PESQUISADORES PUBLICAM ESTUDO SOBRE CATALISADOR QUE PODE ACELERAR PRODUÇÃO DE BIODIESEL

Um estudo de cientistas brasileiros e alemães publicado na revista ACS Applied Nano Materials apresentou resultados promissores sobre o uso de um novo tipo de catalisador para acelerar a produção de biodiesel. O trabalho envolveu pesquisadores da  Universidade Federal de São Carlos, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Max Planck Institut, na Alemanha, com o suporte da FAPESP.

O biodiesel é uma das alternativas ao uso de combustíveis fósseis e pode ser produzido por diferentes processos. Um deles, chamado de transesterificação, é o mais comum, por ser eficiente e mais facilmente controlável. Nesse método de produção, os triglicerídeos do óleo vegetal reagem com um álcool na presença de um catalisador.

No trabalho, foram testados sete tipos diferentes de nanomateriais à base de nitreto de carbono, caracterizados por várias técnicas, para verificar suas propriedades estruturais e morfológicas. Os testes catalíticos verificaram a eficácia na transesterificação de óleo de canola para a produção de biodiesel. O estudo demonstrou que tanto a qualidade do biodiesel produzido quanto o tempo de reação são melhorados com o uso desses catalisadores.

“Modificamos uma série de nitretos de carbono e descobrimos uma correlação entre a quantidade de sítios básicos e sua atividade para a reação de transesterificação. Demonstramos que eles atuam como catalisadores básicos, mecanismo que ainda era pouco entendido para esses materiais”, disse o professor do Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Ivo Freitas Teixeira, um dos autores do artigo.

Teixeira observa que, em grande parte dos casos, o processo de transformação de óleos vegetais em biodiesel envolve o uso do hidróxido de sódio como catalisador básico. Contudo, uma vez que esse catalisador é homogêneo, ele não pode ser recuperado ao final da reação e, adicionalmente, requer uma etapa de ajuste de pH.

A substituição do hidróxido de sódio por um catalisador heterogêneo, ou seja, um que não se dissolva no meio, tem a vantagem de eliminar a necessidade de ajuste de pH e, ao mesmo tempo, possibilita a recuperação do catalisador para reutilização. Isso reduz os custos associados à produção do biodiesel. Além disso, esses materiais que se baseiam em nitretos de carbono consistem predominantemente de carbono e nitrogênio, substâncias de custo acessível.

“Apesar de ainda muito preliminar, nosso trabalho mostrou que nitretos de carbono apresentam um grande potencial para serem aplicados como catalisadores na produção de biodiesel. Como esses materiais são sólidos e não se solubilizam nas condições reacionais, aplicando-se uma simples centrifugação nós fomos capazes de separá-los ao final da reação e reutilizá-los”, finalizou. O estudo dos pesquisadores pode ser lido neste link.