NA RÚSSIA, BENTO ALBUQUERQUE DESTACA PAPEL DA NUCLEAR, PLANOS PARA HIDROGÊNIO E TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, reuniu-se na manhã de hoje (13) com o Ministro da Energia da Rússia, Nikolay Shulginov, para tratar da cooperação entre os dois países e a facilitação de negócios e investimentos recíprocos. Durante o encontro, os ministros discutiram a evolução nos setores elétrico, hidrelétrico e nuclear, com destaque para o potencial de pequenos reatores nucleares modulares. Eles conversaram também sobre as perspectivas para o setor de petróleo e gás.
Durante a tarde, Albuquerque e Shulginov participaram de um painel do evento “Russian Energy Week 2021”, dedicado aos desafios e oportunidades globais de transição energética, com foco no setor elétrico. O ministro brasileiro destacou o papel central da energia renovável na matriz energética e elétrica nacional, o que é resultado de décadas de políticas governamentais e investimentos. Falou também da importância da geração nuclear e mencionou o interesse em explorar oportunidades no setor de hidrogênio. Leia abaixo a íntegra da fala do ministro durante o evento:
Caro ministro Nicolay Shulginov, prezados amigos e colegas, deixe-me agradecer o governo da Rússia pelo convite para participar da Semana da Energia da Rússia. É uma honra para o Brasil estar presente neste evento, que está colocando-se como um fórum internacional chave no setor de energia.
O ano de 2021 está sendo muito especial quando se trata de energia de transição. Nossas economias estão começando a recuperar-se dos efeitos da pandemia e temos que evitar recuos. Existe uma grande quantidade de esforço internacional sendo colocando nisso. Tivemos o Diálogo de Alto Nível da ONU, os Diálogos sobre Energia, as discussões do G-20 sobre clima e energia, e em três semanas teremos a COP-26.
O Brasil está defendendo – junto com outros países, incluindo nossos parceiros do BRICS e as principais agências internacionais – que, para cumprir os objetivos do Acordo de Paris, nós precisaremos implantar todas as tecnologias viáveis e fontes.
Não há via única para a transição energética. Isto é um processo que varia em ritmo e estágio, e precisa-se levar em conta as vantagens competitivas existentes em nível nacional, regional e local. Isso é especialmente verdadeiro para um país como o Brasil.
Como todos sabem, energias limpas – tal como hidrelétricas, nuclear e biocombustíveis – estão no centro do planejamento energético e políticas brasileiras por mais de cinco décadas.
Como resultado de políticas e investimentos coordenados, nosso mix de energia é composto por 49% de fontes renováveis, enquanto a média mundial é 15%. A nossa matriz elétrica já conta com 85% de energia renovável.
Até 2030, precisaremos adicionar 50 GW de capacidade de energia e 40.000 quilômetros em linhas de transmissão. Esta expansão implicará em novas fontes renováveis, com a fonte solar respondendo por 11% da capacidade total instalada até 2030, enquanto que a eólica corresponderá a 14%.
A nuclear também terá um papel crucial como uma limpa e confiável fonte de energia de base. Prevemos uma expansão de geração nuclear em torno de 10 GWs no Brasil nos próximos 30 anos. A energia nuclear com certeza contribuirá para a descarbonização da economia global. Desenvolvimentos tecnológicos – tal como pequenos reatores nucleares – reposicionarão o setor e abrirão novas avenidas para colaboração e negócios internacionais.
O Brasil também está desenvolvendo e incorporando novas tecnologias, como hidrogênio; captura de carbono, armazenamento; smarts grids; e tecnologias relacionadas à eficiência energética.
Há um futuro brilhante para o hidrogênio no país, devido aos nossos recursos naturais, uma abundância de energia limpa e capacidades tecnológicas e industriais. Nós aprovamos recentemente as diretrizes para o nosso Programa Nacional do Hidrogênio, que tem por objetivo uma consolidação rápida da indústria e do mercado do hidrogênio no Brasil. O setor privado e alguns parceiros internacionais já estão presentes e muito ativos.
Mas para ganhar escala, precisaremos de um arco-íris inteiro de hidrogênio de baixo carbono, especialmente hidrogênio azul a partir do gás natural. O Brasil vai explorar todas essas rotas tecnológicas, e neste processo estamos dispostos a cooperar e compartilhar nossa experiência com partes interessadas.
Caros colegas e amigos, o setor de energia no Brasil está passando por uma profunda mudança. Nos últimos três anos, aprovamos o Novo Mercado de Gás, a reforma do setor de energia e melhorias de regulamentos. Vemos a transição de energia definitivamente não como um ônus, mas como uma oportunidade de transformar nossas economias para criar novos empregos, promover o crescimento sustentável e inovação, atendendo às necessidades presentes e futuras de nossas sociedades.
Isso exigirá parceria internacional e colaboração pública-privada. O governo brasileiro – e eu sei que falo também pelos nossos líderes de negócios – está aberto e pronto para explorar todas estas oportunidades.
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