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PETROBRÁS JÁ PAGOU MAIS DE R$ 200 MILHÕES EM 2015 POR DESCUMPRIR CONTEÚDO LOCAL

magda

Das duas uma: ou a Petrobrás achou que valeria mais a pena pagar as multas ou ela não acreditou que a ANP fosse levar adiante o rigor na cobrança pelos descumprimentos dos índices de conteúdo local. O caso é que a estatal vem pagando uma série de valores à agência, somados em mais de R$ 200 milhões somente este ano, por conta dessa questão, que já havia sido indicada repetidamente nos últimos anos, inclusive com avisos da diretora Magda Chambriard (foto) sobre o rigor da ANP em relação a esse tema.

Apenas em 2015, a Petrobrás recebeu 11 multas diretas, sendo que apenas 12 contratos de concessão foram fiscalizados no período. A maioria deles é referente a 2006, mas agora chegou a fatura e a estatal optou por pagar sem recorrer, já que isso lhe garantia o direito de 30% de desconto nas penalidades. Ainda assim, a conta total ficou em mais de R$ 87,8 milhões. São cinco multas referentes a blocos na Bacia de São Francisco, duas na Bacia de Santos, duas na do Recôncavo, uma na de Campos e outra na do Espírito Santo.

A maior das multas é referente ao descumprimento dos índices de conteúdo local no bloco S-M-405, na Bacia de Santos, adquirido na 7ª rodada de licitações da ANP, com a assinatura do contrato no início de janeiro de 2006. Nesse caso, a penalidade se deu porque a estatal atingiu apenas 25,18% de conteúdo local na fase de exploração, sendo que ela havia se comprometido a realizar 55% no Brasil. O resultado foi um auto de infração avaliado em R$ 49.044.923,14. No entanto, com o desconto legal de 30%, caiu para R$ 36.251.515,88. Há outras multas de valores expressivos, de R$ 22 milhões (R$ 16 milhões com o desconto) e R$ 12,8 milhões (R$ 8,9 milhões com o desconto), mas algumas também de pequeno impacto nos cofres da estatal, como a do bloco SF-T-113, orçada em R$ 73 mil (R$ 51 mil pagos com o desconto).

É claro que cada bloco, com seu grau de risco e de potencial, tem também uma escala diferente para o valor de cada auto de infração, mas o grande número de penalidades se deve a uma das duas situações: ou apostaram na impunidade ou acharam que vale mais a pena pagar a multa do que atender aos percentuais de conteúdo local.

E a questão não se resume apenas à Petrobrás. Empresas privadas, nacionais e internacionais, também têm uma série de autos de infração no currículo recente. Apenas este ano, outras 14 multas – além das 11 da Petrobrás – foram aplicadas a operadoras no país.

A mais significativa delas, já noticiada pelo Petronotícias no primeiro semestre do ano, é uma referente ao bloco S-M-508, na Bacia de Santos, operado pela BG Brasil. A multa foi de R$ 275.533.923,35, mas ficou em R$ 192.873.746,34 após o desconto. Neste caso, o índice de conteúdo local global atingido na fase exploratória foi de apenas 15,42%, quando o contrato previa 55%. Só que, como a Petrobrás detinha 60% do bloco, ela ficou com R$ 115,8 milhões dessa fatura. Ou seja, somando com os R$ 87,8 milhões de multas diretas, a estatal já pagou R$ 203,6 milhões em multas por descumprir a política de conteúdo local em 2015.

Outra que já precisou pagar multa também este ano foi a Repsol Sinopec, que precisou arcar com R$ 8 milhões de um auto de infração emitido pela ANP, por descumprimento de percentuais de itens individuais das promessas de conteúdo local, também com os 30% de desconto (a multa original era de R$ 11,4 milhões). A penalidade trata da etapa de exploração do bloco S-M-506, na Bacia de Santos, com contrato assinado também em 2006, referente à 7ª rodada da ANP. Neste caso, no entanto, ela até cumpriu o mínimo obrigatório de conteúdo local global da fase exploratória, de 40% – ela atingiu 40,21% –, mas descumpriu os percentuais de itens como interpretação e processamento, cabeças de poço, equipamentos de poço e brocas, entre outros.

A Partex Brasil, a Sonangol Starfish, a Quantra Petróleo e a Nova Petróleo também entraram na mira da ANP e já tiveram que pagar valores em 2015.

A primeira das quatro, a Partex Brasil, teve três multas emitidas este ano, de R$ 138.268,07, 164.008,90 e 150.328,07 após os descontos. Todas são referentes a blocos na Bacia Potiguar, adquiridos na 6ª rodada, com contratos assinados em 2004.

A segunda, Sonangol Starfish, também recebeu três autos de infração, de R$ 370.239,56, R$ 93.684,91 e R$ 11.380,63 após os descontos. Duas são referentes a blocos na Bacia do Recôncavo e uma na Bacia de Sergipe Alagoas, todos adquiridos na 7ª rodada.

Já a brasileira Nova Petróleo recebeu três multas, referentes a blocos na Bacia do Recôncavo, sendo duas de valores baixos: de R$ 3.640 e R$ 351, após os descontos. No entanto, uma terceira penalidade recebida pela empresa, esta referente à 6ª rodada, foi maior, de R$ 173.937,62, após os descontos, por conta da fase exploratória no bloco REC-T-139.

Por último, a Quantra Petróleo é outra que recebeu três multas, também de valores irrisórios, de R$ 2.571, R$ 3.274 e R$ 667, sendo duas na Bacia de Sergipe-Alagoas e a outra na Bacia Potiguar.

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Alberto
Alberto
10 anos atrás

Vou explicar. Quando ela paga multa, paga pro governo, que pega o dinheiro e paga as maracutaias de Brasilia. Pra que comprar no Brasil? Pra gerar emprego pra pobre? Pobre que se exploda (já dizia Chico Anisio).

Mauro
Mauro
10 anos atrás

Este valor corresponde a aproximadamente 4,5 milhões de barris na cotação atual ou menos que o total da produção em 2 dias de suas plataformas… Numa conta de padeiro equivale a cerca de 0,4% da produção anual da PB, ou seja, nada para ela!!!

Mauro
Mauro
10 anos atrás

Corrigindo: 1,31 milhões de barris (esqueci de converter o dólar) ou menos que a produção diária, ou ainda, cerca de 0,2% da produção anual… menor que os índices de perda e praticamente nada comparado aos desvios do Petrolão!!!