ONS MOSTRA O COMPORTAMENTO DAS FONTES DURANTE O APAGÃO E ESPECIALISTAS RESSALTAM IMPORTÂNCIA DA DIVERSIDADE PARA SEGURANÇA ENERGÉTICA DO PAÍS
Gráficos disponibilizados pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) demonstraram o diferente comportamento das fontes durante o apagão que atingiu o Brasil na manhã desta terça-feira (15). As fontes eólica e solar sofreram uma forte desaceleração na curva de geração por volta de 8h30, enquanto que o volume de carga das fontes hidráulica e nuclear permaneceu praticamente inalterada. Especialistas ouvidos pelo Petronotícias disseram que o blecaute desta terça-feira evidencia a necessidade de diversificar a matriz para garantir mais resiliência ao sistema elétrico nacional.
“O incidente de hoje demonstra a importância da diversidade de fontes para segurança energética para um sistema com alto grau de interligação e de dimensões continentais como é o nosso Sistema Interligado Nacional. Se observarmos os gráficos disponibilizados pelo ONS que mostram o comportamento de cada fonte durante o ocorrido hoje, verifica-se que a fonte nuclear foi aquela que mostrou maior resiliência à perturbação do sistema e que existem limitações ligadas a falta de inércia girante após distúrbios”, avaliou o diretor técnico da Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), Leonam Guimarães.
Por volta das 08h30, o ONS apontava que a carga no sistema elétrico somava cerca de 73,5 mil MW, distribuídos da seguinte maneira: eólica (16,7 mil MW); hidráulica (35,2 mil MW), térmica (7,7 mil MW), nuclear (2 mil MW) e solar (11,9 mil MW). No entanto, às 08h38, a carga total despencou para cerca de 54,9 mil MW, com as quedas mais abruptas na geração eólica (que caiu para 3,7 mil MW) e solar (que recuou para 8,4 mil MW). A carga na geração térmica reduziu para 5,3 mil MW, enquanto que as fontes nuclear e hidrelétrica permaneceram praticamente inalteradas [veja os gráficos ao final desta reportagem].
“O evento de hoje mostra, na prática, que o planejamento da expansão do Sistema Elétrico Brasileiro deve considerar cuidadosamente essas limitações, incluindo no portfólio futuro também fontes que propiciem maior resiliência ao sistema, tanto em termos de inércia girante como também de proximidade aos centros de consumo (e, portanto, menor dependência da transmissão a longas distâncias), e de condições climáticas locais”, destacou o presidente da ABDAN, Celso Cunha. “Assim, basta olhar para o comportamento das usinas nucleares durante o evento de hoje para constatar a importância de concluir as obras de Angra 3”, concluiu.
Qual o link para acessar esses gráficos direto do site do ONS?
https://www.ons.org.br/paginas/energia-agora/carga-e-geracao