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O SETOR QUÍMICO BRASILEIRO DE ÓTIMA RELAÇÃO COM AS INDÚSTRIAS AMERICANAS RECLAMA DO IMPACTO DAS NOVAS TARIFAS

abiquimO impacto das novas tarifas americanas a partir da próxima quarta-feira (6), provocaram uma forte reação da  Abiquim, que divulgou esta tarde (1º) uma manifestação mostrando a sua profunda preocupação com o decreto publicado pelo governo americano,  que estabelece uma tarifa adicional de 40% sobre a maioria dos produtos brasileiros. “A medida, unilateral e desvinculada das dinâmicas comerciais tradicionais, se soma à tarifa de 10% já aplicada em abril deste ano, totalizando uma carga tarifária de 50% sobre os bens atingidos”, disse a Associação Brasileira das Indústrias Químicas. “O impacto será expressivo sobre as exportações brasileiras de produtos químicos, comprometendo cadeias produtivas, empregos e investimentos no Brasil e nos EUA”, afirmou André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Abiquim.

O setor químico brasileiro tem uma relação histórica e estratégica com os Estados Unidos, com forte integração produtiva e investimentos cruzados. Mais de 20 empresascadeia químicas instaladas no Brasil são de capital norte-americano, operando em diversos segmentos. Em termos de balança comercial, os EUA mantêm um sólido e recorrente superávit setorial frente ao Brasil, com saldo anual próximo de US$ 8 bilhões. Em 2024, a alíquota efetiva aplicada pelo Brasil aos produtos químicos de uso industrial dos EUA foi de 7,7%, considerando a média ponderada pelo valor importado. Em contrapartida, as exportações brasileiras de produtos químicos para os EUA somaram US$ 2,4 bilhões em 2024, com 82% desse valor concentrado em 50 códigos NCM — abrangendo petroquímicos básicos, intermediários orgânicos e resinas termoplásticas. Desses 50 principais itens, apenas cinco não serão afetados pela nova tarifa. São eles:

impactoProdutos Químicos Inorgânicos

  • NCM 2804.69.00 – Silícios
  • NCM 2818.20.10 – Alumina calcinada
  • NCM 2825.90.90 – Óxidos, hidróxidos e peróxidos de outros metais

Produtos Químicos Orgânicos

  • NCM 2707.50.90 – Misturas de hidrocarbonetos aromáticos
  • NCM 2903.19.90 – Derivados clorados saturados dos hidrocarbonetos acíclicos

Esses cinco produtos representaram US$ 697 milhões exportados pelo Brasil aos EUA em 2024 e permanecerão isentos da tarifa adicional. O restante do valor exportadoorganuzo — aproximadamente US$ 1,7 bilhão — será atingido pela alíquota extra de 40%, elevando a carga total para 50%. Além das exportações diretas, há preocupação com os efeitos indiretos da medida. Diversas indústrias brasileiras que produzem insumos e matérias-primas para setores exportadores — como móveis, têxteis, artefatos de couro e borracha — já estão reportando cancelamentos de pedidos por parte de compradores norte-americanos. A Abiquim apoia a atuação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e de outras autoridades brasileiras na busca por uma solução rápida e efetiva por meio dos canais diplomáticos e comerciais com os EUA. “É essencial reforçar a governança do sistema multilateral de comércio e evitar retrocessos que fragilizem relações estratégicas entre os países”, acrescenta André Passos Cordeiro.

quimicoNo âmbito setorial, a Abiquim e o American Chemistry Council (ACC) apresentaram uma declaração conjunta aos governos do Brasil e dos EUA solicitando ações para evitar danos à integração produtiva e à resiliência das cadeias de suprimento químicas, com foco em medidas de facilitação de comércio e cooperação regulatória. Como medidas emergenciais, a Abiquim defende a aplicação de direito provisório de defesa antidumping e o reforço dos recursos humanos e tecnológicos para resposta rápida a desvios de comércio, a devolução imediata de saldos credores de ICMS, a ampliação do Reintegra para 7% e sua extensão a empresas de todos os portes, além da criação de novas linhas de financiamento à exportação.

A Abiquim seguirá atuando junto às autoridades brasileiras e internacionais para buscar formas de mitigar os impactos sobre o setor, promovendo um ambiente de diálogo construtivo e cooperação bilateral. “Nossa expectativa é de que as negociações avancem com base em critérios técnicos e econômicos, distantes de motivações geopolíticas ou medidas arbitrárias, respeitando a lógica da integração produtiva entre Brasil e Estados Unidos”, finaliza o presidente da Abiquim.

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