PRIMEIRA FASE INTERNACIONAL DA LAVA-JATO PRENDE OPERADOR DE PROPINAS DA PETROBRÁS EM PORTUGAL
Sem sinais de enfraquecimento, a Operação Lava-Jato atravessou os mares e fez sua primeira operação fora do Brasil nesta segunda-feira (21). A 25ª fase da investigação levou à prisão o operador financeiro Raul Schmidt Felippe Junior (foto), que estava foragido em Portugal desde julho de 2015 e é suspeito de envolvimento em pagamentos de propinas a ex-diretores da Petrobrás. Atuante junto a Nestor Cerveró, Jorge Zelada e Renato Duque, ele teria intermediado pagamentos ilícitos de empresas estrangeiras em licitações da estatal. O executivo foi detido com ordem de prisão preventiva, sem prazo para vencer, e também foi alvo de mandados de busca e apreensão.
Seguido de perto desde agosto do ano passado, quando a Justiça brasileira bloqueou R$ 7 milhões de suas contas, Schmidt era considerado figura próxima de Zelada, com quem teria estabelecido esquemas para lavagem de dinheiro. O operador também aparece como representante de empresas internacionais na obtenção de contratos de exploração junto à Petrobrás, como foi o caso da Sevan Drilling. Segundos os investigadores, o executivo teria estimulado um contrato de US$ 975 milhões firmado pela Sevan Marine com a estatal brasileira.
A nova fase da Lava-Jato foi realizada com apoio da Justiça de Portugal, que efetivou a prisão com acompanhamento de autoridades brasileiras do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Após o cumprimento de medidas cautelares, Schmidt deverá ser extraditado para o Brasil. O executivo tem dupla nacionalidade e se mudou para Portugal após o início da operação.
De acordo com informações do MPF, o operador é sócio de Zelada na empresa TVP Solar do Brasil, subsidiária da TVP Solar, companhia tecnológica voltada à utilização de energia solar térmica e sediada em Genebra, na Suíça. A sociedade com o ex-diretor da Petrobrás pode ter sido usada como fachada para lavagem de dinheiro, segundo apontam investigadores. Além disso, há suspeitas de que o executivo teria ligação com o estaleiro Samsung, responsável pela construção das sondas Petrobrás 10.000, que teria tido superfaturamento de US$ 11,9 milhões, e Vitória 10.000, que foi alvo de desvios e envolveu pagamento de até US$ 40 milhões em propinas.
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