PARENTE QUER MANTER PETROBRÁS VERTICALIZADA E AFASTA POSSIBILIDADE DE PRIVATIZAÇÃO, MAS AVALIA VENDA DE CONTROLE EM SUBSIDIÁRIAS

PARENTEA Petrobrás está se rearticulando e o novo comando da empresa ainda trabalha no planejamento estratégico a ser traçado para os próximos anos, mas, apesar de ainda estar com muitas questões em aberto para avaliação, algumas diretrizes já estão definidas. Entre elas, a impossibilidade de se aventar uma privatização, a busca por uma ágil redução do endividamento e a manutenção da estrutura verticalizada, com presença no upstream e no downstream.

Essas linhas foram dadas pelo atual presidente da estatal, Pedro Parente, que revelou alguns detalhes desse processo em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.

O executivo refutou claramente a hipótese de privatização da companhia como um todo, afirmando que a sociedade brasileira não estaria preparada para sequer discutir o assunto. No entanto, ele confirmou que avalia a possibilidade de se desfazer do controle de alguns ativos, como a BR Distribuidora e a Transpetro, além de estudar parcerias na área de refino, com o Comperj como um dos focos. Ainda assim, caso venha a optar por este caminho, ele ressaltou que seria numa modalidade de cocontrole, garantindo os objetivos estratégicos da companhia.

Neste caso, ele lembrou de parcerias que a Petrobrás já possui na área de exploração e produção inclusive com participações minoritárias em alguns projetos, apontando que não há dogmas internamente nas discussões – com a exceção da privatização da empresa.

Sobre o conteúdo local, Parente se disse a favor da política, porém contra a reserva de mercado. Em sua visão, o foco do programa deve ser enfatizado no que o País consiga produzir com competitividade.

Já em relação aos escândalos de corrupção descobertos pela Operação Lava Jato, ele afastou as suspeitas do corpo funcional da companhia, afirmando que as ações foram tomadas a partir de 20 ou 30 pessoas, num grupo de mais de 80 mil, ressaltando que o maior problema foi a escolha deliberada desses desonestos para liderar a empresa. Para ele, esses funcionários foram colocados lá com essa intencionalidade.

Apesar dessas críticas indiretas ao governo do PT e à presidente afastada Dilma Rousseff, ele disse que a gestão anterior a dele – de Aldemir Bendine – conseguiu estancar a hemorragia que havia sido gerada nos anos anteriores, e agora o maior desafio é o equacionamento da dívida, que saltou de menos de uma vez sua geração de caixa em 2010, após a capitalização, para quatro vezes a geração de caixa em 2014.

Com este foco, ele planeja levar adiante o plano de desinvestimentos, com mais US$ 14,1 bilhões a serem arrecadados com a venda de ativos ainda este ano. Além disso, nas entrelinhas ele deixou a mensagem de que o total a ser levantado no processo pode ser ainda maior, já que a “grande discussão” será a velocidade de redução do endividamento. “Em hipótese nenhuma será pior que a meta colocada”, disse ao jornal.

Parente também falou sobre as ações que correm contra a empresa nos Estados Unidos, onde já foram avaliadas no mercado em até dezenas de bilhões de dólares, mas o executivo evitou dar uma previsão, afirmando apenas que trabalham para reduzir ao máximo possível esse possível risco e sem fazer provisionamentos para este fim.

Nesta linha, já antecipando a estratégia de defesa a ser adotada, ele enfatizou que a companhia foi vítima de uma quadrilha, sem qualquer benefício para si. Comparou ainda com o caso da Enron, que praticou irregularidades para beneficiar a própria empresa. “A Petrobrás não teve benefícios, só teve perdas. Uma perda financeira e uma perda reputacional”, afirmou à Folha.

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