NUCLEP MIRA EM NOVOS CONTRATOS DE CONSTRUÇÃO NAVAL E ENTREGARÁ EQUIPAMENTOS DE ANGRA 3 ATÉ ABRIL
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
A Nuclep se prepara para entregar os últimos equipamentos encomendados para a usina de Angra 3. O presidente interino da companhia, Carlos Henrique Silva Seixas, afirma que os produtos serão encaminhados à usina até o mês de abril. Também está no planejamento da empresa participar do processo de montagem dos condensadores da central nuclear. Além disso, a Nuclep almeja ampliar sua participação no setor de naval. Seixas afirma que há o interesse em construir a Corveta classe Tamandaré (navio de guerra) para a Marinha. A Nuclep tem ainda outros contratos em andamento com o braço naval das Forças Armadas, como os de entrega de submarinos e equipamentos.
Como está a entrega de equipamentos para Angra 3?
Nossa programação é entregar os últimos equipamentos agora no início do ano de 2018. Até abril, nós iremos terminar a entrega deles. A Nuclep tem o interesse de participar, no futuro, da montagem dos equipamentos, como aconteceu em Angra 2, onde os condensadores foram instalados pela Nuclep. E como nós fizemos os condensadores de Angra 3, temos condições de instalá-los na usina. Já entregamos praticamente todos. Muitos já estão em Angra e outros ficam armazenados com a Nuclep.
Já existe alguma negociação neste sentido?
Não, por enquanto ainda não. Eu estou sempre levantando esta bandeira. Há um interesse nosso e estamos propagandeando que é importante para a Nuclep participar desta construção.
E em relação aos contratos com a Marinha? Quais são as novidades?
Nós já fizemos alguns equipamentos do LabGen (Laboratório de Geração Nucleoelétrica) – o protótipo da parte do reator nuclear do futuro submarino de propulsão nuclear. Nós já entregamos alguns equipamentos e estamos confeccionando os demais. Acabamos de ganhar, recentemente, uma licitação do CTMSP (Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo), no valor de cerca de R$ 10 milhões, para fazer alguns equipamentos do LabGen.
Estamos fazendo diversas reuniões com vários estaleiros, interessados em construir a Corveta classe Tamandaré. Temos esperança de construi-la junto com algum estaleiro estrangeiro. Também temos interesse nos futuros navios de patrulha da Marinha. Isso nos daria trabalho para os próximos dez anos.
Em que fase estão as conversas com estes estaleiros?
Na última semana, assinamos um termo de confidencialidade com a Daewoo, estaleiro da Coreia do Sul. Estamos conversando com a Queiroz Galvão também e a Thyssen está marcando reuniões conosco.
Como estão as entregas para a Marinha do Brasil?
Estamos cumprindo o cronograma. Houve um atraso lá atrás, mas que está sendo recuperado. Já entregamos três submarinos e o quarto será entregue até o meio do ano que vem.
Como estão os planos de buscar negócios no exterior?
São contratos que demoram a ser efetivados. Até agora, por exemplo, não temos definido quem irá construir a usina Atucha III, na Argentina. Nós temos uma parceria com a Rosatom. Há o interesse, já fizemos inclusive algumas reuniões para poder construir alguns equipamentos para esta usina. Precisamos saber quem vai ganhar a licitação para construir a usina, para que possamos nos aproximar mais.
Qual a expectativa com o setor nuclear brasileiro?
Como representante da Nuclep, tenho uma preocupação muito grande com o setor nuclear. Há uma indefinição muito grande, que gera uma expectativa em todo o segmento. A Nuclep não pode ficar esperando. Então, por isso que estamos buscando outras áreas de atuação, como o setor naval, para a sobrevivência da empresa. Como o futuro é muito incerto, não podemos esperar apenas pelo setor nuclear. A parte de petróleo e gás está difícil, porque a própria Petrobrás está lenta. Então, estamos partindo para a construção naval.
A Justiça interveio recentemente no processo de sucessão da Nuclep. Como o senhor avalia isso?
A empresa é subordinada ao Ministério de Ciência e Tecnologia. Então, houve uma indicação para os cargos da diretoria da empresa. O conselho de administração se posicionou, acatando as orientações do Ministério. Mas o sindicato dos empregados entrou com uma ação junto ao Ministério Público, que por sua vez acionou a Justiça. Tanto a Justiça Estadual como a Federal impediram a nomeação do novo presidente. O diretor comercial indicado, por ter cumprido todos os itens da lei 13.303, já assumiu. Nós temos hoje um diretor comercial e um diretor industrial. Eu estou como diretor administrativo e respondendo pela presidência interinamente. Aguardamos a nova indicação do novo presidente.
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