PESQUISA REVELA QUE O DECLÍNIO DO USO DO CARVÃO TÉRMICO SE APROXIMA MAIS RÁPIDO DO QUE SE IMAGINAVA
O pico e o declínio do carvão térmico global estão se aproximando mais rápido do que se imaginava: a demanda por esse combustível fóssil poderá ser revertida antes de 2025, de acordo com um novo relatório divulgado hoje pelo think tank francês IDDRI (Institute for Sustainable Development and International Relations) e pela rede britânica Climate Strategies. Isso significa que a implementação de caminhos compatíveis com o Acordo de Paris, longe do carvão, é viável nas economias que ainda mais usam carvão dentro de 20 a 30 anos, o que seria benéfico tanto do ponto de vista social quanto econômico. O relatório, “Implementando transições de carvão: insights de estudos de caso de grandes economias consumidoras de carvão”, também concluiu que as principais economias que usam carvão podem praticamente eliminá-lo sem aumentar significativamente os custos de energia para os consumidores, ao mesmo tempo em que obtêm benefícios econômicos e sociais da transição para novos setores. Segundo o estudo, desenvolver estratégias de transição é mais urgente do que nunca, porque a economia e as preferências sociais estão se voltando contra o carvão.
Mais de 30 governos e mais de 50 empresas se comprometeram a eliminar o carvão do setor elétrico até 2030, sob a Aliança Powering Past Coal. Oliver Sartor, Coordenador de Transições de Carvão do IDDRI , disse que “Nossa análise conclui que o cenário mais provável é que a demanda global por carvão térmico atingirá o pico e começará a declinar no início até meados da década de 2020. Isso será impulsionado pelo reequilíbrio econômico da economia chinesa, a crescente importância política da qualidade do ar e do solo e a disponibilidade de água nos países em desenvolvimento, e o simples fato de que agora é mais barato fornecer acesso à eletricidade através de fontes renováveis do que o carvão”.
Pesquisas recentes mostrando que em 2030, 70% das pessoas do mundo sem acesso a energia poderiam receber energia mais barata via energia renovável em pequena escala do que através de usinas movidas a carvão ou a gás. De acordo com o relatório, o carvão térmico poderia ser substituído por um portfólio de outras opções, dependendo do país, incluindo energia mais limpa, eficiência energética e, em alguns casos, quantidades residuais de carvão com captura e armazenamento de carbono. As autoridades nacionais e locais também poderiam explorar a possibilidade de implementar novas atividades econômicas baseadas em setores inovadores.
Esse cenário representa uma ameaça aos principais países exportadores de carvão, como Austrália e África do Sul, que parecem estar despreparados para a próxima queda na demanda global por carvão – a qual pode ser provocada por uma pequena queda de apenas 5-10% no uso doméstico de carvão térmico somente na China. Embora não seja suficiente para atender as metas chinesas sob o Acordo de Paris, essa pequena redução poderia acabar com até um terço do mercado marítimo global de carvão, deprimindo assim o preço do carvão no mercado internacional.
Para quem quiser mais informações, o relatório resumido, os seis relatórios referentes à China, Índia, Austrália, África do Sul, Alemanha e Polônia e o relatório sobre o mercado mundial de exportação de carvão a vapor podem ser encontrados neste endereço: https://coaltransitions.org/reports/
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