OPORTUNIDADES NA ÁREA NUCLEAR
ANTONIO E.F. MULLER
Presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento das Atividades Nucleares
A geração de energia nuclear está prestes a entrar em uma nova Era no Brasil. Depois das experiências vitoriosas de Angra I e Angra II, com Angra III já em curso, nossos olhares precisam continuar focados no futuro. Precisamos de energia para continuar a ter a nossa economia forte, proporcionando oportunidades e mais riquezas para o brasileiro.
O país já está maduro e com conhecimento suficiente para tirar do governo a responsabilidade de ter que financiar a construção das novas usinas nucleares. Esta responsabilidade pode e deve ser repassada para a iniciativa privada, que quer arcar com o desenvolvimento dos projetos e sua construção. Até a operação da usina poderia ser feita sem a participação do governo federal. Apoiamos esta iniciativa, já levada ao Congresso Nacional, em forma de um Projeto de Emenda Constitucional.
Propomos também a criação urgente de uma Agência Reguladora Nuclear, nos moldes da ANP, ANEEL e ANS, por exemplo. Mas não basta apenas criar essa agência. É preciso realocar os órgãos executivos, hoje subordinados a CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear -, em uma outra entidade. O papel da comissão precisa ser revisto, deixando de ser regulatório, dedicando-se apenas à questão de pesquisa e desenvolvimento. A CNEN é um órgão licenciador e tem sob seu comando um órgão produtor – como as Indústrias Nucleares Brasileiras (INB) – que promove a mineração de urânio, seu transporte, transformação, enriquecimento e a fabricação do combustível. Ou seja, é o órgão fiscalizador quem fiscaliza sua própria produção. Há um claro conflito de interesses.
Precisamos dar andamento aos novos projetos de produção de energia nuclear em nosso país. Não podemos ter um novo lapso no tempo entre a construção das usinas, como houve com Angra II e Angra III. Há uma grande necessidade formarmos mão de obra especializada, mas a realidade é que estamos sob um grave risco de perdermos o conhecimento que adquirimos a duras penas, com sacrifícios, treinamentos e investimentos. Para se ter uma ideia, neste momento 65 usinas nucleares estão construídas no mundo, neste momento.
No Brasil há um grande desconhecimento sobre o nosso potencial de geração nuclear de energia. Ela é a que menos emite CO2 na atmosfera. Além disso, somos uns dos três países no mundo a possuir a tecnologia completa do ciclo combustível e reservas de urânio. Ao nosso lado, somente a Rússia e os Estados Unidos.
Permito-me aqui citar Sêneca, um dos maiores filósofos do Império Romano. Primeiramente para contrariá-lo, quando disse que “É preciso dizer a verdade apenas a quem está disposto a ouvi-la”. A ABDAN está disposta a falar a verdade, principalmente para aqueles que não querem ouvi-la e que se fecham para o potencial benéfico da energia nuclear. E, para finalizar, lembrar um outro pensamento dele que pode servir de inspiração aos parlamentares que votarão a PEC: “Não é porque não ousamos fazer que as coisas são difíceis. Elas são difíceis, porque não ousamos fazer”.
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O ng.. Muller tem razão, temos que explorar e aprimorar a tecnologia desenvolvida no país. Esta tecnologia exige a criação de mão de obra especializada e muito bem treinada que pode mudar o patamar das indústrias de base, assim como das empresas de engenharia e construção.
É a energia mais limpa do mundo, que combinada com os veículos movidos a H2 criarão um ambiente menos poluido.