PESQUISADORES BRASILEIROS DESENVOLVEM CÉLULA SOLAR COM MAIOR EFICIÊNCIA DO PAÍS
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
Um projeto coordenado por pesquisadores brasileiros conseguiu obter uma célula solar com um índice de eficiência de 17,3%, o maior percentual registrado no País. A iniciativa foi realizada pela equipe do Núcleo de Tecnologia em Energia Solar (NT-Solar) da PUC do Rio Grande do Sul, e coordenado pelos professores da Faculdade de Física Izete Zanesco (foto) e Adriano Moehlecke, em parceria com a Eletrosul. Agora, a equipe se prepara para seguir as próximas etapas. “A próxima fase será avaliar a parte de viabilidade econômica desse processo. Comparar os custos e eficiência com os modelos disponíveis no mercado“, afirmou Izete. A professora também contou que o NT-Solar está com um novo projeto para avaliar a viabilidade de sistemas fotovoltaicos em cooperativas localizadas em propriedades rurais.
Desde quando começou este projeto? Como surgiu a ideia?
Começamos os estudos nessa área ainda durante nossos doutorados, na Universidade Politécnica de Madri, na Espanha. Trouxemos ideias de lá para serem implantadas aqui. Inicialmente, desenvolvemos uma célula solar com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e com a Universidade Politécnica de Madri. Foi a mais eficiente da época, com 17%. Só que tratava-se de um processo de laboratório. Mas foi um resultado bastante importante e que nos deu a base para o projeto planta piloto, uma parceira com a Finep, Eletrosul, grupo CEEE e a Petrobrás. Foi projeto importante onde passamos a tecnologia de laboratório para o processo industrial. Desta iniciativa, conseguimos dois processos para fabricar as células solares.
Depois desse projeto demos continuidade à análise de viabilidade econômica desta tecnologia. E nós continuamos com um projeto para desenvolver uma linha de células solares com a Eletrosul. Foi um projeto de quase 3 anos que terminou com a ideia da célula solar atual. A indústria usa alumínio em toda a face posterior da célula. Em nosso projeto, substituímos o alumínio da face posterior por difusão de boro para obter a passivação tanto na parte frontal quanto na posterior. A passivação serve para melhorar a superfície da célula – quanto melhor a superfície, maior a eficiência.
Quais foram os resultados?
Utilizamos esse processo que descrevi e chegamos a uma célula com 17,3% de eficiência, a maior registrada no Brasil. Em média, as tecnologias que existem no mercado chegam a 16,5%. Algumas mais caras conseguem obter 17%.
Além de maior eficiência, que outras vantagens essa célula vai oferecer ao setor solar?
Elas possui duas principais vantagens. Uma delas é que nas células atuais se buscam que as lâminas de silício sejam mais finas para redução de custo. Usando o boro na face posterior, evitamos que a estrutura se abale. Ou seja, já estamos visando essa linha de pesquisa em lâminas de silício mais finas. A outra vantagem é que também está se estudando as células solares bifaciais. Isto é, com a mesma lâmina pode se produzir mais energia elétrica, com a parte frontal e a posterior.
Quais serão os próximos passos do projeto?
A próxima fase será avaliar a parte de viabilidade econômica desse processo. Comparar os custos e eficiência com os modelos disponíveis no mercado.
Quando o projeto deve estar disponível no mercado?
Vamos encaminhar uma patente de uma etapa desse processo nos próximos meses, mas dependemos ainda da análise da viabilidade técnico-econômica. Isso vai levar ainda um tempo. Temos que começar a organizar em como fazer essa análise.
Quais foram os maiores desafios durante o projeto?
Os burocráticos. Em todos os processos temos muitas etapas burocráticas, que demandam mais tempo e, assim, temos que investir mais energia para superá-las.
E que outros projetos o NT-Solar está desenvolvendo?
Temos três linhas de atuação: a de células solares de silício, a de módulos fotovoltaicos e a de sistemas fotovoltaicos. Na primeira linha, desenvolvemos processos industriais de células mono e bifaciais. Na segunda, trabalhamos no desenvolvimento de módulos padrões e convencionais e módulos com sistema de concentração.
Na terceira de linha de atuação, estamos com um projeto iniciado no final do ano passado para a avaliação tecnológica e econômica de sistemas fotovoltaicos em cooperativas em propriedades rurais. Estamos desenvolvendo esta iniciativa em parceria com Itaipu, no Paraná, em três cooperativas onde vamos instalar sistemas fotovoltaicos com diferentes tecnologias. Vamos fazer uma análise para entender e viabilizar uso de sistemas fotovoltaicos no meio rural.
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