NAVIO JOÃO CÂNDIDO É FINALMENTE ENTREGUE À TRANSPETRO

Ufa! Depois de quase dois anos de atraso, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) finalmente entrega hoje o navio João Cândido à Petrobrás. A reunião que conta com a presença da presidente da estatal, Graça Foster, não é tão festiva assim. Com 21 encomendas da Transpetro na agenda, o EAS procura novos sócios e é alvo de pressão da Petrobrás.

Quando em março deste ano a Samsung abandonou o estaleiro levando consigo seu expertise, as preocupações só aumentaram. Sérgio Machado, presidente da Transpetro, avalia que o EAS tem estrutura suficiente para montar pelos menos quatro navios por ano, por isso, a produção tem que acontecer. “Demoraram quatro anos para fazer um, mas não podem levar quase um século para entregarem os 22”, afirma ele.

Um dos atrasos na construção de João Cândido deve-se aos problemas que o estaleiro enfrentou com mão-de-obra. Cerca de 3,5 mil trabalhadores foram dispensados desde setembro de 2011. Somente com o petroleiro, o EAS teve prejuízo de R$ 170 milhões. Em 2011, a empresa amargou uma perda de R$ 1,47 bilhão. Para o diretor de Comissionamento do EAS, Paulo Sergio Cardoso, a demora é parte do processo de aprendizagem. Segundo ele, o setor renasce no país e as próximas embarcações tendem a sair com maior rapidez.

Os sócios do EAS procuram um novo investidor. Já se ouviu falar de conversas com asiáticos e até mesmo com a Sete Brasil, contratada da Petrobrás para fornecer sondas de perfuração.

O próximo desafio do estaleiro é agilizar um outro petroleiro chamado Zumbi dos Palmares. Ele tem previsão para dezembro deste ano, quase três anos e meio após o início de sua montagem, em agosto de 2009.

João Cândido tem cheiro de tinta fresca. Entregue hoje, a embarcação conta com 25 tripulantes em uma plataforma de 274 metros de comprimento e capacidade para 1 milhão de barris de óleo. Seu conteúdo nacional chegou aos 70%, sendo 5% a mais do que o exigido. Será sua primeira viagem. O rumo é a Bacia de Campos, Rio de Janeiro, onde será carregado na plataforma P-38. Após, seguirá para o terminal da Transpetro em São Sebastião, São Paulo, distribuindo óleo para as refinarias do estado.”Ele foi totalmente testado em seus equipamentos e sistemas e está pronto para operar”, garantiu Paulo Sergio Cardoso.