NOVOS INVESTIMENTOS EM AQUISIÇÕES DE ATIVOS PODEM IMPULSIONAR RETOMADA DE PROJETOS NA CADEIA NACIONAL DE ÓLEO E GÁS
Por Luigi Mazza (luigi@petronoticias.com.br) –
Ao passo que a crise do setor de óleo e gás indica ter atingido seu auge, o momento é de semear novas oportunidades e garantir projetos de investimento para um cenário de retomada ao longo do próximo ano. Os impactos financeiros ainda pesam sobre os negócios, mas a tendência é de que a baixa do real e a grande oferta de ativos no mercado atraiam novos investidores estrangeiros e ampliem a movimentação de aportes a médio prazo para o setor. É com essa visão que vem trabalhando hoje a Rio Capitals, consultoria especializada no setor de petróleo e gás que auxilia a entrada de empresas internacionais na indústria brasileira e aposta na diversificação de serviços para atender às novas demandar por cooperação no segmento. De acordo com o sócio-diretor da empresa, Bernardo Medina, atualmente o principal fluxo de oportunidades vem de companhias nacionais interessadas em vender seus negócios, enquanto a busca por parcerias de investimento aponta para um ambiente propício à concretização de novos projetos na cadeia brasileira de fornecedores. Com empresas locais a baixo custo, a expectativa é de que o mercado impulsione um maior volume de aquisições e aportes em representações comerciais no país, com foco principal no desenvolvimento de tecnologias para garantir maior competitividade no atual cenário de baixas demandas. “Aquele que tiver paciência para comprar uma empresa pequena vai se fortalecer a longo prazo. Este talvez seja o melhor momento para investir, porque, em termos de moeda e custo de empresas, não ficará mais barato.”
Quais são os serviços prestados hoje pela Rio Capitals no mercado de óleo e gás?
Nós percebemos hoje nesse mercado a necessidade de avaliações de valor, porque em geral os donos não sabem quanto valem suas empresas. Essa é uma informação que muitas vezes precisa ser ajustada, no caso de pequenas e médias empresas, e é crucial antes de se fazer uma parceria, joint-venture, fusão ou aquisição. Outro serviço que fazemos é intermediar a compra e venda de empresas, sejam brasileiras ou estrangeiras. Representamos o interesse de uma das partes nos cuidados dos aspectos estratégicos e financeiros da transação, da pesquisa inicial até o fechamento do contrato. Além disso, temos atuado no suporte a companhias estrangeiras que querem se instalar no Brasil, tanto para começar do zero quanto para abrir representação comercial ou adquirir uma pequena empresa. Nós ajudamos por meio da elaboração de planos, fazendo levantamentos financeiros e mostrando o melhor caminho a ser seguido no mercado.
Como estão as demandas por esses serviços em meio à crise do setor?
Nós sentimos uma desaceleração forte no último ano em função da crise. As empresas perceberam que, além da barreira cultural, existem dificuldades para fazer negócios no Brasil em um primeiro momento, então elas sabem a importância de ter um parceiro local. Mas não basta ser representante, porque também há a necessidade de conteúdo local. Por isso o caminho das aquisições vinha sendo bastante explorado, principalmente com a baixa do real. O Brasil está barato, e não vai ficar mais barato do que isso. Aquele que tiver paciência para comprar uma empresa pequena ou média vai se fortalecer a médio e longo prazo, porque a riqueza mineral existe e o petróleo está lá.
Essa movimentação já aponta hoje para uma melhora no mercado?
Nós estamos hoje no olho do furacão, tendo em vista os acontecimentos das últimas semanas, mas mesmo assim essa movimentação tem acontecido. Ela diminuiu, mas existe. Este talvez seja o melhor momento para investir, porque, em termos de moeda e custo de empresas, não ficará mais barato.
Qual vem sendo a principal demanda das empresas nesse setor?
Hoje o maior volume vem das empresas brasileiras que querem vender um negócio inteiro ou parte dele. Muitas empresas estão com dificuldades nos negócios, e algumas também buscam parceiros tecnológicos. Esse é um movimento que tem ocorrido, porque às vezes o dono não quer vender o negócio, mas precisa de um sócio, então ele busca uma empresa que não traga só dinheiro. Ele quer um parceiro que venha com tecnologia e possa ser mais uma peça no quebra-cabeça.
Como é a atuação da Rio Capitals nesses casos?
Nós atuamos conforme a demanda do cliente. Se precisar de um parceiro tecnológico, nós montamos um plano estratégico e avaliamos quais podem ser adequados à empresa. As companhias mais inovadoras se descolam das outras e já vêm se sobressaindo.
Há hoje uma maior procura por serviços de compliance?
O que nós percebemos, principalmente pelo cadastro da Petrobrás (CRCC), é que as exigências de comprovação nessa área estão um pouco mais sérias, mas ainda é algo incipiente. A Petrobrás está pedindo que demonstrem boas práticas e comprovem isso, mas uma mudança que não seja só no papel vai depender muito dos desdobramentos dessa crise política. Se os responsáveis por desvios forem punidos, por exemplo, a mensagem para o mercado vai ser mais forte.
Em meio a esse cenário, como tem se dado o interesse de empresas estrangeiras em abrir negócios no Brasil?
O empresário de fora faz a conta e, se investe no Brasil, é por dois motivos: ou porque tem petróleo, ou pelo fato de ser um mercado emergente, que ainda não está saturado para certos produtos. Ele pode pensar no Brasil, mas há outras opções de países que, nos indicadores atuais, estão em um melhor momento. Até mesmo a Argentina, que embora não tenha um mercado forte, está hoje em uma linha ascendente. Mas as nossas reservas são muito sólidas e a Petrobrás tem um histórico robusto. A movimentação de negócios não parou.
A Rio Capitals avalia que deve haver um aumento nos índices de aquisição de empresas desse setor por investidores estrangeiros?
O que pode acontecer nos próximos meses depende de três fatores: o dólar, o preço do barril e a crise política. É olhando para os três que uma empresa vai acelerar ou recuar sua movimentação de adquirir negócios. Em geral, comprar empresas é o caminho mais rápido para se expandir em novos mercados, mas alguns investidores têm optado por não fazer a compra e estabelecer uma cooperação. É um primeiro passo que permite ganhar confiança, porque o resultado financeiro não é grande.
De que forma têm sido feitas essas cooperações?
Elas podem ser feitas de várias formas. Pode ser uma representação comercial, assim como acordo para fabricação sob licença. Nós trabalhamos com uma empresa estrangeira de vedações, por exemplo, que cede equipamentos para uma empresa brasileira, concedendo o know-how do produto. Isso permite a diminuição de risco para os dois lados, mas principalmente para a empresa de fora, porque o aporte é muito pequeno. Com a representação comercial, a importação é feita diretamente, mas isso não vem sendo atrativo por causa da alta do dólar, que faz com que os produtos fiquem caros.
Como as empresas podem hoje acelerar uma retomada do mercado?
Idealmente, as empresas devem atender a mais de um setor para não depender unicamente da cadeia de óleo e gás, mas em alguns casos não é possível. O que precisamos insistir é na questão da inovação. Os negócios não somem, apenas diminuem, e a empresa que inova hoje se sobressai e garante uma quantidade maior de clientes.
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