O REATOR DE PESQUISA RA-10 DA ARGENTINA DEVERÁ ESTAR EM OPERAÇÃO A PARTIR DE 2025

O reator de pesquisa multiuso RA-10 está cerca de 80% concluído, com as obras civis para serem concluídas em três meses. A expectativa é de que esteja operando em 2025, informou a Comissão Nacional de Energia Atômica (CNEA) da Argentina. O RA-10 – um reator de pesquisa de pool aberto de 30 MWt – está sendo construído no Centro Atômico de Ezeiza, na província de Buenos Aires, para substituir o reator RA-3 no mesmo local. Este reator tipo piscina de 10 MWt começou a operar em 1967. O RA-10 será usado para a produção de radioisótopos médicos, bem como testes de irradiação de combustível e materiais nucleares avançados e pesquisa de feixe de nêutrons.

O gerente do projeto, Herman Blaumann, em atualização do projeto no site da CNEA, disse que as obras civis serão concluídas em três meses, com a construção do reator concluída no ano que vem:  “A partir desse momento, serão realizados testes preliminares e comissionamento, pelo que se espera que o RA-10 esteja em condições operacionais em 2025.  Muito poucos países têm a capacidade de projetar e construir um reator como o RA-10 e o nosso é um deles”. O projeto RA-10 foi aprovado pelo governo e oficialmente iniciado pela CNEA em junho de 2010. A Autoridade Reguladora Nuclear da Argentina concedeu uma licença de construção para o RA-10 em novembro de 2014. As obras civis do reator começaram em 2016. As obras civis estão sendo realizadas pela GCDI, enquanto a INVAP fornece componentes e montagens para o reator. “A CNEA fornece o que é essencialmente nuclear, ou seja, o combustível, a instrumentação e o sistema de proteção do reator.  Mas também participam mais de 80 empresas nacionais, muitas delas PMEs, que dão trabalho direto a mais de 1500 pessoas,” disse Blaumann.

O projeto do RA-10 é baseado no reator Opal de 30MW que a Argentina vendeu para a Austrália, mas, de acordo com a CNEA, ada projeto de reator é diferente – em particular, a potência é calculada com base nas aplicações que ele oferecerá. “Prevê-se que o RA-10 seja utilizado para fins que o Opala não possui, como a irradiação de materiais e varetas e elementos combustíveis. Estas aplicações exigem uma potência superior e, portanto, um design de núcleo diferente, com seu sistema de resfriamento associado, também com outros parâmetros. Além disso, exigem inovações no sistema de proteção do reator, que neste caso é de nossa própria autoria.” Segundo um comunicado da CNEA, Quando estiver em operação, o RA-10 terá capacidade para atender 20% da demanda mundial do radiosisótopo amplamente utilizado molibdênio, do qual se obtém o tecnécio: “Também será possível produzir outros radioisótopos que hoje não são fabricados no país e que estão sendo amplamente utilizados no mundo, como o lutécio, que é aplicado no tratamento do câncer de próstata e outras patologias”.

A Argentina vê oportunidades de exportação com a produção do novo reator de pesquisa, especialmente porque vários reatores que atualmente produzem radioisótopos estão programados para sair de serviço. Também diz que poderia produzir 80 toneladas de silício dopado por ano através da exposição a nêutrons, fornecendo US$ 10 milhões por ano para a Argentina e também poderá “qualificar os combustíveis que a Argentina fabrica tanto para reatores de energia quanto experimentais – atualmente eles precisam ser testado e qualificado em instalações no exterior, algumas das quais estão fechando”. Outras instalações do site RA-10 incluem a planta de processamento de radioisótopos e o Laboratório Argentino de Feixe de Nêutrons “visado para explorar os feixes de nêutrons que se originam no núcleo do reator para ciência e tecnologia… além disso, haverá um laboratório de testes   de materiais para estudar seu comportamento sob irradiação. Isso inclui hastes e placas de elemento combustível, mas também materiais estruturais destinados a reatores nucleares de quarta geração”.