O MAIS IMPORTANTE ENCONTRO DA INDÚSTRIA DE AÇO VÊ SETOR CRUZANDO UM CALVÁRIO E COBRA DIÁLOGO ENTRE BRASIL E ESTADOS UNIDOS
A 35ª edição do Congresso Aço Brasil, que está sendo realizado em São Paulo no Hotel Unique, confirma que ele é o mais importante evento da cadeia do aço no Brasil. Promovido pelo Instituto Aço Brasil, o evento que termina anda hoje (27) reúne lideranças empresariais, executivos e especialistas nacionais e internacionais para debater os rumos da indústria do aço em um cenário marcado por incertezas econômicas e geopolíticas. E o cenário que se apresenta nada de bom e nem tem o que se comemorar. Debaixo das tarifas americanas e ainda com a forte concorrência das importações chineses, que destroem as siderúrgicas brasileiras, o setor atravessa um calvário neste momento, ainda sem perspectivas favoráveis. A fala de diálogo do governo brasileiro com o governo dos Estados Unidos, só agrava o problema. O ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e Conselheiro Emérito da Confederação Nacional da Indústria, Armando Monteiro, lembrou a resiliência da indústria brasileira do aço. “A indústria do aço é resultado do esforço de gerações. Esse patrimônio não pode ser ameaçado pelo atual surto de importações. É hora de proteger o que construímos e valorizar os ativos nacionais.”

São Paulo, 19/08/2025 – Congresso do Aço 2025, realizado no Hotel Unique. Crédito: Ricardo Matsukawa
Jorge Oliveira, Vice-Presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil e Presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO ArcelorMittal Aços Planos América Latina, e Marco Polo de Mello Lopes, Presidente-Executivo do Aço Brasil, disse que “Estamos no limite, mas esperamos que, juntos, possamos superar essa crise e construir um futuro mais sólido para a indústria do aço no Brasil“, a mesma opinião de André Gerdau Johannpeter. O 1º painel da 35ª edição do Congresso Aço Brasil, discutiu os rumos do comércio internacional e seus reflexos sobre a indústria do aço brasileira. Sob o tema “Aço – Os Novos Desafios do Comércio Global: Fronteiras e Estratégias“, o debate foi moderado por André Gerdau, Presidente do Conselho Diretor do Aço Brasil e do Conselho de Administração da Gerdau: “É um dos anos mais conturbados das últimas décadas, marcado por conflitos Christopher Garman apresentou a visão da Eurasia sobre o cenário internacional, afirmando que estamos vivendo uma verdadeira “recessão geopolítica. Vivemos o que chamamos de policrise: vários choques simultâneos, da guerra comercial entre Estados Unidos e China aos conflitos na Europa e no Oriente Médio. Esse novo ambiente tem impacto direto sobre países emergentes como o Brasil e, naturalmente, sobre setores estratégicos, como o do aço.”
A “Conferência Especial: Brasil – Cenário Econômico e Político”, durante a O ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Armando Monteiro e o cientista político Murilo de Aragão alertaram, principalmente, para os riscos da instabilidade política, da condução ideológica da diplomacia e da falta de previsibilidade para o setor produtivo. “Temos hoje uma política monetária que pretende corrigir as disfunções da política fiscal, e isso impõe ao setor produtivo um custo elevadíssimo que se expressa na taxa de juros que o Brasil pratica. O país precisa encarar verdadeiramente essa agenda“, declarou Armando Monteiro. Aragão destacou que o Brasil vive em um estado quase permanente de crise desde 2013. “O Brasil tem vivido crises em série: fiscal, inflacionária, política e judicial. Entramos em um ciclo de rupturas e instabilidades que se prolonga até hoje. A pandemia gerou um impacto fiscal enorme, trouxe ainda mais populismo à política e intensificou a judicialização, algo que já vinha se desenhando. Esse conjunto de fatores se soma à tomada pelo Congresso de maior fatia do orçamento, que reduziu o espaço de decisão do Presidente da República”. Ele disse ainda que O Brasil foi jogado na arena da geopolítica e vai ter que se virar nesse novo jogo. Finalizou dizendo que “a falta de diálogo com os Estados Unidos e a ausência de presença em espaços de lobby internacional enfraquecem a posição do Brasil.”
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