NOVA EDIÇÃO DAS OLIMPÍADAS NUCLEARES BRASILEIRAS TERÁ FOCO EM EMPREENDER, INOVAÇÃO E MENTORIAS
A nova edição das Olimpíadas Nucleares Brasileiras chega com novidades que prometem aproximar ainda mais a academia da indústria e estimular a criação de soluções inovadoras para o segmento nuclear. O Hackapower 2025, organizado pela Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), vai propor aos participantes três desafios focados em aplicações práticas da energia nuclear: soluções para a aplicação da fonte em ambientes marítimos, gestão e reaproveitamento de materiais radioativos naturais e aplicação da radiação para aumentar a durabilidade dos alimentos. Uma das novidades deste ano é que todas as equipes poderão contar com mentores especializados em empreendedorismo e inovação. “Esperamos acelerar e facilitar e geração de ideias inovadoras e a proposição de projetos com grandes chances de serem desenvolvidos e aproveitados pela indústria”, disse Patricia Wieland, diretora do Hackapower. As Olimpíadas Nucleares Brasileiras estão abertas para estudantes de graduação e pós-graduação de qualquer curso (tecnológico ou não) em universidades reconhecidas pelo MEC. “Ao trabalharem em equipes com múltiplas perspectivas para solucionar um desafio com prazo determinado, os alunos irão aprimorar o espírito de colaboração, disciplina e foco no objetivo”, destacou Eliene Silva, diretora da competição. O Hackapower contará com empresas como a ITAIPU PARQUETEC que contemplará os vencedores com uma visita às instalações em Foz do Iguaçu. O lançamento dos desafios acontecerá durante a feira NT2E, de 20 a 22 de maio, no Rio de Janeiro. Já a premiação ocorrerá no evento Nuclear Legacy, em outubro de 2025, em Brasília. As regras da competição estão disponíveis neste link. Já as inscrições podem ser realizadas no site oficial da competição.
Para começar, poderiam contar aos nossos leitores quais serão as grandes novidades desta edição do Hackapower?
Patrícia – A terceira edição das Olimpíadas Nucleares Brasileiras traz o Hackapower com temas atuais, buscando a interação da indústria e academia na solução de desafios. Como nas edições anteriores, é uma experiência intensa que transforma a visão dos universitários e abre caminhos para ideias inovadoras. E aí é onde está a grande novidade deste ano. Todas as equipes poderão contar com mentores especializados em empreendedorismo e inovação. Esperamos que acelerar e facilitar e geração de ideias inovadoras e a proposição de projetos com grandes chances de serem desenvolvidos e aproveitados pela indústria.
Observamos o apoio crescente para a realização do Hackapower pela ABDAN, indústrias do setor nuclear brasileiro e das universidades.
Agora, gostaria de falar sobre os três desafios desta edição. Primeiro, na área de energia, poderiam comentar sobre a escolha do tema de aplicação da energia nuclear em ambientes marítimos?
Eliene – A escolha dos temas considera as tendências tecnológicas, potencial de inovação, multidisciplinaridade de áreas de atuação para colaboração cruzada, e potencial interesse tanto pela academia quanto pela indústria ou centros de pesquisa. Nosso objetivo é contribuir para abrir caminhos para o primeiro emprego dos universitários, ao mesmo tempo que promovemos a ciência, tecnologia e inovação e os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), reforçando com redes de colaboração de abrangência nacional e promovendo o desenvolvimento de soluções inovadoras e exequíveis para a indústria.
Patrícia – A energia nuclear nasceu no mar e o potencial de aplicação dessa tecnologia nesse ambiente é enorme. Seja para propulsão de embarcações, geração de energia em portos, operações offshore de petróleo e gás, ou até dessalinização de água do mar, os microreatores nucleares são uma alternativa viável para a descarbonização do setor marítimo e a redução de custos operacionais. Este é um tema que está sendo cada vez mais difundido e certamente veremos grandes ideias para o seu desenvolvimento.
Na área de sustentabilidade, parece bem pertinente o tema de gestão e reaproveitamento de materiais radioativos naturais, já que este é um dos principais dilemas do setor. Como os participantes do Hackapower poderão contribuir com essa discussão?
Eliene – A gestão e o reaproveitamento de materiais radioativos de ocorrência natural (NORM) representam um desafio urgente, não só no setor nuclear, mas também em indústrias como petróleo, gás e mineração, que contribuem significativamente para a geração de NORM. Esses resíduos contêm recursos valiosos, como os elementos terras raras, que, se bem geridos, podem ser transformados em matérias-primas para tecnologias avançadas, promovendo um ciclo produtivo mais sustentável. O potencial de inovação nesse campo é enorme, com resultados significativos na redução de impactos ambientais e no aumento da eficiência no uso desses recursos. O Hackapower oferece uma oportunidade única de desenvolver soluções criativas e eficazes para a gestão otimizada do NORM, contribuindo para a reutilização segura desses materiais e o avanço de diversas indústrias, além de fortalecer os ODS, especialmente aqueles relacionados à produção e consumo responsáveis.
Por fim, no segmento de preservação de alimentos, essa é uma aplicação ainda muito pouco debatida no país. De que forma os trabalhos desenvolvidos no Hackapower poderão abordar esse tema?
Patrícia – A preservação de alimentos utilizando elétron e raios-X é uma grande tendência mundial para combater perdas e desperdícios, garantir a segurança do alimento e atender requisitos fitossanitários para exportação. Aqui temos uma grande variedade de abordagens possíveis para o desenvolvimento da solução do desafio, desde o ponto de vista da tecnologia em si, até a visão econômica de mercados nacionais e internacionais, passando por gestão integrada de projeto para instalação de centros de irradiação no país.
Podem resumir como será a dinâmica da competição?
Patricia – Ainda em maio os inscritos assistirão palestras preparatórias sobre gestão de projetos, empreendedorismo, inovação, como fazer um pitch de sucesso e sobre uma visão geral da área nuclear brasileira. Durante a NT2E, os desafios serão lançados pelos mentores e as equipes começam a se organizar e planejar o trabalho a ser feito. Nas equipes haverá um rodízio de líder, redator e avaliador interno, de forma que todos tenham a oportunidade de atuar nessas posições.
Haverá reuniões de acompanhamento com os coordenadores mensalmente, quando os líderes de equipe apresentarão o andamento do projeto.
Em setembro, as equipes entregam o artigo técnico escrito e um vídeo. Um painel de avaliadores irá pontuar conforme com os critérios: aderência ao tema; compreensibilidade do material entregue; estruturação lógica; coleta de dados bem desenvolvida que tem o suporte de evidências específicas; e criatividade e inovação nas conclusões.
Quais são os tipos de estudantes que podem participar? E quais os aprendizados e experiências os participantes terão ao longo da competição?
Eliene – As Olimpíadas Nucleares Brasileiras estão abertas para estudantes de graduação e pós-graduação de qualquer curso (tecnológico ou não) em universidades reconhecidas pelo MEC em qualquer Estado do Brasil. O candidato deve ter idade maior ou igual a 18 anos e deve residir no Brasil.
O grande aprendizado será obter uma visão ampla de questões prementes para o desenvolvimento nacional, seja em energia, meio ambiente e alimentos. Ao trabalharem em equipes com múltiplas perspectivas para solucionar um desafio com prazo determinado, os alunos irão aprimorar o espírito de colaboração, disciplina e foco no objetivo. Com o apoio de mentores irão interpretar situações complexas, aplicar conceitos, sintetizar novas ideias e analisar criticamente as opções e riscos.
Certamente ao final ficarão orgulhosos em comunicar objetivamente as soluções para os desafios.
Poderia compartilhar conosco histórias de sucesso de participantes de outras edições?
Eliene – Com certeza! Ao longo das edições das Olimpíadas Nucleares Brasileiras, tivemos histórias muito inspiradoras de superação e impacto profissional. Um exemplo é a própria Jadna Mendes, que hoje é a coordenadora geral da ONB. Ela participou da primeira edição em 2023 enquanto ainda estava no doutorado e cuidava de um filho pequeno. No início, pensou em desistir, mas seguiu em frente com o apoio da equipe e chegou à final com uma pontuação muito próxima da vencedora. A experiência foi tão marcante que, no ano seguinte, ela assumiu não só a coordenação do tema Energia, como também a Coordenação Geral da Olimpíada. Para ela, foi um crescimento pessoal e profissional enorme.
Também tivemos a Suelen Cristina Oliveira, vencedora da edição de 2023. Doutoranda em Engenharia Nuclear e mãe, ela integrou a equipe Amaná, responsável por um projeto inovador em energia nuclear sustentável. A vitória trouxe grande visibilidade, abriu portas para colaborações e apresentações, e impulsionou ainda mais sua atuação no setor, com foco em soluções estratégicas para o país.
Patricia – Outro destaque foi João Vitor, estudante de graduação em Engenharia Nuclear na UFRJ. Ele participou da equipe campeã de 2023 e relatou que a ONB foi seu primeiro projeto em equipe de longa duração. A experiência o ajudou a desenvolver habilidades como comunicação, trabalho em grupo e gestão de tempo, além de aprofundar seu interesse pela ciência e pela área nuclear.
E não posso deixar de mencionar a Larissa Pinheiro, doutora em Engenharia Nuclear, cientista de dados e cofundadora de uma startup. A Olimpíada foi uma ponte importante para que ela e sua equipe desenvolvessem um projeto sustentável, que chegou a ser levado para a indústria. Essas são apenas algumas histórias que mostram o potencial transformador das ONBs na vida dos participantes e o quanto essa iniciativa tem contribuído para formar lideranças na área nuclear.
Excelente oportunidade!