O CEO DA BBF ACREDITA QUE O BRASIL PODE SER A ARÁBIA SAUDITA NA PRODUÇÃO DE SAF E QUE TEMOS UM PRÉ-SAL VERDE NAS MÃOS
“O Brasil pode ser a Arábia Saudita na produção de SAF, o Combustível Sustentável de Aviação”. Esta é a visão de Milton Steagall, CEO do Grupo BBF (Brasil BioFuels), definindo a oportunidade brasileira de se tornar líder na produção de biocombustíveis de segunda geração como o SAF e o Diesel Verde. O executivo participou nesta manhã do evento Estadão Summit Agro, promovido pelo jornal O Estado de São Paulo, e defendeu o cultivo sustentável da palma (Dendê) como matéria-prima principal para descarbonizar o setor de aviação, como o Petronotícias já mostrou na semana passada. De acordo com Steagall, atualmente, a produção brasileira de óleo de palma ainda é tímida, colocando o país na décima posição no ranking de maiores produtores. A produção desse óleo, que é o mais consumido no mundo, é concentrada na Indonésia, Malásia e Tailândia, países que detém 95% da produção mundial, estimada em cerca de 80 milhões de toneladas por ano. Este volume está concentrado em cerca de 22 milhões de hectares cultivados com a cultura, que devastou florestas tropicais da Ásia.
O Brasil tem o potencial de cultivar a palma, de forma totalmente sustentável, em 31 milhões de hectares de áreas degradadas na região amazônica, segundo robusto trabalho realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Mas, com a burocracia brasileira não falha, a nossa legislação para o cultivo da palma é considerada a mais rígida do mundo neste setor, pois permite que a palma seja cultivada apenas em áreas que foram desmatadas na região amazônica até dezembro de 2007. Apesar de seu cultivo ser permitido em toda essa área, sem desmatar uma árvore sequer de floresta, hoje, a palma é plantada em apenas 300 mil hectares no Brasil, aproximadamente, sendo 75 mil hectares deles do Grupo BBF. Com os 31 milhões de hectares disponíveis, temos a oportunidade de gerar 1,1 bilhão de barris de óleo de palma por ano, para ser utilizado no desenvolvimento de biocombustível para atender o setor aéreo. Isso é mais do que é extraído pela Petrobrás no nosso pré-sal, por isso, digo que temos um verdadeiro “pré-sal verde no nosso país”, afirma o executivo
Para lembrar, a partir de 2026, o Grupo BBF vai iniciar o fornecimento de SAF (Combustível Sustentável de Aviação) e Diesel Verde para a Vibra Energia (antiga BR Distribuidora) – em contrato de offtaker. A matéria-prima para os biocombustíveis avançados será o óleo de palma cultivado pelo Grupo BBF na região Amazônica. Já o refino será feito na primeira biorrefinaria do País a produzir os inéditos biocombustíveis em escala industrial. Devem ser investidos mais de R$ 2,2 bilhões na nova planta, que terá a capacidade de produzir cerca de 500 milhões de litros anualmente de SAF e Diesel Verde. Além da produção de óleo a partir do fruto, o cultivo da palma gera toneladas de folhas, que hoje são usadas apenas para recomposição orgânica dos próprios palmares. Mas segundo Steagall, é possível utilizar essas folhas como biomassa para a geração de energia renovável.
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