esse período, possivelmente hoje não estaríamos com metade do produção vindo do pré-sal.
Como recebeu a notícia do possível adiamento da reunião sobre a definição da revisão do conteúdo local, em virtude dos problemas de saúde de Eliseu Padilha?
Primeiro, torço pela rápida recuperação do ministro e que ele possa participar das reuniões. Ele está muito sensível à questão, e sabe que a decisão vai ter impacto muito grande no número de empregos. É bom que ele participe dessas reuniões. Mas caso não seja possível, ele tem uma equipe que tem participando desse debate e que está preparada para decidir o que é melhor para o Brasil.
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