PAULO ROBERTO COSTA CONFIRMA RECEBIMENTO DE US$ 23 MILHÕES DE EMPREITERA

Em depoimento ao Ministério Público no regime de delação premiada, Paulo Roberto Costa confessou ter recebido US$ 23 milhões para facilitar de uma empreiteira com a Petrobrás no exterior, quantia que se encontra bloqueada em contas bancárias na Suíça, de acordo com matéria do jornal O Globo. O montante bloqueado deverá ser repatriado ao Brasil ao longo dos processos abertos a partir de descobertas da operação Lava-Jato. Segundo Costa, essa transação foi feita sem a intermediação do doleiro Alberto Youssef, que também se encontra preso e aceitou colaborar com as investigações no regime de delação premiada. Os investigadores já haviam recebido informações sobre essas propinas antes mesmo da prisão do ex-diretor.

Paulo Roberto também confessou ter embolsado US$ 1,5 milhão para não interferir no processo da polêmica aquisição da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que resultaria em prejuízos para a companhia. Esse valor, de acordo com ele, foi pago por um intermediário de um dos grupos envolvidos no negócio. Preso desde junho, o ex-diretor decidiu fazer acordo de delação premiada no final de agosto, depois que PF e Ministério Público incluíram suas filhas e seus genros, que intermediaram alguns de seus negócios, nas investigações. A confirmação das denúncias poderá livrar Costa de futuras penas de prisão. Ao todo, ele prestou cem depoimentos aos procuradores que estão à frente das investigações. As declarações foram enviadas ao relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Teori Zavascki, que deverá decidir se abre ou não inquérito contra os parlamentares acusados.

Em agosto, a revista Veja revelou os nomes citados por Paulo Roberto Costa à PF no recebimento de propinas por contratos na estatal. Entre eles, estão o deputado Henrique Eduardo Alves; o senador Renan Calheiros; o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão; o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral;  a governadora do Maranhão, Roseana Sarney; e o ex-governador de Pernambuco e ex-candidato à Presidência da República, Eduardo Campos, morto no mês passado em acidente aéreo. No último sábado (20), a Folha de São Paulo divulgou que também foram citados os  ex-diretores Renato Duque, de engenharia, e Nestor Cerveró, da área internacional. Outro nome que entrou na mira da Polícia Federal é Guilherme Estrela, ex-diretor de Exploração e Produção,  ligado diretamente ao Partido dos Trabalhadores, que ajudou a fundar.

Em seu depoimento na CPI da Petrobrás, no dia 17 de setembro, Paulo Roberto Costa preferiu não responder as perguntas dos parlamentares e dizia apenas que se reservava “o direito de ficar calado”, decisão já esperada por causa da colaboração nas investigações no regime de delação premiada. De qualquer modo, o ex-diretor deverá ser condenado a uma pena aproximada de cinco anos, o que lhe garantiria, ao final do processo, o direito ao regime semiaberto, no qual seria sentenciado a uma sanção menor do que oito anos de prisão, recebendo a condição de trabalhar durante o dia fora da cadeia, voltando para o presídio no início da noite. Nesse caso, a progressão da pena poderia lhe levar ao regime aberto em poucos meses.