PETRES ENERGIA INICIARÁ TESTE DE LONGA DURAÇÃO EM TUCANO SUL E AVALIA AUMENTAR SEU PORTFÓLIO DE ATIVOS
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
No próximo mês, a Petres Energia completará o seu primeiro ano de vida. Mas esse não é o único motivo de comemoração dentro da empresa. Durante o ano de 2021, a companhia assegurou importantes ativos terrestres e começou a acompanhar, inclusive, oportunidades referentes à transição energética. Para conhecer os principais feitos da empresa até aqui e revelar os projetos para o futuro, o Petronotícias conversa hoje (7) com a sócia da Petres Energia, Renata Isfer. A executiva revela que a empresa pretende iniciar no primeiro semestre de 2022 a produção na Bacia de Tucano Sul, em parceria com a Imetame e a EnP, por meio de um Teste de Longa Duração no poço Cajuba. Enquanto isso, a Petres – em consórcio com a EnP – também prepara trabalhos exploratórios em 10 blocos terrestres na Bacia do Espírito Santo. “Além disso, estamos avaliando novas oportunidades, inclusive no que diz respeito à Oferta Permanente e novas parcerias em campos maduros”, acrescentou. Renata conta ainda que a companhia também acompanha oportunidades referentes à captura de carbono e ao hidrogênio.
A Petres se aproxima do seu primeiro ano de existência e esse seria um bom momento para que fizesse um balanço da atuação da empresa nesses primeiros meses.
A Petres teve um primeiro ano bastante positivo. Adquirimos, por meio de uma joint venture com a EnP Ecossistemas e em consórcio com a Imetame Energia, 10 blocos na Bacia do Espírito Santo e dois blocos na Bacia de Tucano Sul. O caso específico de Tucano foi uma oportunidade não mapeada no momento da criação da empresa, mas que o Fabricio Fumagalli, com sua visão inovadora, trouxe à atenção de nossos técnicos já nos primeiros meses da empresa e que tem se mostrado com um grande potencial. A Energy Paranã [joint venture entre a Petres e a EnP] e a Imetame adquiriram 2 blocos em um leilão realizado pela CDGN, que executou o contrato de penhora sobre os direitos emergentes da antiga operadora dessas concessões, algo que nunca tinha ocorrido no Brasil. Consideramos os riscos e agora estamos realizando os estudos e testes para dar prosseguimento à fase exploratória.
Como foi o desafio de fundar a empresa em meio a um cenário tão desafiador, marcado pela pandemia e a economia em ritmo lento?
Há pessoas que olham para cenários desafiadores e veem apenas risco. Outras pessoas veem oportunidades, como é o meu caso e o do meu sócio Fabrício Fumagalli [diretor do Grupo Interalli, que é um dos sócios majoritários da Petres Energia]. Algumas empresas estão desfazendo-se de ativos muito interessantes para empresas de pequeno porte, enquanto o governo vem incluindo novos blocos na oferta permanente e regulamentou a redução de royalties para pequenas e médias empresas. Há bons investimentos disponíveis e estamos em um momento que o Brasil precisa, mais do que nunca, de novos investidores.
No final do ano passado, a Energy Paranã foi autorizada a atuar como comercializadora de gás natural pela ANP. Seria interessante conhecer mais sobre as perspectivas de negócios e previsões de resultados a partir dessa atividade.
Os nossos blocos em Tucano possuem um ótimo potencial de produção de gás natural, inclusive já com uma descoberta de gás, e estamos estudando alternativas de negócios para esse gás, inclusive a sua comercialização. No final do ano passado, assinamos um contrato de compra e venda de gás com a CDGN, com duração de 10 anos, que iniciará com a monetização do gás produzido durante o TLD e transportado por GNC pela CDGN. Especialmente para mim, que me envolvi tanto com o projeto de abertura do gás natural no Brasil, é uma realização pessoal contribuir do outro lado da mesa e aumentar a oferta de gás natural no país.
Como estão os trabalhos exploratórios nos blocos da Energy Paranã na Bacia de Tucano Sul? O levantamento sísmico já foi concluído? O que vem a seguir?
Já finalizamos os levantamentos e os dados estão em fase de processamento, para então serem interpretados. Vou confessar que esse momento gera até uma certa ansiedade, pois serão os primeiros resultados de estudos que teremos em nossos projetos. A ideia é dar início a um teste de longa duração (TLD) no Poço Cajuba, já protocolamos o nosso Plano de Avaliação de Descoberta (PAD) na ANP e esperamos dar início a ele ainda no primeiro semestre.
E quanto aos blocos na Bacia Terrestre do Espírito Santo? Pode nos contar um pouco mais sobre os planos para essas áreas?
Nos Blocos da Bacia do Espírito Santo, novamente trouxemos um olhar inovador para essas concessões. Em uma reunião com o Márcio Félix, CEO da EnP, ao comentarmos sobre os poços já existentes naqueles blocos, ele teve a ideia de estudarmos a sua reexploração. Afinal, muitos desses poços foram considerados não comerciais há mais de décadas ou então em épocas em que o preço do óleo e do gás estavam muito baixos. Além disso, as avaliações foram feitas pela Petrobrás que, como não poderia deixar de ser para uma empresa do seu porte, tem seu foco em ativos muito maiores, como é o caso do pré-sal.
Por outro lado, a evolução tecnológica e a valorização de óleos mais pesados com baixo teor de enxofre podem significar que essas mesmas antigas descobertas podem ter se tornado atraentes no novo cenário nacional do mercado de óleo e gás, especialmente para empresas de pequeno e médio porte. Ainda esse ano, planejamos reentrar em um desses poços e estamos estudando os desafios regulatórios da reexploração, que também nunca foi feita por uma empresa privada no Brasil e que sequer tem regulamentação específica para isso.
Como avaliam, de modo geral, as mudanças regulatórias feitas até aqui no segmento de gás natural? Alguma medida ainda seria necessária para aquecer mais o ambiente de negócios?
Eu não tenho dúvida que tivemos grandes avanços. Os desinvestimentos da Petrobrás, o TCC [Termo de Compromisso de Cessação] celebrado entre o CADE [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] e a Petrobrás e a Nova Lei do Gás já vêm apresentando excelentes resultados de abertura do mercado. Houve o compartilhamento da UPGN Guamaré, temos novos carregadores nos gasodutos de transporte e algumas distribuidoras estaduais adquiriram gás natural de outras empresas que não a estatal, como é o caso da Copergás, fatos históricos e grandes vitórias para o país.
Não obstante, os volumes negociados são muito pequenos comparados com os volumes do agente dominante e as medidas tomadas, infelizmente, ainda são insuficientes. Existem 4 pontos principais que entendo que ainda são gargalos nesse processo: a necessidade de gas release e de capacity release, o efetivo envolvimento dos governos estaduais na adoção de boas práticas regulatórias na distribuição, a aceleração do processo de regulação da Nova Lei do Gás Natural na ANP e o avanço das medidas propostas no Reate, inclusive com mais áreas sendo incluídas na Oferta Permanente.
Como estão as perspectivas da Petres para esse ano de 2022?
Em 2022, planejamos avançar na exploração dos blocos que já adquirimos e esperamos começar a produção em Tucano, no âmbito do TLD. Além disso, estamos avaliando novas oportunidades, inclusive no que diz respeito à Oferta Permanente e novas parcerias em campos maduros. Estamos também acompanhando o avançar da transição energética, especialmente no que toca à captura de carbono e ao hidrogênio.
A Interalli, uma das sócias da Petres, já vem investindo em geração fotovoltaica e hídrica há alguns anos. Acreditamos que a transição precisará que o setor de óleo e gás e de energias renováveis caminhem juntos na redução das emissões, sendo ambas necessárias para que o acesso à energia continue em seu processo de universalização nesse período.
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