OURO PRETO CONFIRMA INTERESSE EM NOVOS LEILÕES, MAS DIZ QUE APETITE DEPENDERÁ DAS NOVAS REGRAS DO JOGO
Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) –
A brasileira Ouro Preto Óleo e Gás (OPOG), criada pelo ex-diretor da Petrobrás e ex-presidente da OGX, Rodolfo Landim, surgiu em 2010, na esteira do crescimento do interesse internacional pelo pré-sal e pelo setor de petróleo brasileiro, e desde então tem crescido de modo discreto no País. Atualmente, a empresa conta com direitos de exploração de 15 blocos e quatro campos, nas Bacias de Parnaíba, Barreirinhas, Recôncavo, Potiguar, Camamu e do Espírito Santo, mas continua atenta às oportunidades do mercado. Landim, que preside a Ouro Preto e integra a série de entrevistas do Petronotícias com líderes de companhias de petróleo presentes no Brasil, avalia que as mudanças em curso no segmento nacional trazem perspectivas positivas, com potencial para tornarem o País mais competitivo na disputa por investimentos internacionais. Além disso, ele confirma o interesse em futuros leilões de áreas nacionais, afirmando que a participação “é sempre saudável”, mas ressalta que “o ‘apetite’ dependerá das condições da oferta e das ‘regras do jogo’”.
Como avalia o momento do setor de petróleo brasileiro e as mudanças que estão sendo realizadas no País?
Vivemos momentos ainda difíceis, mas de perspectivas positivas. O preço do petróleo no mercado internacional continua baixo, mas o governo tem demonstrado abertura para enfrentar as principais questões que prejudicam a competitividade das oportunidades de investimento existentes no país. Os temas hoje em discussão poderão colocar a indústria de petróleo nacional em melhores condições para competir pelo capital com outros projetos internacionais.
Como essas mudanças impactam o planejamento da empresa no Brasil?
Impactarão de diversas formas, não só a Ouro Preto, mas toda a indústria. Essas mudanças abrem a perspectiva para a atuação operacional da companhia em áreas antes a ela restritas. Além disso, poderão aumentar a possibilidade de acesso ao capital de risco, reduzir as incertezas quanto ao atendimento à parcela de conteúdo local dos investimentos e eliminar outras quanto a impactos fiscais não programados sobre os projetos.
Como avalia o fim da obrigatoriedade de operação única no pré-sal?
Entendo como extremamente positiva para a Petrobrás, a sociedade brasileira e toda a indústria. Está garantido à Petrobrás o direito de escolher onde atuar como operador nas áreas do pré-sal sem a obrigação de investir em projetos que não julgue prioritários, o que também prejudicaria seu processo de planejamento. O fim da obrigatoriedade de operação única no pré-sal abre a perspectiva de um maior fluxo de investimentos, maior número de empresas atuando no Brasil e mais geração de empregos e receitas para o país.
Quais os maiores interesses da empresa no mercado de óleo e gás brasileiro atualmente?
Temos um planejamento estratégico onde dividimos nossa atuação em quatro segmentos do negócio de óleo e gás no Brasil. Consideramos todos eles importantes, apesar de termos nosso campo de ação hoje mais focado em dois deles em função do volume de investimentos requeridos.
A companhia tem interesse em participar dos leilões de novas áreas previstos para 2017? Em caso positivo, quais serão os focos? Em caso negativo, por quê?
Acreditamos por princípio que a participação em leilões é sempre saudável, mas o “apetite” dependerá das condições da oferta e das “regras do jogo”, algo ainda desconhecido.
Como avalia as mudanças no setor de gás natural? Há novos planos sendo fomentados internamente na companhia em função deste processo?
O anúncio da saída parcial da Petrobrás das companhias de distribuição e transporte deixa uma grande preocupação quanto ao futuro desenvolvimento de infraestrutura logística para o gás natural no país, algo que, com exceção de algumas poucas empresas distribuidoras, sempre teve a Petrobrás como líder. Além disso, a problemática que envolve o desenvolvimento da indústria do gás natural é, a meu ver, muito mais complexa do que a indústria do petróleo por sua natureza.
O gás natural é uma indústria de rede e com o monopólio de comercialização constitucionalmente estabelecido a cargo dos estados, o que dificulta qualquer tipo de regulamentação nacional que se queira fazer. O governo federal acaba de lançar o programa Gás para Crescer e vários segmentos da sociedade têm sido chamados para contribuir com suas visões. Fica a esperança de que novas medidas sejam estabelecidas de forma a resolver pelo menos uma boa parte das dificuldades hoje existentes.
Quais são os fatores mais atraentes do mercado de óleo e gás brasileiro e quais os maiores desafios dele para a empresa?
As descobertas do pré-sal realizadas na última década foram muito significativas e colocaram o país em um outro patamar de interesse. Além disso, temos no Brasil bacias sedimentares muito pouco exploradas e, consequentemente, com o seu real potencial petrolífero ainda pouco conhecido. Por fim, temos também oportunidades em campos maduros que vêm sendo oferecidas. Estamos diante de fatores de atração para diversos perfis de risco e volume de investimento. Estas são condições necessárias e presentes; o problema é que, apesar de necessárias, não são suficientes. É preciso entender que o processo de decisão sobre onde alocar recursos envolve também a análise de riscos de outras naturezas. Afinal, o capital no mundo flui para onde existem ambientes de negócio estáveis e estimulantes.
Como vê a política de conteúdo local? Quais os erros e os acertos dela, a seu ver?
Ninguém pode ser contra uma política que vise ao desenvolvimento da indústria local de bens e serviços. Na verdade, políticas devem ser estabelecidas de forma a maximizar benefícios para a sociedade e é natural que, com a expectativa de futuros grandes investimentos no pré-sal, tenham procurado direcionar boa parte dos empregos com mão-de-obra qualificada para o país. Contudo, não podemos deixar que uma política, por mais bem intencionada que seja, inviabilize o desenvolvimento. É a velha história de que a diferença entre o remédio e o veneno acaba sendo a dose. Hoje, vemos que as metas estabelecidas no passado foram exageradas, mas é sempre muito fácil criticar depois que algo não deu certo. O importante é encarar as experiências anteriores como lições aprendidas e buscar as oportunidades de melhoria.
Qual o planejamento da empresa no Brasil para os próximos anos?
Como qualquer empresa, pensamos em ampliar nossas atividades e nosso foco é única e exclusivamente o Brasil. Temos trabalhado muito para que isso ocorra.
É perfeitamente louvável e digno de elogios a adesão de empresas nacionais na exploração e produção de petróleo e gás no Brasil, ressalto entretanto que nada adiantará estudos de viabilidade técnica e econômica se no meio do caminho as regras mudam ou não estejam perfeitamente claras e consolidadas. No atual momento político brasileiro, com a economia em frangalhos, quem em sua sã consciência irá apostar com investimentos consideráveis no Brasil, se, por exemplo, os legisladores votarem por um aumento de percentual de algum imposto, que por menor que seja causará um impacto em qualquer planejamento sério de uma empresa de… Read more »