NATURGY AMPLIA SUA REDE NO RIO DE JANEIRO, APOSTA EM CORREDORES SUSTENTÁVEIS E VISLUMBRA OPORTUNIDADES COM BIOMETANO
A distribuidora Naturgy está construindo seu caminho para o futuro olhando para diferentes frentes de negócios. O plano de investimentos da companhia, que prevê R$ 672,3 milhões para os próximos dois anos, tem como foco aumentar a segurança do sistema de distribuição, permitir a conexão de novos clientes e atender novas áreas do estado. Em entrevista exclusiva ao Petronotícias, a presidente da Naturgy no Brasil, Katia Repsold, detalha que as obras de novos gasodutos e outras infraestruturas vão beneficiar 18 municípios em cinco regiões do estado. “Os projetos vão estimular a economia das cidades beneficiadas e criar cerca de 4 mil empregos diretos e indiretos”, declarou.
Em paralelo, a companhia quer ampliar seu mercado com a expansão do gás natural veicular (GNV) para caminhões e ônibus. A principal estratégia para alcançar esse objetivo é o desenvolvimento de corredores sustentáveis com postos de GNV para veículos pesados. Atualmente, já existem 11 postos adaptados nas rodovias Dutra e Washington Luís. “Com a ampliação do projeto, a expectativa é que outras 16 rodovias que ligam o Rio de Janeiro aos estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo também tenham novos postos adaptados”, detalhou.
Por fim, de olho na transição energética, Katia afirmou que toda a infraestrutura utilizada hoje na distribuição poderá, no futuro, ser aproveitada para a injeção de biometano na rede. A Naturgy já firmou uma parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) para levantar o potencial de produção e demanda de biometano no estado. “A partir dos estudos, serão definidos futuros investimentos e municípios com melhor perfil para projetos estruturantes”, concluiu.
A Naturgy anunciou um plano de investimentos de R$ 672,3 milhões para os próximos dois anos. Poderia relembrar aos nossos leitores quais são as prioridades dentro desse pacote?
Alinhado ao seu compromisso em apoiar a transição energética do estado do Rio e ampliar o acesso ao gás natural canalizado, a Naturgy está destinando esses recursos para a construção de novos gasodutos e infraestruturas para reforçar e expandir o atendimento à demanda crescente no interior.
Com isso, vamos aumentar a segurança do sistema de distribuição, permitir a conexão de novos clientes e atender novas áreas do estado. Além disso, os projetos vão estimular a economia das cidades beneficiadas e criar cerca de 4 mil empregos diretos e indiretos, além de estimular o desenvolvimento de polos industriais com uma fonte energética mais limpa.
O investimento contempla ainda a ampliação dos Corredores Sustentáveis nas rodovias do Sudeste, com intuito de oferecer a infraestrutura necessária para o uso do GNV em veículos pesados, em substituição ao diesel.
É possível detalhar um pouco sobre os planos para a construção de novos gasodutos? Há regiões prioritárias dentro do estado para essa expansão?
Os projetos vão beneficiar 18 municípios, em cinco regiões do estado. Deste total, 17 são abastecidos com gás natural canalizado, com necessidade e potencial para expansão da infraestrutura e aumento de capacidade de fornecimento. Além disso, Araruama começará a receber o combustível.
Os investimentos vão beneficiar também: Barra Mansa, Barra do Piraí, Itatiaia, Piraí, Porto Real, Angra dos Reis, Petrópolis, Teresópolis, Três Rios, Nova Friburgo, Saquarema, São Pedro da Aldeia, Casimiro de Abreu, Rio das Ostras, Volta Redonda, Macaé e Campos dos Goytacazes.
Vamos investir cerca de R$ 300 milhões em Macaé e Campos. Está prevista a aquisição de ativos da Usina Termelétrica Marlim Azul, que vai permitir o acesso ao duto de potenciais clientes de Macaé. Também está prevista a construção de estações para levar o gás natural a pontos mais distantes do Norte Fluminense. Mais R$ 99,4 milhões serão destinados à criação de quatro corredores sustentáveis.
Na Região Serrana, serão investidos cerca de R$ 57 milhões em Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo e Três Rios. O projeto prevê a construção de 48,1 quilômetros de rede de polietileno, com objetivo de aumentar a segurança do sistema de distribuição e interligar malhas não conectadas. Também está prevista a ampliação da capacidade da Estação de Descompressão de Gás Natural Comprimido de Teresópolis, responsável por distribuir o gás no município. Com investimentos previstos de R$ 40,4 milhões, serão criados ainda quatro corredores sustentáveis na região.
No Sul Fluminense, a Naturgy vai investir aproximadamente R$ 25,9 milhões em Porto Real, Itatiaia, Barra Mansa, Barra do Piraí, Piraí e Volta Redonda. O projeto prevê a construção de 4,5 km de rede de polietileno em Barra do Piraí e mais 6,5 km de rede de polietileno interligando as malhas de Barra Mansa e Volta Redonda. Além disso, aproximadamente 11,5 milhões de reais serão investidos para a criação de três corredores sustentáveis, nos municípios de Itatiaia, Piraí e Porto Real.
Na região Litorânea, estão previstos investimentos de R$ 206,8 milhões, que, além de levar o gás natural a um novo município, Araruama, vão reforçar a infraestrutura de gás natural canalizado em Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, São Pedro D´aldeia e Saquarema. A Naturgy ainda vai destinar cerca de R$ 124 milhões para criação de quatro corredores sustentáveis na região.
Poderia detalhar um pouco mais sobre os planos para ampliação dos Corredores Sustentáveis?
Nos próximos dois anos, serão investidos R$ 300 milhões. Coordenada pela Secretaria de Estado de Energia e Economia do Mar, a iniciativa pioneira permite que caminhões e ônibus abasteçam com GNV e trafeguem entre os estados da região Sudeste, emitindo menos gases poluentes e de efeito estufa e, também, gerando menos poluição sonora.
O primeiro corredor foi implantado na Dutra e a rodovia Washington Luís também já conta com postos adaptados. Atualmente, já são 11 postos nas duas rodovias. Com a ampliação do projeto, a expectativa é que outras 16 rodovias que ligam o Rio de Janeiro aos estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo também tenham novos postos adaptados.
Está no planejamento ainda o abastecimento de rodovias estaduais com grande circulação de caminhões, como RJ 104, RJ 106, RJ 124, entre outras. Existem mais de 100 postos de combustíveis nestas rodovias. No nosso mapeamento inicial, identificamos que mais de 30 postos já teriam as condições mínimas para abastecimento de veículos pesados.
Entre as características para atender aos veículos pesados, os estabelecimentos precisam contar com área de manobra e testeira com altura mínima de 6 metros. Além disso, é necessário adaptar o sistema para alta vazão ou investir em novo sistema de abastecimento. Postos que não ainda não abastecem a GNV podem solicitar análise de viabilidade para ligação no site da Naturgy. Está prevista a criação de novos corredores nas cinco regiões do estado. Hoje, já existem 11 postos adaptados na Dutra e na Washington Luís.
A iniciativa está alinhada a políticas de descarbonização das frotas, possibilitando uma matriz energética do transporte mais limpa. Por exemplo, se 1000 veículos pesados substituírem o diesel por gás natural, deixarão de emitir 52 toneladas de CO2 equivalente, o que corresponde à quantidade de CO2 retirada por 200 árvores.
Além de possibilitar o abastecimento de mais caminhões e ônibus com GNV, os Corredores Sustentáveis funcionarão também como âncora para a chegada da rede tronco em novas regiões, possibilitando alcançar futuramente outros mercados potenciais, como: comercial, industrial e residencial. Como exemplo, temos Araruama, município com cerca de 130 mil habitantes, cuja chegada do gás canalizado foi planejada para, inicialmente, abastecer postos de GNV.
Mapeamos a oportunidade de adaptar postos na RJ 106, interligando assim os principais municípios da Baixada Litorânea ao Norte Fluminense e ao estado do Espírito Santo. A partir dessa rede, teremos infraestrutura para levar gás natural a Araruama. Estima-se a possibilidade de atender mais de 48 mil domicílios, cerca de 150 estabelecimentos comerciais e 21 indústrias de pequeno porte.
A abertura de novos mercados a partir desses corredores pode representar uma diversificação do perfil de clientes da Naturgy? Que setores vocês enxergam como mais promissores nesse sentido?
Hoje, 50% do volume de gás distribuído pela empresa no Rio de Janeiro é referente ao GNV. No estado, 1,7 milhão de veículos leves são convertidos para o uso do combustível, ou seja, cerca de 20% da frota. A meta é ampliar o mercado com a expansão do GNV em caminhões e ônibus.
Com a conversão dos veículos pesados, a expectativa é aumentar ainda mais a demanda por GNV no estado. Ao ampliar o mercado para atender a frota pesada, além de estimular o desenvolvimento econômico, o estado contribui para uma solução mais sustentável no transporte de cargas e de passageiros. A substituição do diesel pelo gás natural representa redução de emissão de CO2 em torno de 20%, além de diminuição de mais de 90% de material particulado (fumaça preta), contribuindo para a melhora da qualidade do ar e consequentemente para a saúde das pessoas.
Sabemos que existem cerca de 2.000 caminhões movidos a GNV circulando nas rodovias que interligam os estados do Sudeste diariamente. Para que este número continue aumentando, é preciso investir em infraestrutura de abastecimento e, neste sentido, a Naturgy está desempenhando um papel fundamental.
Como enxerga o papel do gás natural na transição energética do Brasil nos próximos anos, especialmente no contexto do Rio de Janeiro?
Hoje, há uma mudança diária no perfil e na demanda de consumo, com as indústrias e os clientes buscando cada vez mais uma energia mais limpa. Isso nos traz uma oportunidade muito grande, porque o gás natural é a energia da transição. Este é um processo gradual. A descarbonização vai acontecer com a substituição dos combustíveis com maior intensidade de carbono para os de menor. Ao substituir o diesel, por exemplo, por gás natural, você reduz em 25% a emissão de gases de efeito estufa.
Outra grande oportunidade é o uso do gás no transporte pesado, em caminhões e ônibus. O Rio de Janeiro é protagonista no mercado de GNV, com quase 50% dos postos do Brasil e uma frota de cerca de 1,7 milhão de veículos leves convertidos. Isso já representa um grande impacto em termos de descarbonização e temos potencial para ampliar ainda mais.
Nesses 27 anos de concessão no Rio, foram investidos R$ 11 bilhões. Em termos de municípios abastecidos, passamos de um município para 43. Neste período, triplicamos a rede de gás no estado e hoje temos mais de 6 mil quilômetros. Nossa malha é nova, revitalizamos toda a rede e este é um processo contínuo.
Por fim, a Naturgy estuda novos investimentos em outras fontes de energia ou parcerias ligadas à descarbonização?
O Brasil tem uma grande diversidade em todos os tipos de suprimentos. Enxergamos o gás natural atuando de forma combinada com as novas fontes, para garantir a segurança do sistema, até que o biometano e outras novas tecnologias possam alcançar a maturidade já atingida pela indústria do petróleo e gás, para serem produzidas em larga escala. Mesmo nos cenários mais otimistas de descarbonização, inclusive internacionais, não há um futuro sem gás natural pelo menos nos próximos 30 anos.
O gás natural e o biometano, por serem intercambiáveis, são um casamento perfeito. Toda a infraestrutura utilizada hoje na distribuição pode, no futuro, ser aproveitada para injeção de biometano na rede, conforme a nova fonte energética ganhar escala de produção. Por isso, firmamos parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para levantar o potencial de produção e de demanda de biometano no estado do Rio, visando estruturar um panorama inicial do setor. A partir dos estudos, serão definidos futuros investimentos e municípios com melhor perfil para projetos estruturantes.
Em uma futura etapa, o estudo da FGV tem como objetivo apresentar aos municípios mapeados um modelo de negócios com os benefícios em termos de redução de emissões, gestão de resíduos sólidos e potencial de atração de novos investimentos.
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