NA ESTEIRA DA ABERTURA DO MERCADO, PETRORECONCAVO ESPERA FECHAR NOVOS CONTRATOS DE FORNECIMENTO DE GÁS
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
Uma das petroleiras independentes que tem surfado na onda positiva da abertura do mercado de gás natural é a PetroReconcavo. Até aqui, a empresa já conseguiu quatro importantes contratos de fornecimento deste insumo para distribuidoras do Nordeste. Para o futuro, a petroleira planeja participar de novas chamadas públicas para conquistar mais contratos do tipo. É o que afirma o diretor de regulação e novos negócios da companhia, João Vitor Moreira, nosso entrevistado desta segunda-feira (10). “Estamos acima dos nossos relatórios de reserva 2P para produção de gás natural. Isso nos permite avaliar a participação em novas chamadas públicas e, estrategicamente, assinar contratos com consumidores livres de gás natural. Acho que a realidade do ano que vem é que, provavelmente, a PetroReconcavo terá novas iniciativas nesse sentido”, avaliou o executivo. Moreira falou ainda sobre alguns dos resultados da empresa alcançados em 2022 e projetou novas iniciativas exploratórias para o próximo ano no Polo Bahia. O diretor também comentou que a PetroReconcavo está expandindo sua força de trabalho e, ao mesmo tempo, internalizando equipamentos. “Pelo menos até o final do ano, teremos 12 sondas de workover e uma sonda de perfuração tocando todo o nosso plano de trabalho”, contou.
Como o senhor avalia os avanços feitos até aqui no processo de abertura do mercado brasileiro de gás natural?
O setor de gás natural teve importantes avanços ao longo de 2021 e 2022, que foram iniciados pela promulgação da nova Lei do Gás. Além disso, no final do ano passado, foram publicadas outras resoluções muito importantes, com o objetivo de permitir que contratantes do serviço de processamento fossem equiparadas a processadores de gás natural. Importante mencionar ainda questões associadas ao Confaz [Conselho Nacional de Política Fazendária], autorizando ajustes tributários necessários para iniciar o ano em um novo momento de mercado, no qual os players independentes pudessem acessar às infraestruturas de processamento e malha de transporte de gás.
Estamos dentro de uma realidade de abertura de mercado. Eu sempre menciono os dados de monitoramento do Novo Mercado de Gás, que demonstram uma redução do market share da Petrobrás no fornecimento de gás natural na matriz brasileira. Em paralelo, esses dados apontam também para um aumento no número de carregadores e de empresas efetivamente utilizando a malha de transporte.
Para que haja efetivamente uma perpetuação desse mercado de gás, é preciso continuar implementando outras iniciativas que atraiam investimentos e aumentem a segurança jurídica, como a possibilidade de estender as concessões que estão sendo adquiridas dentro do programa de desinvestimentos da Petrobrás.
E quais foram alguns dos avanços da PetroReconcavo dentro desse movimento de abertura do mercado de gás?
Desde o dia 1º de janeiro, a PetroReconcavo passou a vender 100% de sua produção para distribuidoras de gás do Nordeste, interligadas ao sistema de transporte da TAG. Esse movimento tem sido um sucesso. Desde então, registramos 100% de atendimento aos nossos compromissos contratuais.
Hoje nós temos quatro contratos com distribuidoras do Nordeste: Potigás (Rio Grande do Norte), PBGás (Paraíba), Bahiagás (Bahia) e, no segundo semestre, iniciamos um contrato com a Cegás (Ceará). Esses quatro contratos são atendidos por meio de uma gestão de portfólio integrada. A PetroReconcavo injeta gás por duas UPGNs – Catu e Guamaré – e faz a distribuição desse gás conforme demanda e alocação, tanto nos volumes base como também, eventualmente, em volumes excedentes.
A empresa está com boas perspectivas de conquistar novos contratos de fornecimento de gás?
Sem sombra de dúvidas. Hoje, a PetroReconcavo já produz em torno de 25% acima dos seus volumes contratados. Então, a empresa dispõe de uma oferta excedente. Olhando para os ativos que assumimos, eu destaco o Polo Miranga. Assumimos esse ativo em dezembro do ano passado e, menos de um ano depois, a empresa já anunciou um incremento de 101% na produção da área (dados de agosto).
Estamos acima dos nossos relatórios de reserva 2P para produção de gás natural. Isso nos permite avaliar a participação em novas chamadas públicas e, estrategicamente, assinar contratos com consumidores livres de gás natural. Acho que a realidade do ano que vem é que, provavelmente, a PetroReconcavo terá novas iniciativas nesse sentido.
A abertura do mercado de gás também já está trazendo efeitos no preço?
Acho que sim. O primeiro movimento nesse sentido foi possibilitar a ligação direta do produtor com o consumidor. Inicialmente, esse consumidor estava centrado na figura da distribuidora de gás. Isso até a regulamentação de legislações estaduais, com a possibilidade de fornecimento para o mercado de consumidor livre. Esse é um mercado incipiente, mas que está caminhando a passos largos. Estamos trabalhando para obter a regulamentação, junto às agências reguladoras, para que possamos fazer um fornecimento livre de gás natural. Isso vai possibilitar mais transparência na cadeia e tende a gerar ainda mais competitividade no preço do gás.
Adicionalmente, com a maturidade do mercado, os contratos intermediários de processamento, escoamento e transporte precisam passar por uma maturação. À medida que esses instrumentos forem modernizados, o mercado verá contratos mais razoáveis e um impacto na conta. Então, eu creio que o preço do gás natural tende a ter uma otimização nos próximos anos.
Quais foram as principais conquistas da PetroReconcavo até aqui neste ano?
Nós estamos bastante satisfeitos com os resultados anunciados até aqui. A PetroReconcavo produziu 22,1 mil barris de óleo equivalente por dia em agosto, o que nos coloca em linha com o que foi projetado para o ano. Isso passa pelo fato de que concluímos todas as transações assinadas junto à Petrobrás. Hoje, temos 60 concessões no Rio Grande do Norte e na Bahia. Todas essas concessões estão a pleno vapor em seus desenvolvimentos, com a atividade de workover e a perfuração de poços na Bacia Potiguar. No ano que vem, devemos iniciar a nossa campanha exploratória na Bahia, conforme previsto no nosso relatório de reserva.
Com o cenário atual de comercialização do nosso gás natural, temos uma margem líquida dessa comercialização bastante superior. Isso permitiu retroalimentar um círculo virtuoso de novos projetos de workover, criando números bastante adequados na taxa de reposição de reservas.
Existem muitos desafios pela frente. Nós estamos expandindo a nossa força de trabalho. Isso tem sido um desafio muito grande, para qual nos preparamos ao longo dos anos. Hoje, a PetroReconcavo tem programas de formação de mão de obra. Em paralelo, o nosso programa de internalização de equipamentos cresceu conforme as nossas expectativas. Então, pelo menos até o final do ano, teremos 12 sondas de workover e uma sonda de perfuração tocando todo o nosso plano de trabalho.
Estamos agora avaliando todos os investimentos inerentes para otimizar ainda mais a nossa cadeia do gás natural. Isso, eventualmente, vai desencadear investimentos no midstream, complementando a capacidade de processamento da Petrobrás usada pela PetroReconcavo e ganhando na margem líquida do nosso gás natural. O ano tem sido de muito sucesso, com uma operação muito segura.
Por fim, o que o mercado pode esperar da PetroReconcavo em termos de novos negócios?
Nós estamos bastante atentos a todas as possibilidades de novos negócios. A partir de sua abertura de capital, a PetroReconcavo tem se estruturado e avaliado todas as possibilidades de mercado. Por mais que boa parte dos acordos do programa de desinvestimentos da Petrobrás já esteja assinada, alguns outros ainda estão por vir. A PetroReconcavo, como se sabe, foi declarada preferred bidder do Polo Bahia [leia mais sobre essa transação neste link]. Somos espectadores do que vai acontecer, mas estamos confiantes de que esse processo terá uma retomada e um encaminhamento, aumentando ainda mais o nosso portfólio.
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