OTZ APOSTA EM PARCERIA COM EMPRESA NORUEGUESA E DEFENDE FORTALECIMENTO DA ENGENHARIA BÁSICA NO BRASIL
Por Matheus Meyohas (matheus@petronoticias.com.br) –
A engenharia básica é a chave para o desenvolvimento do setor de projetos no Brasil. É o que defende Marcelo Pereira, fundador e diretor geral da OTZ Engenharia, empresa brasileira do ramo de projetos. A companhia está apostando em um acordo de transferência tecnológica de engenharia básica através de uma parceria com a NLI, empresa norueguesa com vasta experiência em subsea. Pereira aproveitou a entrevista para fazer uma avaliação sobre o setor de óleo e gás no Brasil, mostrando que a empresa acredita numa reversão da situação de queda de investimentos no mercado brasileiro atualmente. Além disso, ressaltou a importância do fortalecimento da engenharia básica não apenas para o segmento de projetos, mas também para impulsionar toda a cadeia de óleo e gás nacional.
Qual é a relação da OTZ com o mercado de óleo, gás e energia?
O mercado de óleo e gás atualmente representa em torno de 70% do nosso faturamento. Nos anos anteriores, chegava a 90%. Ou seja, trabalhamos muito com isso. Nossa meta é que esse percentual de 70% do faturamento se mantenha nos próximos anos, pois apostamos na diversificação de áreas de atuação. Hoje estamos desenvolvendo projetos de módulos de desidratação de gás, remoção de H²S, de produtos químicos, de compressão de CO², compressão de gás de exportação, gás de injeção e geração de energia. São esses os nossos projetos na área offshore.
Existem projetos previstos para o setor no próximo ano?
Em 2015, nós iremos focar nas oportunidades de serviços na área de exploração e produção, principalmente projetos de topsides. Buscaremos também a entrada no mercado subsea em conjunto com a NLI, uma empresa norueguesa que tem parceria conosco. Ela tem uma longa experiência em subsea, enquanto o Brasil está começando no setor. Com o contrato de transferência de tecnologia que temos com ela, esperamos adquirir essa experiência. Poucas empresas têm no Brasil um contrato registrado no INPI e aprovado pela Petrobrás. Nossa autonomia depende da demanda por engenharia básica do nosso mercado, então não temos previsão de deixar de atuar junto com a NLI.
Qual é a importância da OTZ para o mercado brasileiro?
Podemos contribuir muito com a engenharia básica, que é o caminho para o desenvolvimento do mercado industrial brasileiro, e podemos ser muito revelantes nesse processo. Porque a engenharia básica no país é muito feita por empresas entrangeiras. A execução da engenharia básica pelas empresas offshore vai impulsionar a indústria brasileira nesse setor, assim como aconteceu na Noruega há alguns anos. Tivemos um faturamento de R$ 47,5 milhões milhões em 2013, e esperamos mantê-lo nesse nível em 2014.
Quais são as expectativas da empresa para o futuro do setor de óleo e gás no Brasil?
Acreditamos muito no mercado de óleo e gás, principalmente brasileiro. O investimento no nosso mercado caiu, mas isso será revertido em alguns anos e voltaremos a ter os mesmos níveis de investimento. Acreditamos no pré-sal, na sua geração de serviços offshore e indiretos, e que o mercado voltará a plena carga em até dois anos.
O que pode ser feito para fortalecer a área de projetos no país?
Entendo que temos que buscar ações que facilitem a internacionalização das empresas brasileiras de engenharia (projeto e consultoria), a desoneração da carga tributária e dos encargos trabalhistas, o fortalecimento da regulamentação do conteúdo local e viabilizar maior previsibilidade das demandas. O fortalecimento do conteúdo local dos serviços de engenharia deve se basear no aumento dos percentuais exigidos para a execução de engenharia por empresas brasileiras, no aumento dos valores das multas por descumprimentos dessas exigências e na destinação dos recursos das multas para o desenvolvimento das empresas de engenharia brasileiras.
Até que ponto isso está ligado com o desenvolvimento da engenharia básica?
Um assunto que colabora com o fortalecimento da engenharia nacional, mas que tem um aspecto de relevância muito mais ampla é a exigência das engenharias básicas dos novos empreendimentos a serem realizados por empresas brasileiras. Essa priorização será muito importante para impulsionar o segmento industrial brasileiro, pois o conhecimento do mercado nacional, principalmente dos fornecedores que temos, viabilizará especificações básicas que potencializarão nossos fornecedores de peças, componentes, máquinas e equipamentos, como também fornecedores de serviços. Isso ocorreu na Noruega, que apostou na execução de engenharia básica em seu país e hoje usufrui de um forte setor industrial do mercado de óleo e gás como consequência dessa decisão.
Em que áreas a OTZ planeja se expandir?
Nosso foco em óleo e gás é atuar mais em engenharia básica, buscando dar apoio aos nossos clientes na definição da melhor tecnologia para seus empreendimentos, além da entrada no mercado subsea. Temos de atuar mais fortemente na engenharia básica, que entendemos como muito importante para o desenvolvimento do Brasil, com tecnologia da Noruega. É a tecnologia que hoje estamos importando com a NLI, que tem muita experiência em engenharia básica. A OTZ Engenharia também tem a característica de buscar a diversificação, de setores e geográfica, na sua atuação. Hoje temos duas diretorias, uma de unidade de processos industriais e uma de projetos de obras civis. Esta última está muito focada em ampliar portfólio para o mercado de infraestrutura, mobilidade urbana, e outros segmentos que o Brasil precisa para aumentar sua competitividade.
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