PETROBRÁS ASSINA COM A SEMBCORP MARINE O CONTRATO DA PLATAFORMA P-82, QUE SERÁ CONSTRUÍDA EM SINGAPURA

sembcorpAparentemente, a inteligência e a esperteza asiática levaram vantagem nos negócios em cima da Petrobrás. A estatal brasileira acaba de assinar o contrato de um novo FPSO para o campo de Búzios, a P-83. Desta vez, o contrato foi assinado com o estaleiro Sembcorp, de Singapura, que havia feito a oferta de US$ 3,7 bilhões – a mais cara plataforma que a Petrobrás já pagou. Em um comunicado na manhã desta terça-feira (4), a Petrobrás informou que “assinou com a empresa Sembcorp Marine Rigs & Floaters, contrato para construção da plataforma P-82”. A petroleira acrescentou que a embarcação do tipo FPSO (sistema flutuante de produção, armazenamento e transferência de petróleo) “será uma das maiores a operar na indústria de petróleo e gás mundial, com capacidade de produzir até 225 mil barris de petróleo por dia (bpd) e processar até 12 milhões de m³ de gás/dia – além de armazenar mais de 1,6 milhão de barris.” Na verdade, essa decisão foi tomada depois das denúncias de irregularidades publicadas pelo Petronotícias, com base nas informações do consultor Filipe Rizzo (foto abaixo, à direita), já que tanto a P-80 quanto a P-83, tinha sido entregues ao grupo Keppel.

A irregularidade estava na origem. Apenas duas empresas entregaram propostas: Keppel e Sembcorp, com uma discrepância absurda nos preços de uma para outra.felipe Mas, na verdade, já eram a mesma empresa. Havia sido feita uma fusão. O erro era claro. A solução da Petrobrás foi, então, dividiras plataformas pelas duas empresas. Parece de boa-fé, mas o dinheiro vai para o mesmo bols. Atualmente, as duas empresas já estão trabalhando juntas e esperando aprovações pelo mundo. No Brasil, o CADE já aprovou. Agora, já circula no mercado a informação que a Petrobrás está cogitando comprará P-84 usando esse BID com a próprio a Sembcorp. Aliás, mesmo antes de assinar o contrato com a Petrobrás, a Sembcorp contratou o fabricante de módulos SUEZ, no Egito, e o casco com a COSCO, da China.

Para lembrar,  no dia 19 de agosto, o Petronotícias publicou uma entrevista com o consultor do mercado de óleo e gás Filipe Rizzo, que apontou uma série de problemas e incoerências no processo de contratação dos navios-plataformas P-82 e P-83, da Petrobrás. Um breve retrospecto sobre o caso ajudará no entendimento do tema. No dia 15 de agosto, a Petrobrás anunciou a assinatura do contrato com a Keppel Shipyard para construção da P-80, que será instalada no buzios-mapacampo de Búzios. Ao mesmo tempo, dentro dessa mesma licitação, a petroleira brasileira estava em negociações para a contratação de mais duas unidades para Búzios: a P-82 e a P-83. O grande X da questão está no fato de que apenas duas empresas fizeram lances na concorrência das plataformas: a Keppel Shipyard e a Sembcorp Marine, duas companhias que atualmente estão em processo de fusão no exterior. A Keppel ofereceu duas propostas, de US$ 2,9 bilhões cada, para construir a P-80 e a P-82, enquanto que a Sembcorp propôs cerca de US$ 3,7 bilhões para cada unidade. Como já explicamos, a Keppel já conquistou o contrato da P-80. Pelas regras do edital, a vencedora da primeira unidade ficaria de fora da disputa da segunda. Por isso, a Petrobrás negociou com a Sembcorp o segundo contrato, o da P-82. O edital previa ainda a contratação de uma terceira unidade extra, a P-83 – e esse projeto também já foi concedido a Keppel. O fato de Keppel e Sembcorp estarem em fusão e terem sido as únicas a apresentarem propostas chamou atenção de parte do mercado.

Búzios é o maior campo em águas profundas do mundo e terá, ao todo, 11 plataformas. Atualmente quatro unidades já estão em operação (P-74, P-75, P-76 e P-77), outrasp-74 quatro estão em processo de construção (FPSO Almirante Barroso; FPSO Almirante Tamandaré; P-78 e P-79) e mais três tiveram contratos assinados recentemente para construção – P-80, P-83 e, finalmente, a P-82, anunciada hoje.

A P-82 será a décima plataforma a ser instalada em Búzios e está programada para entrar em operação em 2026. A Petrobrás é a operadora do campo com 92,6% de participação, tendo como parceiras a CNOOC e a CNODC, com 3,7% cada.

A plataforma será a 29ª unidade a entrar em produção no pré-sal e integra a nova geração de plataformas da Petrobrás, que se caracterizam pela alta capacidade de produção e pelas tecnologias inovadoras de baixo carbono.  A unidade irá incorporar, por exemplo, a chamada tecnologia de flare fechado, que aumenta o aproveitamento do gás, de forma segura e sustentável, e impede que ele seja queimado para a atmosfera. Outra inovação será o sistema de detecção de gás metano, capaz de atuar na prevenção ou mitigação de riscos de vazamentos desse composto. A plataforma será equipada ainda com a tecnologia de Captura, Uso e Armazenamento geológico de CO2 – o chamado CCUS. A Petrobrás é pioneira na utilização dessa tecnologia, que permite aliar aumento da produtividade com redução de emissões de carbono. Outra nova tecnologia é chamada de “gêmeos digitais”, que consiste na reprodução virtual da plataforma, para viabilizar simulações e testes remotos, antes da entrada da plataforma em operação, fator que visa garantir a segurança e a confiabilidade operacional.

Deixe seu comentário

avatar
  Subscribe  
Notify of