NO BRASIL HÁ CINCO ANOS, ECOPETROL QUER SER UMA DAS 10 MAIORES PETROLEIRAS DO PAÍS | Petronotícias




faixa - nao remover

NO BRASIL HÁ CINCO ANOS, ECOPETROL QUER SER UMA DAS 10 MAIORES PETROLEIRAS DO PAÍS

A Empresa Colombiana de Petróleos S.A., Ecopetrol, decidiu em 2006 abrir 10% de seu capital e internacionalizar suas atividades. Abriu subsidiárias nos Estados Unidos, no Peru e no Brasil para começar o processo de expansão das fronteiras, e hoje produz em média 800 mil barris por dia. O objetivo da companhia é ficar entre as 10 maiores em exploração e produção no Brasil e está à espera da abertura de uma nova rodada de licitações da ANP. O diretor-presidente da Ecopetrol no Brasil, João Clark, conversou com o repórter Daniel Fraiha e contou a trajetória da empresa no país e os planos para o futuro.

Como foi a decisão da Ecopetrol de vir ao Brasil?

Foi em 2006, quando a empresa abriu o capital em 10% e decidiu que faria sua internacionalização. A Ecopetrol tem uma longa história, que vem desde 1951, está completando 60 anos neste ano, e é totalmente verticalizada. Ela domina todo o processo, seja a exploração, o desenvolvimento, a produção, o refino, a distribuição, a parte petroquímica, ela domina toda a cadeia de óleo, gás e suprimentos na Colômbia. Como a gente diz: do poço ao posto. E hoje é um grupo empresarial, que além de toda a cadeia petrolífera, também produz petroquímicos, tem empresas de gasodutos, biocombustíveis (biodiesel e etanol) e é composta por 23 empresas ao todo. É uma companhia que tem valor de mercado de 90 bilhões de dólares e que está totalmente saudável financeiramente.

Quais foram as diretrizes para a expansão?

Primeiro é importante dizer que o drive de crescimento da Ecopetrol é a exploração. Como uma empresa vertical de óleo e gás, é isso que determina o rumo dela. Em função da busca de novos mercados, ela passou por um processo de conhecimento, de ganho de experiência e pesquisa. Como a companhia tem um cuidado muito grande com os seus investimentos, depois dos estudos iniciais decidiu investir em países próximos, que tivessem culturas similares e que possuíssem alto potencial. O Brasil tem as três características. A mesma coisa com o Golfo do México e com o Peru.

As linhas de exploração são as mesmas na Colômbia e no Brasil?

A diferença entre o Brasil e a Colômbia é que no Brasil a maioria do óleo está no mar, enquanto lá, fica em terra. A Ecopetrol veio em 2006, quando ainda não havia o pré-sal, e a exploração era regida pelo marco antigo, que era o de concessões. O Brasil estava com um sistema regulatório interessante para a entrada de novos players. A Petrobrás já tinha os blocos, com seus sócios, como British Gás, Petrogal, Repsol e todo mundo estava estudando as áreas do pré-sal, mas sem saber que existia. Ele ainda não tinha sido descoberto.

Mas havia rumores?

Rumores sim. Na verdade o anúncio da descoberta foi em 2006, então teve a oitava rodada da ANP – anulada posteriormente -, que foi o ponto determinante do processo. A partir de então se resolveu mudar o marco regulatório. De lá para cá, tiveram muito poucas rodadas licitatórias. A oitava foi anulada, a nona só teve águas rasas, e a décima foi só onshore, sendo que aconteceu em 2009 e foi a última.

Quando a Ecopetrol veio, ela já se baseava em estudos que levavam em conta o pré-sal?

Não, não o pré-sal. Ela veio para o pós-sal, para disputar o mesmo óleo que estavam todos disputando. O Brasil tinha e tem ainda muito potencial no pós-sal.

Quais foram as áreas de foco da Ecopetrol ao vir para o Brasil?

A estratégia exploratória da Ecopetrol no Brasil se baseia nas bacias de alto potencial, sendo que ela veio ao país para ficar no offshore, e não para trabalhar em terra. Em primeiro lugar, as bacias fortes eram na época as três com maior potencial, que são Campos, Santos e Espírito Santo. Havia um segundo grupo de bacias, que são as em que já há sistemas petrolíferos provados, de descobrimentos e produção, como Sergipe-Alagoas, como Camamu-Almada, bacias onde há a produção de petróleo e gás, mas com um risco maior. E em terceiro lugar, as bacias de novas fronteiras, que são aquelas onde ainda não há grandes produções, a não ser pequenos indícios. No caso da Margem Equatorial, por exemplo, a Bacia Potiguar tem até campos que produzem, no Ceará tem campos que produzem, mas a grande maioria das bacias ainda não tem grandes produções. Só que estamos mudando um pouco, vamos começar a olhar o onshore também, mas o onshore de alto risco, e não esse de campos maduros, porque isso a Ecopetrol já tem na Colômbia e não é o que interessa aqui.

O quê de onshore interessa?

As bacias paleozóicas. São Francisco, Parnaíba, Amazonas, Paraná, Solimões, grandes bacias, mas de alto risco. Só que isso nós ainda estamos avaliando. Eu defendo isso, mas não houve essa decisão corporativa até o momento. Acho que vai haver, mas ainda não houve.

O que estão preparando para a próxima rodada da ANP?

Já sabemos que a próxima de concessões vai ser na Margem Equatorial e vamos entrar forte, porque o nosso portfólio exploratório está diminuindo sensivelmente, como o de todas as empresas. Todas as companhias que estão no Brasil e querem continuar aqui vão entrar forte em qualquer rodada. Os blocos exploratórios têm prazos de exploração e depois você tem que entregá-los. Faz descobertas ou entrega. Depende do que você propõe na sua oferta para o bloco, mas no mínimo você tem que fazer um estudo geológico e geofísico, com aquisição de dados, normalmente de sísmica; no segundo período você é obrigado a furar um poço, pode até furar no primeiro período, mas desde que tenha sido um compromisso da sua proposta. No segundo é obrigatório, passou a essa fase, tem que furar, e, se você não faz uma descoberta, tem que devolver o bloco. Sendo que são três anos na primeira fase, depois dois na segunda e acabou. Como já faz três anos que não tem licitação, todos os blocos já estão no finalzinho do seu período exploratório e vão ter que ser devolvidos. As empresas não têm mais onde trabalhar, então se tiver uma rodada só da Margem Equatorial, todos irão para lá.

A Ecopetrol fez a devolução de blocos?

Devolvemos dois blocos na Bacia do Espírito Santo, em que nós éramos consorciados. Um com a Repsol e com a Statoil e outro com Repsol e a Hess. Gastamos lá milhões, teve poço que foi mais de 180 milhões de dólares e não deu óleo. Então quando acaba um período de exploração e não há descoberta, você é obrigado a devolver. Não é porque você tem um bloco que você vai ter um campo de petróleo. Você vai estudar, vai furar, vai gastar milhões de dólares. Um poço offshore está custando mais de 100 milhões de dólares. E você vai gastar aquilo ali. Hoje um fator de sucesso de mais de 25% já é alto, ou seja, normalmente você tem mais de 75% de chance de encontrar um poço seco. Todas as empresas que estão no Brasil estão com seus portfólios diminuindo, a não ser aquelas que já possuem grandes campos e estão investindo em produção. As outras estão todas esperando que saia uma nova rodada, para aumentar o portfólio exploratório.

Como será o porfólio da Ecopetrol?

Pretendemos ter o portfólio balanceado, em que um bloco seja de menor risco, outro com mais risco, outro com ainda mais… para podermos jogar o jogo. Nós iremos entrar forte no próximo round da ANP, já temos toda uma estratégia para essa rodada de licitações, seja ela onde for. Mas já sabemos que a próxima de concessões vai ser na Margem Equatorial. Já fizemos uma descoberta junto com a Anadarko importante em Campos, que foi Itaúna, e estamos começando agora o segundo poço. É uma descoberta que vai ser testada, então temos um futuro já garantido para desenvolver esse projeto. Nosso interesse é crescer no Brasil, nos tornarmos uma das 10 maiores de E&P no Brasil. Estar entre as 10 maiores. Eu tenho todo o suporte da matriz para fazer isso, para seguir com esse projeto.

A sua vinda para a empresa foi parte de uma nova estratégia?

A minha contratação esse ano visa um novo passo da Ecopetrol, que foi de manter diretoria e gerência local, porque até então eram colombianos, e não tinha equipe aqui. Todo o trabalho era feito lá de Bogotá. Eu coloquei uma equipe técnica e administrativa toda de brasileiros, consultores de alto nível, pessoas que eu conheço do mercado, da minha época de Petrobrás, amigos que dão suporte técnico. E já estamos com uma equipe forte no trabalho de estudos das bacias, principalmente as que serão focos da próxima rodada, tanto pré-sal, quanto pós-sal.

Como a empresa vê as regras de conteúdo local?

Existe uma regra de conteúdo local. A Ecopetrol segue essa regra, é totalmente a favor, achamos que isso é um impulso para o país. Só que ainda é um sistema de difícil mensuração. A parte de medição do conteúdo local ainda é bastante complicada, mas quem está no Brasil tem que se adaptar. É a regra, é a lei, e nós vamos segui-la.

Há planos para começar a operar em campanhas exploratórias aqui?

Nós somos sócios não-operadores em todos os nossos ativos no Brasil, mas temos um plano de, dentro dos próximos anos, operar em águas rasas e depois em águas profundas. É um processo que teremos que aprender, porque como te falei, a Ecopetrol não é uma empresa offshore, e para operar offshore não é brincadeira. Então temos todo esse plano estabelecido em nosso plano de investimentos até 2020. Está tudo no nosso plano de investimentos e um dos objetivos é nos tornarmos operadores, primeiro em águas rasas nos próximos dois anos e depois em águas profundas.

O que o plano de investimentos prevê?

Posso te adiantar que de 2011 a 2020 teríamos de 4 a 5 bilhões de dólares disponíveis, a serem gastos dependendo dos resultados exploratórios. Nossa meta é incorporar, neste período, no mínimo 515 milhões de barris de óleo equivalente (MMboe) em recursos contingentes para a Ecopetrol S.A.

2
Deixe seu comentário

avatar
2 Comment threads
0 Thread replies
0 Followers
 
Most reacted comment
Hottest comment thread
2 Comment authors
otaviano francisco de amorim netoFlavio Fraiha Recent comment authors
  Subscribe  
newest oldest most voted
Notify of
Flavio Fraiha
Visitante

Se existem tantas empresas com apetite para apostar no pré-sal e no pos-sal, por que estamos há 3 anos sem licitações ?

otaviano francisco de amorim neto
Visitante
otaviano francisco de amorim neto

meu nome é otaviano moro em maceió só vejo na televisão propaganda enganosa dizendo que está faltando pessoas qualificadas para o mercado de trabalho pois fui militar pelo exército investi na profissão de segurança mais não é o meu dom aí fiz um curso de plataformista de petróleo e comecei o de técnico em mecânica tranquei por não ter uma oportunidade de trabalho neste ramo pois fico muito triste com essas reportagem tenho outros cursos como de empilhadeira vigilante porteiro ensino médio completo gostaria muito de seguir essa carreira por favor á empresa que poder mim dá uma oportunidade estou… Read more »