PARTICIPAÇÃO DO SETOR PRIVADO EM USINAS NUCLEARES ESTÁ MAIS PRÓXIMA
Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) –
O presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan), Antonio Müller (foto), afirmou que esteve nos últimos dias com membros do governo e acredita que as mudanças necessárias à entrada da participação privada no setor de geração nuclear estejam mais próximas.
O executivo falou, em workshop organizado para jornalistas, no Rio de Janeiro, sobre o interesse da indústria em investir no segmento, mas ressaltou que os empresários só deverão alocar recursos em usinas nucleares se puderem ter mais de 50% de participação nos projetos.
“O investidor quer ter segurança no investimento, sem riscos inerentes aos processos estatais, como a lei de licitações, que pode gerar atrasos e barreiras. A participação majoritária é uma demanda da iniciativa privada para que se sinta a vontade para investir”, disse.
Müller citou a Alemanha como país que anunciou o fim das usinas nucleares, mas que vem construindo 23 novas usinas a carvão, além de importar energia nuclear da França. O executivo apontou uma série de países vizinhos ao território germânico, indicando que muitos estão construindo usinas nucleares já com o plano de exportar para a Alemanha.
“O Brasil é a sétima reserva mundial de urânio, domina a tecnologia de geração e o ciclo de combustível, além de ter condição de construir usinas com um alto índice de conteúdo local”, destacou.
Os executivos da Eletronuclear presentes no evento confirmaram que a empresa apóia a entrada do capital privado no setor, mas não falam sobre a participação majoritária. O diretor técnico da Eletronuclear, Luiz Soares, foi questionado sobre possíveis barreiras técnicas à participação privada, mas não confirmou a possibilidade.
“Para a área técnica, o importante é que durante a construção não haja falta de recursos”, afirmou.
Já o engenheiro Carlos Henrique Mariz, assistente sênior da presidência da Eletronuclear, deixou claro que haverá necessidade do capital privado para que os projetos em gestação no segmento sejam levados adiante.
“Serão necessários muitos investimentos. A forma de fazer isso é evidentemente com a participação privada”, afirmou.
O engenheiro Drausio Atalla, supervisor da presidência da Eletronuclear, avalia que apenas um projeto de uma nova central nuclear, com seis usinas, poderia custar R$ 50 bilhões, sem contar juros e taxas envolvidas ao longo do tempo. Para isso, ele ressalta que a participação da indústria privada seria indispensável, já que o Estado não poderia dispor de uma soma tão grande apenas para usinas nucleares.
O presidente da Abdan ressalta que outros pontos também precisam ser alinhados para que a indústria de fato se interesse, como o aprimoramento do licenciamento ambiental e a criação de uma agência reguladora exclusiva para o setor nuclear.
“Propomos que seja feito como nos Estados Unidos, onde o processo de licenciamento de construção e operação é feito de maneira conjunta. Desta maneira, agiliza o processo e não tira a competitividade dos projetos”, defendeu Müller.
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