NOVAS TECNOLOGIAS ESTÃO AUMENTANDO A EFICIÊNCIA DOS RADIOFÁRMACOS NA EVOLUÇÃO DA MEDICINA NUCLEAR NO MUNDO
A produção eficiente de radioisótopos médicos e o desenvolvimento de novos radiofármacos estão conduzindo à melhores diagnósticos e à terapias mais eficazes para muitos tipos de câncer e outras doenças. Como resultado, a procura de radioisótopos, que são produzidos principalmente através de reatores ou aceleradores de investigação, continua a crescer, e o número de radiofármacos em utilização clínica está aumentando rapidamente. Os radioisótopos médicos podem salvar vidas quando são preparados e administrados adequadamente”, disse Melissa Denecke (foto principal), Diretora da Divisão de Ciências Físicas e Químicas da Agência Internacional de Energia Atômica. Os Radioisótopos médicos são elementos radioativos que, quando ligados a moléculas específicas em formulações farmacêuticas, emitem radiação facilmente rastreável, o que os torna úteis para diagnósticos médicos. Eles também podem ser usados para fins terapêuticos, visando tecidos tumorais para tratar cânceres, como os de próstata, mama ou intestino.
Os radiofármacos de diagnóstico contendo radioisótopos que emitem radiação gama podem atingir órgãos, tecidos ou células específicos. Eles são administrados aos
pacientes por injeção, inalação ou oralmente para produzir imagens dos órgãos ou tecidos alvo usando uma câmera externa não invasiva que detecta raios gama. Os radiofármacos terapêuticos contêm radioisótopos emissores de partículas que se acumulam nos tecidos-alvo para matar as células cancerígenas. Os reatores de pesquisa são a principal fonte de produção de radioisótopos médicos, incluindo molibdênio-99 (Mo-99), iodo-131 (I-131) e hólmio-166 (Ho-166), entre outros. O I-131, usado para diagnosticar e tratar o câncer de tireoide, foi um dos primeiros radioisótopos produzidos em um reator de pesquisa no início da década de 1940. Embora sejam produzidos cerca de 35 radioisótopos médicos, o Mo-99 representa a maior parte. É o isótopo original do tecnécio-99m (Tc-99m), que é utilizado em cerca de 85 % dos procedimentos de medicina nuclear em todo o mundo para o diagnóstico de câncer e doenças cardíacas, cerebrais e ósseas – ou seja, até 50 milhões de procedimentos de medicina nuclear por ano.
O lutécio-177 (Lu-177) é outro importante radioisótopo baseado em reator de pesquisa. “O Lu-177 é a base para a produção de radiofármacos terapêuticos utilizados para tratar pessoas com dores ósseas e cancros da próstata, do estômago e do intestino”, disse Renata Mikołajczak(foto a esquerda), investigadora do Centro de Radioisótopos POLATOM do Centro Nacional de Investigação Nuclear da Polônia. “Pelo menos 20 novos medicamentos usando Lu-177 estão em preparação em todo o mundo.” Em maio de 2023, a AIEA lançou um projeto de investigação coordenado para desenvolver novos radiofármacos para terapia do cancro utilizando Lu-177. “Desenvolvimentos recentes em radioterapêuticos baseados em Lu-177 transformaram a gestão do tratamento de tumores neuroendócrinos e cancros da próstata – com melhores resultados para os pacientes”, segundo Aruna Korde( foto a direita), cientista radiofarmacêutica da AIEA. “No entanto, permanecem lacunas na nossa compreensão do comportamento biológico dos radiofármacos terapêuticos marcados com Lu-177”, acrescentou ela. O projeto de pesquisa coordenado visa identificar e abordar fatores que podem limitar a eficácia desses radioterápicos. Irá desenvolver e realizar a avaliação pré-clínica dos radiofármacos Lu-177 para avaliar o seu potencial para combater alguns dos principais cancros. Também fornecerá diretrizes para radiomarcação e avaliação de qualidade, segurança e eficácia de radiofármacos à base de Lu-177.
A realidade é que apenas 40 países possuem reatores de pesquisa capazes de produzir radioisótopos. E cerca de 25 estão produzindo ativamente radioisótopos para aplicações médicas. O projeto brasileiro já se arrasta há muitos anos e precisa de incentivos governamentais para que ele esteja pronto e preparado para produzir radiofármacos no Brasil. Uma outra alternativa é proporcionar espaço para que as empresas privadas possam fazer no país. Por enquanto o Brasil é uma espécie de refém nesse setor da Rússia, África do Sul e Holanda, de onde importam os radiofármacos distribuídos no Brasil. O projeto básico do nosso reator foi desenvolvido em conjunto entre a CNEN e a empresa INVAP da Argentina, sendo os projetos de concepção e básico das edificações e estruturas físicas do Empreendimento RMB desenvolvidos pela CNEN com a empresa brasileira contratada INTERTECHNE Consultores. O projeto de engenharia detalhado do reator foi realizado pela empresa INVAP e as estruturas e sistemas convencionais foi realizado pela empresa brasileira AMAZUL
A AIEA fornece conhecimento e experiência a países de todo o mundo sobre como utilizar reatores de investigação para desenvolver e fabricar estas ferramentas cruciais para diagnóstico e tratamento. A agência também apoia os países na produção de radioisótopos que utilizam reatores de investigação, não só para fins médicos, mas também para fins industriais e de investigação e desenvolvimento. Desenvolve publicações de orientação, convoca reuniões técnicas para troca de informações e know-how, organiza projetos de pesquisa coordenados envolvendo instituições de pesquisa em múltiplas. Os reatores de pesquisa fornecem uma fonte segura e estável de isótopos importantes para aplicações médicas, incluindo radiofármacos, mas também fontes terapêuticas de radioisótopos, como a braquiterapia e a esterilização de dispositivos médicos. E no Brasil, os responsáveis por desenvolver o setor estão com o perfil do sertanejo, esperando tempo bom.
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