ONIP E APEX-BRASIL SELECIONAM 21 EMPRESAS BRASILEIRAS PARA FORMAÇÃO DE JOINT VENTURES COM ESTRANGEIRAS
Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) –
A Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP) fechou há poucos meses uma parceria com a Apex-Brasil, para fomentar a criação de joint ventures entre empresas brasileiras e estrangeiras, e agora concluiu a primeira fase do projeto. O superintendente da ONIP, Bruno Musso (foto), conta que foram selecionadas 21 empresas, após uma avaliação feita em linha com oito federações de indústrias, e agora o objetivo é mapear os potenciais parceiros a serem apresentados às companhias nacionais. A Offshore Europe, que acontece entre os dias 8 e 11 de setembro, em Aberdeen, será uma parte importante desse processo, já que ali ocorrerá uma série de visitas guiadas a empresas com potencial de atração ao Brasil. De acordo com Musso, o objetivo das joint ventures é “agregar tecnologias que não são fabricadas no Brasil e que demandariam muito tempo para serem desenvolvidas de forma independente”. A ONIP também estará presente no Brazil Day, dia 9, a partir de uma palestra que será ministrada por outro superintendente, Aloisio Nóbrega. A lista de empresas selecionadas, que fazem parte do projeto Brazilian Petroleum Partnerships, será divulgada nos próximos dias.
Como será a participação da ONIP na Offshore Europe?
Estamos fazendo algumas coisas. Em parceria com o Sebrae, estamos levando pequenas e microempresas para visitarem a feira. Fizemos um trabalho prévio de identificação dos expositores de interesse para cada empresa. Durante o evento, faremos uma visita guiada, acompanhando os empresários aos estandes dos possíveis alvos de parceria. Vamos dar suporte técnico para as empresas que estão indo pelas federações das indústrias. Além disso, vamos fazer uma apresentação no dia 9. Nossa palestra vai se focar em formação de joint venture. Faz parte do projeto Brazilian Petroleum Partnerships, junto com a Apex.
Como funciona o projeto?
É uma parceria para tentarmos promover joint ventures entre empresas estrangeiras e brasileiras, para agregar tecnologias que não são fabricadas aqui e que demandariam muito tempo para serem desenvolvidas de forma independente. O objetivo é gerar um ganha-ganha, incluindo transferência de tecnologia e fabricação conjunta, agregando conteúdo local a coisas que não existem no mercado doméstico.
Quando começou?
Assinamos o acordo em maio desse ano, e concluímos agora a primeira fase do projeto, que incluiu um road show, apresentando o projeto em oito federações de indústrias para empresários (Fiergs, Fiesc, Fiesp, Fiemg, Firjan, Fieb, Fiep e Findes); uma pesquisa online para colher informações preliminares para saber o nível de interesse das empresas – o interesse do empresário é determinante nisso –; uma pré-seleção de 35 empresas, que visitamos uma a uma; e finalmente uma lista de 21 companhias que vão fazer parte do projeto.
Por que a joint venture seria a melhor forma para essas parcerias?
Não é necessariamente a melhor forma. Depende muito do produto e das empresas envolvidas. O que estamos tentando é adicionar algum conteúdo local a produtos que hoje não existem aqui, e, no nosso ponto de vista, essa é uma maneira mais segura e mais rápida de permitir a entrada para as empresas estrangeiras. De outra forma, não conseguiríamos esse conteúdo aqui no Brasil, a não ser pela importação. Mas no final da linha é uma decisão empresarial. Se as empresas estrangeiras não tiverem essa estratégia, é uma questão delas. A joint venture é uma relação comercial entre duas empresas que vai implicar em aumento de conteúdo local, beneficiando as duas partes.
Como a Onip tem acompanhado as discussões em torno de possíveis mudanças no conteúdo local?
Tem visões distintas sobre esse assunto no conjunto de associados da Onip. Mas, o que a gente tem buscado, como instituição, é trabalhar na linha de aumento de competitividade. Para nós, a política de conteúdo local é absolutamente fundamental para dar suporte à indústria, mas o ideal é que as empresas brasileiras alcancem índices de competitividade internacionais, para que na frente não precisem mais de políticas fortes de conteúdo local. Agora, para isso acontecer, muitas coisas precisam ser feitas. Tem dever de casa para o governo e tem dever para a indústria. O câmbio deu uma melhorada nesse aspecto, mas é só uma variável.
Quais seriam os deveres de cada parte?
Por parte das empresas, aumento de produtividade, mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento e em recursos humanos, que é um ponto sensível, porque demanda tempo de formação e não só dinheiro. Do lado do governo, as questões ligadas a tributação, custo do dinheiro e acesso a ele. Em relação à pesquisa e desenvolvimento, a lei da ANP, que destina 50% para as universidades, poderia mudar um pouco a dinâmica, porque hoje a indústria não tem acesso a esses recursos. Se pudesse dividir um pouco isso, os empresários iriam de qualquer forma buscar nas universidades as competências que eles precisam, mas a partir de uma lógica diferente, voltada mais ao mercado.
Quais são as maiores oportunidades para fornecedores brasileiros na feira de Aberdeen?
Nós vamos focar em subsea e navipeças. Esse projeto de formação de joint ventures está focado nesses dois segmentos, que são mundos bastante grandes em si mesmos. O que vai determinar a solução, tecnologia etc, vai ser mais o perfil das empresas que participarem.
A organização tem percebido algum tipo de mudança no interesse das empresas de fora que tentam se estabelecer aqui?
Não. Continua havendo muitas visitas, delegações… o Brasil continua um mercado extremamente atraente para os fornecedores estrangeiros. Continuamos tendo um mercado com uma concentração muito grande na Petrobrás, que ainda vai ficar um tempo, mas mesmo ela reduzindo o nível de investimento, são cifras que não encontramos em outros mercados. Ainda continua sendo um dos planos de investimento mais importantes do mundo.
Quais são os principais argumentos para tentar atrair novos investimentos e novas empresas internacionais neste momento de crise no País?
A possibilidade de ter uma entrada no mercado brasileiro de forma diferenciada. Se você é um fabricante estrangeiro e eu sou um nacional, e fazemos uma parceria, o conteúdo local vai ser diferente de zero, enquanto o da fabricante estrangeira sozinha vai ser zero. Então ter um parceiro local para agregar algum conteúdo local no produto pode fazer diferença na hora de fechar o contrato. Tem também o atrativo de estar mais exposto no mercado brasileiro. Muito embora aqui seja preponderantemente Petrobrás, não é só. E as outras companhias vinham se abastecendo fora do mercado brasileiro, por empresas que poderiam ter parceiros aqui, oferecendo condições de competitividade similares, com um ganho para todos os lados.
Quais são as metas da ONIP para este ano?
Nossa meta para o projeto Brazilian Petroleum Partnerships é fechar com 10 memorandos de entendimentos entre empresas brasileiras e estrangeiras.
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