PARALISAÇÃO DA UPGN DO COMPERJ É RESULTADO DE APOSTA ERRADA DE CONTRATAÇÃO DE EQUIPAMENTOS NO EXTERIOR
Desta vez a Petrobrás não pode ser responsabilizada pela paralisação da obra que estava levando a possibilidade do Comperj funcionar, mesmo que muito aquém do que foi planejado. A interrupção dos trabalhos de construção da Unidade de Processamento de Gás Natural – UPGN – é de total responsabilidade do consórcio contratado para sua execução, formado pelas empresas Tecna, Queiroz Galvão e Iesa – esta última atualmente em recuperação judicial. Neste caso, pelo que o Petronotícias apurou, é o típico exemplo do feitiço que virou contra o feiticeiro.
A construção da UPGN era uma das obras que tinha maior conteúdo nacional na execução do Comperj. Quando assinou o contrato, o consórcio apostou num trabalho eficiente de seu pessoal, já que o preço estava quase no limite da real capacidade de realização. Durante a obra, foi decidido pelas empresas contratarem vários equipamentos no exterior, principalmente na Índia, já que era atrativo o preço no mercado internacional, mesmo com a possibilidade do pagamento de multas para a ANP pelo descumprimento das exigências de conteúdo local. Ainda assim, seria vantajoso, pelo que concluiu a gestão do consórcio. Com a recente disparada do dólar e a incerteza do mercado de câmbio, agravada pelas crises econômica e política, ficou inviável fazer o pagamento das encomendas no exterior.
O consórcio buscou a Petrobrás para fazer novos ajustes no preço do contrato em função desta disparada do dólar. Acertadamente, o seu diretor de engenharia, Roberto Moro, negou um novo aporte. A estatal não poderia ser penalizada pela decisão empresarial do consórcio, que parecia certa na época, e que se tornou um transtorno intransponível devido à realidade brasileira do momento. A conta não era dela. Neste caso, a demissão dos 800 funcionários e a consequente paralisação da obra está na conta do mau gerenciamento das empresas.
Uma decisão sobre a continuidade da obra ainda está sendo costurada para dar prosseguimento à conclusão da UPGN, que ainda dependerá de outras unidades serem construídas e entrarem em operação: a Unidade de Centrais de Utilidade, que está sob a responsabilidade do consórcio TUC, formado pela Toyo, UTC e Odebrecht; o Pipe Rack, sob a responsabilidade do consórcio CPPR, formado pela Odebrecht, UTC e Mendes Junior; e a Tubovia, obra que está sendo liderada pela Andrade Gutierrez. A previsão para os primeiros testes e entrada em operação do Comperj é outubro de 2017.
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