PETROBRÁS DECIDE CONSTRUIR MAIS DUAS PLATAFORMAS NO EXTERIOR E FRUSTRA NOVAMENTE EMPRESAS BRASILEIRAS
O Petronotícias publicou uma entrevista especial com o Ministro de Minas e Energia na terça-feira (12), onde o Almirante Bento Albuquerque encheu de otimismo o empresário brasileiro do setor de óleo e gás, que se sente abandonado por ser raramente contratado para fazer obras para a Petrobrás. A preferência tem sido escolher empresas estrangeiras. Para as brasileiras, sobra uma obra aqui outra ali, mas sempre as menores. Apesar do chamamento ao otimismo, o presidente da Companhia, Roberto Castello Branco, deu de ombros e virou as costas às orientações de seu chefe. Ele é subordinado ao Ministro Bento, mas foi professor do Ministro Paulo Guedes, que lhe convidou para o cargo. E isso parece lhe dar um certo poder. E se depender dele, vai impor o que aprendeu e ensinou nos bancos da Universidade de Chicago: um liberalismo dos anos 60, que nem os Estados Unidos usam mais. Basta olhar a política do Presidente Donald Trump que fez a América voltar a crescer. É o liberalismo do farinha pouca, meu pirão primeiro.
Se depender de Castello Branco, as empresas brasileiras vão continuar a comer o pão que o diabo amassou. Depois da decisão de conteúdo local zero para a Plataforma de Mero 3, ele indica ao Vice-Presidente do Sindicato da Indústria Naval, Sérgio Bacci (foto à direita), que as plataformas P-78 e P-79 (unidades próprias destinadas ao campo de Búzios) serão levadas para o mercado asiático. Esta decisão faz pensar qual será o legado que o presidente da Petrobrás deixará para sua história e para a história das indústrias da cadeia de petróleo do país. Será que seus filhos e netos terão orgulho do pai e do avô que provoca o fechamento de inúmeras indústrias e o fechamento de milhares de empregos? O futuro, logo ali, dirá. Ele pode até estar bem intencionado falando que deve haver competitividade, mas esquece que para isso precisa de igualdade de condições. É o mesmo que exigir que o lendário Ayrton Senna vencesse uma corrida dirigindo um fusca contra Lewis Hamilton com a sua Mercedes.
Não se trata de política de direita ou esquerda ou de protecionismo, mas de desenvolvimento com experiência para que haja sobrevivência das nossas indústrias e de nossos profissionais. Para um bom professor, a matemática deveria merecer mais respeito. E no caso dos números do desemprego no país, ela é contundente. Só não é para aqueles que não querem ver. São dados oficiais: 14,1 milhões de desempregados; 5,9 milhões de desalentados; 30,3% da população ativa está subutilizada. Mas, se não dói em mim, ninguém deve sentir nada também. Só assim se pode compreender o lema de Castelo Branco. O país precisando de empregos e a companhia usa seus investimentos para se criar empregos aos milhares no exterior. É assim mesmo? Durante a campanha para a presidência, o partido do Presidente Bolsonaro usava esses argumentos contra seus adversários. Dizia-se que o dinheiro do contribuinte brasileiro era usado para construir obras fora do país. Há dois dias (11), a Ford anunciou a saída do país e o fim de 5 mil empregos. Duas plataformas criam mais de 8 mil empregos diretos e mais de 80 mil indiretos.
Sergio Bacci lembra que já conversou no Ministério da Economia, no de Minas e Energia e até com o vice-presidente, General Hamilton Mourão: “A Petrobrás é mais do que 50% estatal. Se ela quer dar lucro para o investidor privado, pode optar por fazer a metade das plataformas no exterior a outra metade no Brasil, criando empregos. Não há condições de concorremos com os preços dos países asiáticos, porque as exigências daqui, não são aplicadas. Há um fracasso nessa política, mas eles não querem mudar a rota”, afirmou Bacci.
Na verdade, Castello Branco, não conhecia a empresa quando assumiu a sua presidência. Durante esses dois anos no cargo, demitiu, vendeu empresas, se desfez da maior distribuidora de combustível, dos maiores gasodutos do país, de fábricas de fertilizantes e não quer parar por aí. Quer vender também as refinarias. Forçou aposentadoria dos mais experientes profissionais da empresa e estabeleceu a política de focar apenas na produção dos campos do pré-sal. Será que todas as petroleiras do mundo estão erradas e só a Petrobrás está certa? No fundo, ele não conseguiu ter o respeito profissional dos funcionários da empresa, em sua grande maioria. Internamente, sua arrogância torna-se piadas contadas pelos cantos, onde até recebeu o apelido de Chacrinha, por sua semelhança física e pelas trapalhadas de algumas decisões, como os cancelamentos de licitações depois de meses em que empresas de todo mundo investiam para elaborar suas propostas de venda de serviços. Nem isso trouxe qualquer constrangimento e nem o famoso “desculpe lá!”. E que não se convide para a mesma mesa ele, os petroleiros sindicalizados e muito menos a Associação dos Engenheiros da companhia. A liderança que exerce da política do governo em privatizar as empresas da Petrobrás, fez de Castelo Branco uma espécie de persona non grata para essas categorias. Ninguém pode dirigir uma companhia como a Petrobrás sem a mesma paixão que seus funcionários tem pela empresa.
A decisão da Petrobrás sobre contratar no Brasil as plataformas P-78 e P-79 seria uma grande oportunidade de se gerar um grande impacto na geração de empregos e renda no país, principalmente no setor naval brasileiro. Os estaleiros estão praticamente abandonados. Roberto Castello Branco retirou o compromisso de políticas públicas que favoreciam o desenvolvimento do País. Devido à dificuldade de produzir igual ou ao menos similar à Ásia, seja por questões financeiras ou de impostos altos, exigências trabalhistas e exigências de QSMSRS, o Brasil não consegue ter uma regularidade. Não consegue ser competitivo. A Petrobrás fala em redução de custo mas, ao mesmo tempo, vende como sucata duas plataformas já cortadas e que estavam prontas para ser montadas. A explicação para que isso aconteça assim seria interessante de ouvir. Mas este segredo é guardado a sete chaves. É verdade que não foi uma decisão tomada nesta administração, mas foi mantida por ela. Até hoje o Estaleiro Rio Grande, no Rio Grande do Sul, ainda não conseguiu se desfazer dos pedações dessas plataformas. São as contradições de uma companhia que tem todos os ingredientes para ser o motor da retomada dos negócios, mas que foi contaminada por um sentimento ainda pior do que o Covid-19: a insensibilidade.
Há mais de 3 anos trato do tema e sou xingado por alguns. Estão aí os resultados dos meus prognósticos. O Brasil que se dane e viva o capital especulativo dono de fatias expressivas da Petrobras. Basta ver a atual distribuição acionária. Tudo em nome do lucro e tome gasolina cara, frete caro e mais inflação, que só não é maior por consumo reprimido.
Luciano concordo com vc e nos que trabalhamos na cadeia produtiva somos os mais afetados por esta politica de negocio da Petrobras
A minha pergunta até quando ficaremos refens desta politica.
Geração de empregos enorme é criada pela cadeia de petróleo e gás no Brasil. Haja vista a proporção que ela representa na economia do RJ,ES,Ba, SE, RN e Am. É imensa a contribuição de óleo e gás também na formação de profissionais qualificados em todos os níveis de formação. A principal razão disto se chama competitividade. Com ela é possível bancar uma carga tributária imensa, maior que 50% que retorna para a nação. Se é bem ou mal aplicada, isto depende dos brasileiros e de sua capacidade de fiscalizar os bens públicos. Se a decisão for subsidiar uma ou outra… Read more »
O legado serão os buracos deixados pela exploração do petróleo, um bem finito. O legado será os bilhões de impostos e royalts arrecadados pelo governo para manter esse nível(?) de serviços que ele governo devolve à sociedade. Simples assim. Somos um país de vira latas.
É lastimável que a presidência da empresa deixe de dar empregos aos brasileiros para dar aos estrangeiros. É muito fácil para o congresso deliberar sobre um programa de incentivo que permita às empresas brasileiras não pagarem os impostos atuais, mas uma redução deles incidentes durante o período da construção das plataformas, restabelecendo os valores atuais após a entrada em operação comercial das mesmas. Dá-se incentivos tributários até para motéis e não se pode dar para uma construção que gerará centenas de empregos? É só boa vontade do governo. O presidente não deve permitir isso, demitindo até o presidente da empresa,… Read more »
Ótima matéria, Petronotícias sempre a frente e em defesa da soberania e crescimento econômico Nacional e das empresas nacionais. Não é questão de direita ou esquerda mesmo, ou em épocas passadas havia uma aliança com os grandes tubarões e corrupção escancarada, e agora um liberalismo esdrúxulo ensinado pelo seu professor Paulo Guedes com possível respaldado pelo atual governo, causando impactos socioeconômicos profundo para o povo Brasileiro que sofre as mazelas o suficiente desde 2015. Esse País não tem cura e nem salvador, tudo farinha do mesmo saco. É inacreditável que as futuras monstras/obras de aço 78 e 79 sejam construídas… Read more »
Elegeram o pior presidente que este país poderia ter e esperavam o quê???
Sentem e aguardem. Tem muito mais pacotes de maldades a caminho.
Interessante o ponto de vista da matéria, a discussão sobre ideias (diferentes) é sempre um bom caminho. No entanto, como funcionário da Petrobras, tendo a discordar. A gestão atual está nos fazendo ter orgulho novamente da nossa empresa. Por meses fomos notícias nas capas de jornais sobre os roubos realizados por gestões antigas. Independente de partido político, a gestão atual está focada em fazer o melhor para a Petrobras. O caminho para “o melhor” pode ser questionável, mas não há como negar o direcionamento em prol da cia. Pelo estatuto da cia, criada há anos, ela tem por objetivo dar… Read more »
Discordo de você meu Caro, mesmo sendo funcionário da Petrobrás acredito que sua colocação que a CIA foi exclusivamente criada a fim de dar lucros está em parte equivocada, e sim foi fundada por um objetivo muito maior cfe. o projeto de lei que a criou em 1951, no intuito de abastecimento e consumo de energia para aceleração do crescimento de uma nação nas atividades de exploração, produção, refino, transporte e comércio exterior como fonte de recurso estratégico e garantia de segurança Nacional. Basta você ler este artigo muito interessante, segue o link para vossa apreciação. https://cenariospetroleo.editorabrasilenergia.com.br/a-dimensao-humana-da-energia-e-a-venda-das-refinarias-da-petrobras/ Até hoje se… Read more »