PETROBRÁS PREPARA REESTRUTURAÇÃO E ESTUDA CRIAR DIRETORIA DE OPERAÇÕES, MAS TEM RESISTÊNCIA DO CONSELHO | Petronotícias




faixa - nao remover

PETROBRÁS PREPARA REESTRUTURAÇÃO E ESTUDA CRIAR DIRETORIA DE OPERAÇÕES, MAS TEM RESISTÊNCIA DO CONSELHO

Aldemir Bendine, Presidente da Petrobrás

Aldemir Bendine, Presidente da Petrobrás

A Petrobrás está preparando um processo de reestruturação, a partir de uma decisão do novo presidente, Aldemir Bendine, que pretende contratar uma consultoria para ajudá-los a fazer uma “nova Petrobrás”. A informação foi divulgada pelo conselheiro da estatal Silvio Sinedino, que foi indicado pelos trabalhadores da companhia para o posto e terminará seu mandato em abril. Ele contou que a proposta foi apresentada na reunião do conselho do dia 27 de fevereiro, gerando polêmica no encontro, sem que a ideia fosse mais detalhada. No entanto, o Petronotícias apurou que uma das principais “inovações” em estudo por Bendine é a criação de uma nova diretoria, de “Operações”, que ficaria acima das quatro maiores áreas da empresa, como uma espécie de vice-presidência.

As diretorias que ficariam subordinadas à de Operações seriam Exploração e Produção, Gás e Energia, Abastecimento, e Engenharia e Serviços. A decisão ainda não foi tomada, mas a ideia já está sendo avaliada pelo comando da companhia.

O relato de Sinedino sobre a reunião, publicado em vídeo na internet, foi marcado por uma série de críticas ao novo presidente da estatal, mostrando que há um forte desconforto dentro da empresa em relação ao indicado.

Quando menciona a questão da reestruturação, o conselheiro diz que discorda disso, afirmando que a parte operacional da empresa “vai muito bem, obrigado”, e enfatiza que a necessidade de mudanças se dá no alto comando da estatal.

“Eu disse: ‘vamos com calma, (ele) está chegando agora, não conhece a empresa, não conhece a cultura da empresa… não pode chegar pensando em reestruturá-la. A gente precisa de mudanças é na alta direção, porque foi essa que não cumpriu os procedimentos. Existe governança na Petrobrás e funciona no nível da peãozada, mas, quando começa a subir, os gerentes e diretores se dão ao direito de burlar e deixar de cumprir os procedimentos. Por isso foi criada a nova diretoria de governança. A gente não tem grandes necessidades de reestruturação na Petrobrás. Especialmente por quem não a conhece”, afirmou.

Silvio Sinedino, conselheiro da Petrobrás indicado pelos trabalhadores.

Silvio Sinedino, conselheiro da Petrobrás indicado pelos trabalhadores.

Sinedino reclama principalmente da venda de ativos anunciada recentemente pela Petrobrás, com a previsão de levantar US$ 13,7 bilhões, e chega a citar um apelido depreciativo que Bendine teria ganho entre funcionários da companhia.

“(Ele) já está sendo chamado nos corredores como o presidente ‘Vendine’, pelas suas propostas de venda”, diz em determinado momento, pouco depois de reclamar que as informações sobre estas vendas estavam circulando na imprensa antes de serem definidas pelo conselho: “Esse assunto não foi discutido, não foi apresentada a lista de ativos e nós tomamos conhecimento pelos jornais”, afirmou, referindo-se às notícias que mencionavam as conversas da Petrobrás com possíveis interessados em adquirir participações em alguns de seus negócios.

Sinedino ressaltou ainda que defende uma transparência maior do que é discutido pelo Conselho de Administração, sem que sejam incluídos números e informações estratégicas da empresa, mas divulgando o que for de interesse público. Uma das decisões do conselho criticadas por ele foi a forma como a empresa fez a recontratação da auditoria PWC, por meio de carta-convite.

“Eu fui contrário à contratação da PWC. Quiserem enviar apenas uma carta-convite para ela. Sugeri que fosse feita uma licitação, mas perguntaram: ‘e se não aparecer ninguém?’. Eu disse: ‘com essa carta-convite, parece que a Petrobrás está querendo comprar o parecer da Price, porque todo mundo sabe que ela se recusou a dar o parecer do balanço no ano passado”, afirma, ressaltando que a contratação poderia ter sido feita por meio de extensão do atual contrato, com um reajuste já previsto no acordo: “mas não foi isso que foi feito. E a Price teve um reajuste imenso em relação ao que estava cobrando nos dois anos anteriores. Então acho que foi uma decisão equivocada”, completa.

Ao final, quando volta a falar sobre a venda de ativos, o conselheiro reclama do governo e diz que a Petrobrás teve um prejuízo de US$ 20 bilhões com a venda de combustíveis a preços controlados. Além disso, critica a utilização do caixa da estatal para fazer política de subsídio e fala que a venda de ativos será um duplo prejuízo para a companhia.

“Se quer manter o preço congelado, (…) que o faça, mas tem que ser bancado pelo Tesouro Nacional. Essa política vai ser paga duplamente pela Petrobrás, que teve prejuízo de US$ 20 bilhões (com os combustíveis) e agora vai ter que se desfazer de ativos valiosíssimos. E o pior é que os possíveis compradores sabem que a gente tem necessidade de vender, o que desvaloriza os bens”, afirmou.

2
Deixe seu comentário

avatar
2 Comment threads
0 Thread replies
0 Followers
 
Most reacted comment
Hottest comment thread
2 Comment authors
Antonio RivasPaulo Juris Adamsons Recent comment authors
  Subscribe  
newest oldest most voted
Notify of
Paulo Juris Adamsons
Visitante
Paulo Juris Adamsons

Alguns comentários com intuito construtivo. A venda de ativos deveria ser muito bem estudada, e não feita a toque de caixa para aumentar a liquidez da empresa. Os poços marginais onshore de baixa produtividade, deveriam ser licitados e disponibilizados a pequenos operadores, visto o foco da Petrobras serem os de alta vazão. Os navios antigos da Transpetro podem ser utilizados para estocagem e tratamento de água de produção, principalmente onde o watercut (proporção água/óleo) seja um empecilho ao aumento de produção. A instalação de separadores de filtros cartuchos cerâmicos, com sistema de osmose reversa, traria a água a cerca de… Read more »

Antonio Rivas
Visitante
Antonio Rivas

Por maior que sejam os mecanismos de controle, há uma oportunidade de melhoria significativa, que aponta na direção de RACIONALIZAR os objetos dos contratos, através de uma correta análise de valor. O volume de recursos aplicados sem ganhos significativos pode ser grande e um caminho para identificar exigências desnecessárias poderia ser através do diálogo com os fornecedores de bens e serviços, por mais contraditório que isto possa parecer.