NO AUGE DA MAIOR CRISE DA ECONOMIA MUNDIAL, SIDERÚRGICAS ANUNCIAM DOIS AUMENTOS SUPERIORES A 10% EM ABRIL E MAIO
Lei da oferta e da procura. Essa máxima liberal não se aplica ao mercado do aço no Brasil, onde pouquíssimas empresas dominam a produção. Apesar do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) atuar no combate aos cartéis, as grandes empresas siderúrgicas parecem não se importar com essas leis para combinar seus próprios valores e épocas para reajustar seus preços. E pronto, acabou-se. Comprar no mercado externo seria uma solução para o setor, mas ainda assim essa grande indústria brasileira ainda recebe benefícios previstos por uma lei federal anti-dumping. Um subterfúgio que ainda está passando sem a devida percepção apurada do Ministro da Economia, Paulo Guedes (foto). Se um empresário brasileiro for buscar alternativas mais baratas em mercados como Índia, Turquia ou China, ele é punido com multas e ainda experimenta um mergulho nas águas congeladas de uma piscina de regulamentos burocráticos quase intransponíveis. Ele pode até mergulhar. O duro é chegar do outro lado são e salvo. Tudo foi construído para desestimula-lo a comprar mais barato.
O exemplo de agora é o reflexo real desse mercado dominado por quatro gigantes: Usiminas, Gerdau, CSN e Arcelor Mittal. No final da semana passada, os grandes distribuidores no Brasil, já receberam a informação de que o aço plano receberia dois aumentos de mais de 10% cada um nos meses de abril e maio. Essas companhias parecem viver num mundo onde o Coronavírus e a queda abrupta dos preços do petróleo não passou. A economia mundial está sendo sacudida pelo pescoço recebendo diretos no estômago, quase sem respirar, num mergulho profundo em apneia, e essas grandes siderúrgicas anunciam, um aumento de preços superior mais 10 vezes a inflação anual.
Tão logo as empresas distribuidoras foram comunicadas, elas passaram esta informação para seus clientes. Foi um alvoroço no mercado. Isto porque em novembro de 2019, a siderúrgica Gerdau teve um aumento nos preços de 8% a 12% para os produtos de aço longo no Brasil a partir de janeiro deste ano. A Usiminas teve um aumento de quase 13 % em maio de 2019. Sobre os preços dos aços planos para a rede de distribuição, efetivamente estava previsto um novo reajuste para este mês de março, o que acabou não acontecendo. As empresas falavam em novo aumento, justamente porque a elevação praticada não teria sido suficiente para recompor o prêmio, em virtude tanto da valorização do preço no mercado internacional, como da taxa de câmbio.
Mas agora, diante de uma crise sem precedentes na história mundial, muito superior a de 2018, onde milhares de empresas podem desaparecer e milhões de empregos ser eliminados, um aumento nos preços do aço é absolutamente incoerente, ultrajante e anti-patriótico. Não demonstra qualquer respeito com a comunidade econômica nacional. Os clientes dessas distribuidoras de aço no Brasil, estão antevendo uma desordem no mercado. Embora agora tudo esteja parado comercialmente, os vários equipamentos e as tubulações contratadas já foram vendidos e projetados com base no preço atual. Um aumento desses sem justificativa, compromete a rentabilidade das vendas dessas empresas, causando um enorme transtorno em um mercado que aprendeu a contar centavos.
O Petronotícias, que recebeu as informações distribuidoras e de empresas do mercado de bens de consumo, também estranhou o momento desses aumentos muito acima da inflação, justamente em épocas de petróleo em queda e da maior epidemia que o ser humano enfrentou nos tempos modernos. Uma contaminação que elimina empregos, mata empresas e deixa a economia em frangalhos. Ninguém sabe o que vai acontecer. Nós procuramos tanto a Usiminas quanto a Gerdau para entender a lógica e as razões desses aumentos neste momento. Embora tenha prometido um posicionamento até a hora do fechamento dessa reportagem, a Gerdau, através de sua assessoria de imprensa, não enviou qualquer comunicação. No início da noite de ontem (24), a Usiminas respondeu de forma que revela e corrobora o estilo da empresa na relação com seus clientes: “A Usiminas não comenta sua política de preços”.
Absurdo completo. O Bolsonaro vai para televisão pedir para os empresários não pararem e nós, empresários do setor metal mecânico, estamos tentando a todo custo evitar uma paralização. Mas está difícil, principalmente com esse aumento absurdo. Será que o Governo tomará alguma ação para evitar que isso aconteça?