NOVA ASSOCIAÇÃO NO ESPÍRITO SANTO BUSCA FOMENTAR NEGÓCIOS DENTRO DO SETOR CAPIXABA DE ÓLEO E GÁS
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
O setor de óleo e gás no Espírito Santo deve ganhar um novo impulso ao longo dos próximos anos. A promessa da Petrobrás é investir R$ 15 bilhões no estado até o ano de 2023. De olho nas futuras oportunidades, um grupo de empresários lançou recentemente a Associação Capixaba das Empresas de Serviços de Petróleo (Acespetro). O presidente da entidade, Manoel Passos, revela que a atuação da organização não ficará restrita às companhias de maior porte. “É preciso ampliar o número de empreendedores, empresários de pequeno, médio e grande porte para atender a demanda da cadeia produtiva do mercado onshore e offshore”, afirmou. “Depois da crise da Lava Jato, a própria Petrobrás e as multinacionais, devido ao compliance, estão entendendo que tem que fazer uma nova lista de empresas prestadoras de serviço. A Petrobrás tem que identificar quem são os novos empreendedores e a nova engenharia no país”, complementou. Entre as próximas ações previstas no planejamento estratégico da Acespetro, estão a participação na rodada de negócios que acontecerá na OTC Brasil, no Rio de Janeiro, em outubro, além de compor a delegação brasileira que viajará rumo à OTC Houston 2020.
Gostaria que começasse falando da origem da associação.
Com o novo governo que entrou em 2019, através da ADERES (Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo do Espírito Santo), buscamos uma parceria para desenvolver uma nova associação, que foi fundada oficialmente em 17 de abril de 2019.
Nós identificamos que o Sistema Petrobrás, que é o maior demandador de serviços do setor, tem serviços para o empreendedor e também para o pequeno, médio e grande empresário. Eu observo que aqui no Estado tem poucas empresas focadas no óleo e gás e há demanda para todos. Então, nós criamos um novo rito a ser cumprido, com um novo estatuto, para que o empreendedor MEI possa ser associado, assim como o pequeno empresário da área comercial também. Toda a cadeia produzida pode ser abrangida. A curto e médio prazo, já estamos hoje com cerca de 72 associados. Foi um case de sucesso. Automaticamente, o governo do Estado chancelou essa parceria, através da Secretaria de Desenvolvimento e da Aderes.
Quais são os objetivos centrais da entidade?
A Acespetro é uma associação civil sem fins lucrativos. O seu objetivo é unir os empreendedores. Temos muitos empreendedores já empreendendo, não qualificados como empresários. Esse filão tem que ser aclamado. Nosso objetivo é criar o ambiente favorável para que o empreendedor tenha retorno em seus investimentos, com uma nova vertente que possa aclamar. Estamos criando e promovendo o ambiente legítimo da associação em diferentes esferas (federal, estadual e municipal) para nós mostrarmos que existe empreendedor aqui no estado. E que para este empreendedor existe um grande filão. A ideia é promover este empreendedor para a cadeia produtiva, tanto para as IOCs e também para as NOCs.
A Petrobrás lançou, recentemente, um edital de fomento com valores que vão de R$ 500 mil a R$ 1,5 milhão, abrangendo startups, MEI, micro e médio empreendedores, para desenvolver produtos de pesquisa. A operadora, que tem a demanda, também está vendo que tem como aclamar e aportar para que o empreendedor possa ser um grande empresário dentro da cadeia produtiva. Depois da crise da Lava Jato, a própria Petrobrás e as multinacionais, devido ao compliance, estão entendendo que tem que fazer uma nova lista de empresas prestadoras de serviço. A Petrobrás tem que identificar quem são os novos empreendedores e a nova engenharia no país.
Como estão os negócios em O&G no Estado do Espírito Santo?
O Espírito Santo ocupa 0,54% da extensão territorial do Brasil. É o terceiro maior produtor de petróleo e gás do país, com mais de 335 mil barris por dia. Éramos o segundo até janeiro deste ano. O estado abrange 60% do PIB nacional em um raio de 1.000 km. Temos uma economia aberta ao exterior em diversos segmentos e somos muito bem recebidos no mercado local e internacional. Mas é preciso ampliar o número de empreendedores, empresários de pequeno, médio e grande porte para atender a demanda da cadeia produtiva do mercado onshore & offshore.
O Espírito Santo será o primeiro com BID de descomissionamento da Petrobrás, no campo de Cação. A economia vai girar através deste grande filão, que é o descomissionamento. Isso é um ponto positivo. Nós também somos protagonistas do REATE. Temos diversas empresas operadoras independentes aqui no Estado, como Imetame, Vipetro e Bertek. No filão de gás, o ex-secretário de desenvolvimento do Estado, Heber Resende, é o presidente da ES Gás, distribuidora de gás natural do Espírito Santo que iniciará suas atividades efetivamente em 2020 e que vai gerar 37 mil postos de empregos diretos, indiretos e diversas prestações de serviços. É um grande momento. O Espírito Santo tem tudo para se desenvolver cada vez mais.
Estou há 7 anos como empresário no Espírito Santo e conheço a história do estado, que ao longo dos anos ficou muito focado no setor metal e mecânico, atendendo a Vale, Samarco e ArcelorMittal. Ele nunca observou o filão de petróleo e gás. Só que entre 2013 e 2017, o mercado desabou globalmente, atingindo a indústria metal e mecânica. Todas as commodities caíram. O mercado só começou a voltar em 2017, por meio dos novos leilões. Só então que o estado percebeu as oportunidades do mercado onshore & offshore. A partir de então é que se começou a buscar um conhecimento para este mercado.
Hoje, alguns órgãos do Estado são capitaneados por pessoas que não só de óleo e gás. Isso faz com que o Espírito Santo não desenvolva. Então, o grande desafio é investir em gestores de óleo e gás, de engenharia, do corporativo, assim como acontece em outros locais, como Macaé, Rio, São Paulo, Bahia, Sergipe. O grande desafio capixaba é sair da caixa provinciana. Precisamos de stakeholders que conheçam realmente esse mercado, para que estes tragam empresas internacionais [para o estado].
Como avalia as ações do MME e do governo no sentido de reanimar a indústria de O&G?
Nós chegamos a este novo mercado pela expertise do Márcio Felix [Secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia] e também do Décio Oddone [Diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo]. Não fosse essas duas pessoas protagonistas, o mercado continuaria a desabar. Quando o ministério criou os novos leilões, junto com a ANP, houve um boom do petróleo. Vai jorrar petróleo daqui em diante. O MME e a ANP são dois grandes protagonistas para esta realidade que temos hoje, desenvolvendo o novo marco do onshore (Reate), o novo marco do descomissionamento e o novo marco de exploração e produção.
Pode nos revelar os principais planos de ação para este ano e o próximo?
Vamos realizar o primeiro encontro dos familiares e amigos da Acespetro, para que todos possam se conhecer melhor, no dia 31 de agosto. Neste dia, teremos a entrega de uma placa do governo do Estado para cada associado. Nosso objetivo será agraciar o associado e mostrar sua importância para o setor produtivo de óleo e gás.
Nossa segunda ação será no dia 5 de setembro, com o workshop “Abertura, Competitividade e Transição para o Novo Mercado de Gás”. Acompanhando o mercado de gás e queda do monopólio, vamos trazer alguns líderes de associações e pessoas do mercado para conversar com os capixabas, mostrando onde acontecerão as oportunidades.
A Acespetro terá ainda uma missão empresarial para participar da rodada de negócios dentro da OTC Brasil, organizada pela ONIP e SEBRAE RJ, no dia 30 de outubro. Serão 28 empresários. Vamos também participar do Workboatshow, entre os dias 4 e 6 de dezembro, em Nova Orleans (EUA). Já em 2020, estaremos em uma delegação internacional, com outras entidades de classe e órgãos governamentais, em direção à OTC Houston. E para fechar com chave de ouro, vamos ser expositores na MEC SHOW no Espírito Santo, em agosto de 2020, para fortalecer essa feira de grande renome.
Quais são as expectativas no médio e longo prazo dentro do setor de óleo e gás?
A médio e longo prazo, participar das inovações tecnológicas que a Petrobrás está desenvolvendo agora, em termos de parceria neste edital nacional com o Sebrae. Estamos todos envolvidos em submeter projetos. Nosso maior desafio, em relação ao futuro, é a permanência da TechnipFMC no Espírito Santo. Este é um assunto que tenho discutido muito com a Secretaria de Desenvolvimento. Estou pedindo a pauta com a Petrobrás, com a Technip e com o MME. Estamos falando de 2.000 empregos diretos. É uma grande preocupação nossa.
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