PETROBRÁS IGNORA JUSTIÇA E ASSINA CONTRATO COM A TOYO SETAL ACEITANDO PAGAR R$ 500 MILHÕES A MAIS PELA OBRA DO HDT DE PAULÍNIA

hdtA Petrobrás parece ser uma república que decidiu fazer sua independência. Faz o que quer. Seu novo presidente, José Mauro, virou de costas e deu um beijinho no ombro para os apelos e os alertas de perigo no caso de um novo aumento do diesel, feito pelo Presidente Bolsonaro, na live de quinta-feira passada (5). A empresa, que marca em torno 35% de lucro em seus produtos, é a petroleira que impõe a maior margem nos preços que exerce. Indicado pelo ex-ministro Bento Albuquerque, o novo presidente da estatal fez ouvido de mercador e aumentou os preços do diesel. Justamente o que o presidente alertou e pediu, temendo uma nova greve  dos caminhoneiros, aumento nos preços no varejo e o consequente aumento da inflação. A Petrobrás tapou os ouvidos e errou na mosca. Apenas o diesel que foi aumentado.

Agora, a companhia dá mais uma demonstração de sua arrogância e autonomia ao assinar um contrato com a Toyo Setal, também envolvida nas denúncias da Lava Jato, por US$ 458 milhões, aproximadamente R$2,5 bilhões. Ela faz isso depois de desclassificar a empresa AES Brasil, que ficou em primeiro lugar com o preço de R$ 1,8 bilhão, dentro do parâmetro da Petrobrás, mas foi desclassificada porque parte da proposta não estava escrita em inglês. O caso foi parar na justiça federal e ainda não teve decisão do desembargador responsável pelo processo. Mas e daí, a Petrobrás é Petrobrás, passou por cima de sua própria ilicitude e assinou o contrato com asilva e luna empresa que queria. Parece um jogo de cartas marcadas.

Na época do resultado da licitação, no final de janeiro desse ano, o Petronotícias trouxe o caso à público, quando o Presidente ainda era o General Silva e Luna (foto à direita). Mas nem a autoridade dele foi respeitada. O Compliance da companhia? Isso vale para seus fornecedores. É só um jogo de cena para parecer honestidade. A não ser que seja mais vantajoso para a companhia pagar R$ 2,5 bilhões, por uma obra que ela tem o preço de pouco mais de R$ 1,8 bilhão. Para se ter uma ideia exata, basta se perguntar, será que o nosso leitor pagaria por uma mesma obra um preço com esta diferença?

A Petrobrás vai pagar US$ 458 milhões pela unidade de Hidrotratamento (HDT) na Replan, em Paulínia. A inauguração está prevista para 2025, quando a empresa será capaz de aumentar a sua produção de diesel S-10 em 63 mil barris por dia (bpd) e de querosene de aviação em 12,5 mil bpd. Nos próximos cinco anos, a companhia prevê investimentos de US$ 6,1 bilhões em refino com objetivo de expansão de sua capacidade. Para lembrar, a Replan é a maior refinaria do Brasil em capacidade de processamento, com carga de 434 mil bpd. Além de óleo diesel, a refinaria produz gasolina, querosene de aviação, asfaltos, gás liquefeito do petróleo (GLP) e propeno, entre outros derivados de petróleo.

Grupo italiano Rosseti, com experiência em grandes obras

Grupo italiano Rosseti, com experiência em grandes obras

Se o novo Presidente da empresa não sabe ou não foi alertado para este caso, o Petronotícias lembra agora o que aconteceu e quais foram os problemas desta licitação: falta de clareza e ações que suscitam desconfiança para manipular o resultado da licitação do projeto. As informações bateram às portas do Presidente da Petrobrás, General Joaquim Silva e Luna.  No dia 20 de dezembro de 2021, a Petrobrás, através de seu sistema online, onde os concorrentes colocam os preços, identificou que a empresa brasileira AES Union do Brasil apresentou o melhor preço para licitação do projeto e da obra do EPC HDT, com montagem e comissionamento. A implantação da nova HDT da Replan faz parte da estratégia da Petrobrás em aumentar sua capacidade de produção de diesel S-10, com baixo teor de enxofre. Veja como ficaram os preços propostos pelas licitantes:

1º – AES UNION – ( com Grupo Rosseti e Saipem)

Projeto ( R$ 86.829.000,00);

Construção ( R$ 1.801.493.000,00)

Total ( R$ 1.888.322.000,00)

2º – CONSÓRCIO TOYO SETAL EMPREENDIMENTOS/TOYO ENGINEERING –

Projeto (R$ 165.573.230,00)

Construção ( R$ 1.929.915.170,00)

Total ( R$ 2.095.488.440,00)

3º – RIO PETRÓLEO EQUIPAMENTOS E GESTÃO –

Projeto ( R$ 132.108.000,00)

Construção ( R$ 1.965.245.000,00)

Total ( R$ 2.097.353.000,00)

A Saipem, tradicional empresa do setor de petróleo, é parceira da AES Brasil

A Saipem, tradicional empresa do setor de petróleo, é parceira da AES Brasil

Parecia ser um jogo de cartas marcadas e quem deveria vencer era a Toyo Setal. Foi aí que a grande surpresa começou a aparecer. Como os documentos entregues não estavam no “modelo Petrobrás”, ou seja, não seguiam o protocolo imposto pela empresa, a estatal inabilitou a companhia AES Union do certame. Vale ressaltar que a decisão foi surpreendentemente e sem qualquer sentido ou suporte no edital. Até porque esse problema apontado pela Petrobrás poderia ser ajustado em horas. A AES chegou a cobrar da Petrobrás o prazo regulamentar de dois dias úteis para o ajuste das pontuadas inconsistências dos documentos apresentados na habilitação, conforme é garantido pelo edital e em estrita consonância com o entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU). Em resposta, a empresa recebeu uma negativa e um beijinho no ombro. O pleito estava negado. logo no dia seguinte à inabilitação da AES Union passou a negociar com a TOYO, que ficou em segundo lugar. Mas aí, um detalhe muito especial: a proposta da TOYO era “ apenas”  R$ 296 milhões maior do que a da AES – primeiro lugar. Na época, a Toyo Setal cobrava R$ 2,95 bilhões. Agora, em função do dólar, R$ 2,5 bilhões. A comissão teve pressa para pagar mais caro. O caso está na Justiça do Rio de Janeiro, mas mesmo assim o contrato foi assinado.

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JOÃO BATISTA DE ASSIS PEREIRA
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JOÃO BATISTA DE ASSIS PEREIRA

Diante dessa paranoia e artimanha na formação de preços dos combustíveis que afronta a soberania e realidade nacional, observamos como resultado final uma fato pitoresco, que não podemos deixar de realçar, quando a Petrobras resolve distribuir uma boa parcela de seus lucros trimestrais bilionários a seus acionista, entre eles, os investidores estrangeiros. Da remessa aos estrangeiros, uma boa parcela vai para os fundos de pensões canadenses e americanos. Daí cabe uma reflexão: a Petrobras deve bilhões a PETROS, fundo de pensão da estatal, mas não paga uma dívida bilionária que mantem com seu fundo de pensão faz tempo. Não tendo… Read more »

MAIA
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MAIA

Bolsonaro tem q tomar conhecimento deste fato