NÚMERO DE CAMPOS DECLARADOS COMERCIAIS NO BRASIL CRESCE E ATINGE MAIOR PATAMAR DESDE 2016, DIZ ANP
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
A atividade exploratória no Brasil tem vivido tempos de reaquecimento, mesmo em meio aos efeitos da pandemia e do cenário econômico desafiador. Um índice em especial ajuda a comprovar esse movimento: o número de declarações de comercialidade de campos de óleo e gás no país. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) levantados pelo Petronotícias, o Brasil terminou 2021 com 12 declarações. Esse número é o maior visto no setor de óleo e gás nacional desde 2016. O resultado do ano passado se iguala ao de 2015, quando outras 12 declarações foram apresentadas pelas petroleiras que operam no país.
“No período compreendido entre 2016 e 2021 foi apresentado um total de 36 Declarações de Comercialidade, sendo que um terço dessas apenas no ano de 2021. Considerando a série histórica 2016 a 2021, caso excluíssemos o ano de 2021, o ano de 2018 teria sido aquele com o maior número de declarações, com oito Declarações de Comercialidade”, disse a ANP, em resposta aos questionamentos do Petronotícias.
Os principais destaques das declarações apresentadas em 2021 estão na promissora Bacia de Sergipe-Alagoas. A Petrobrás declarou a comercialidade dos campos de Agulhinha, Agulhinha Oeste, Budião, Budião Noroeste, Budião Sudeste, Cavala e Palombeta. “Essas Declarações de Comercialidade originaram-se de blocos exploratórios localizados em águas profundas e demarcam de forma exitosa uma nova fronteira de desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural no país”, ressaltou a agência.
A Petrobrás planeja desenvolver a produção dos sete campos em dois módulos, denominados de Sergipe Águas Profundas (SEAP) I e II, que preveem a instalação de dois navios-plataformas. A primeira unidade será a P-81, que tem início de produção previsto para 2026. O FPSO terá capacidade de produzir 120 mil barris de óleo/condensado e escoar 8 milhões de m³ de gás por dia. A ANP lembra ainda que no contexto da viabilização econômica, a perspectiva é que o desenvolvimento e produção de tais campos seja realizado de forma conjunta, em cluster.
“Importa destacar que estas descobertas se encontravam em postergação de declaração de comercialidade, em função dos ricos teores de gás, e da necessidade de desenvolvimento de infraestrutura para este produto. Acreditamos que a promulgação da Nova Lei do gás e suas flexibilizações influenciaram positivamente no adiantamento do desenvolvimento de projetos para efetivar a comercialidade destas áreas”, afirmou a agência.
Além da comercialidade anunciada em sete áreas de Sergipe-Alagoas, outras cinco declarações foram apresentadas no último ano, sendo uma na Bacia de Campos (Wahoo, operado pela PetroRio); uma na Bacia do Parnaíba (Gavião Belo, operado pela Eneva); e três na Bacia do Recôncavo (campos de Murucututu e Murucututu Sul, da Alvopetro, e campo de Tiriba, da Slim Drilling).
“A apresentação de uma declaração de comercialidade é o ápice da fase de exploração, sinalizando que os contratados avaliaram como técnica e economicamente viável a produção de uma acumulação ou mais acumulações, com a consequente criação de uma área de desenvolvimento de petróleo ou gás natural e respectiva passagem para a fase de produção”, finalizou a ANP.
Como já noticiamos, a área de exploração deve receber R$ 2,8 bilhões em investimentos somente em 2022. A grande expectativa do mercado está no desdobramento das perfurações que estão sendo realizadas no pré-sal brasileiro. A Petrobrás, por exemplo, já anunciou a descoberta de indícios de petróleo e gás nos blocos de Alto de Cabo Frio Central e Três Marias. A francesa Total também notificou uma descoberta de óleo no bloco C-M-541. Já a americana ExxonMobil não teve os mesmos resultados: o poço pioneiro que a empresa perfurou em Sergipe-Alagoas se revelou seco.
Embora não tenha sido constatada a ocorrência de hidrocarbonetos nesse poço, o consórcio liderado pela empresa americana realizará estudos complementares, integrando os dados amostrados à sua interpretação geológica regional, de forma a atualizar sua visão quanto ao potencial exploratório dos blocos situados em águas ultraprofundas na Bacia Sergipe-Alagoas.
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