PETROBRÁS VAI RETOMAR EM 2024 AS OBRAS DO TREM 2 DA RNEST, EM PERNAMBUCO

Uma notícia que promete movimentar a indústria de óleo e gás nesta quinta-feira (29). A Petrobrás anunciou agora há pouco que o seu Conselho de Administração bateu o martelo e decidiu aprovar a retomada das obras da implantação do Trem 2 da Refinaria Abreu e Lima (RNEST). A construção do projeto estava interrompida desde 2015. Segundo a empresa, o reinício dos trabalhos deve ocorrer já no próximo ano. O início das operações do Trem 2 da RNEST está previsto para 2027.

“A decisão é fundamentada em criteriosa reavaliação do Projeto RNEST que, à luz das premissas do Plano Estratégico 2023-2027, teve sua atratividade econômica confirmada. As contratações associadas à continuidade das obras do Trem 2 da RNEST passarão por todas as análises necessárias, em observância às práticas de governança e os procedimentos internos aplicáveis, e serão divulgadas oportunamente ao mercado”, disse a companhia em um comunicado.

A principal ideia da Petrobrás com a retomada da obra é expandir a capacidade de refino nacional, viabilizando o aumento da produção de derivados, principalmente diesel S10, em atendimento às demandas do mercado. A previsão é que o Trem 2 da refinaria adicione cerca de 13 milhões de litros de diesel S10 por dia à capacidade de produção nacional.

“A expansão da capacidade da RNEST é fundamental para aumentar a produção e a disponibilidade de derivados, em especial, óleo diesel S10. Localizada estrategicamente em Pernambuco, a refinaria está conectada ao sistema logístico nacional e contribuindo para o desenvolvimento do Nordeste brasileiro”, comentou o diretor de Processos Industriais e Produtos da Petrobrás, William França.

Já o diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobrás, Carlos Travassos, disse que “a retomada das obras na RNEST revela o compromisso da companhia em modernizar suas operações, levando em consideração a viabilidade econômica e atendimento às necessidades do mercado e da sociedade”.

HISTÓRICO DA RNEST: PROMESSAS, QUEDA E RECOMEÇO

A Refinaria Abreu e Lima (RNEST) iniciou suas operações em 2014, com o primeiro conjunto de unidades (Trem 1). A planta está localizada no Complexo Industrial Portuário de Suape, a cerca de 45 km da cidade de Recife. Atualmente, a unidade tem capacidade de processar 115 mil barris de petróleo por dia.  É considerada pela própria Petrobrás como a mais moderna refinaria já construída em sua história, sendo fundamental no atendimento à demanda nacional por derivados de petróleo.

A RNEST foi projetada para atuar com dois conjuntos independentes de unidades de refino (Trem 1 e Trem 2) para a flexibilidade na utilização de vários tipos de petróleo com maior confiabilidade operacional. Com os dois trens em operação, a capacidade de processamento da planta chegaria a 230 mil barris de petróleo por dia. O projeto original previa ainda uma unidade para processar o óleo pesado produzido pela estatal venezuelana PDVSA.

Contudo, a construção do Trem 2 da RNEST foi interrompida em 2015, em meio aos desdobramentos das investigações da Operação Lava Jato. À época, gestores da Petrobrás foram acusados de receber propinas para superfaturar as obras do empreendimento.

No ano de 2019, a Petrobrás assinou um acordo com o Conselho Administrativo Econômico (CADE) para a venda de oito de suas refinarias – a RNEST estava dentro desse pacote. No entanto, nas duas tentativas de venda da unidade, a Petrobrás não obteve sucesso nas negociações. Em 2021, a estatal chegou a anunciar que pretendia concluir a construção da planta para depois vendê-la.

Com o início do terceiro mandato de Lula, em 2023, os planos para venda de refinarias foram descartados. Em abril, a nova diretoria da Petrobrás, liderada por Jean Paul Prates, chegou a anunciar que realizaria obras de expansão na RNEST. A empresa gaúcha Engecampo Engenharia já foi contratada para a realização de serviços de ampliação e modernização de unidades já em operação da refinaria.

A ideia da Petrobrás com a modernização da RNEST é aumentar a oferta de diesel para o mercado brasileiro a partir de 2025. Após a conclusão das obras, a refinaria terá um aumento na capacidade total de processamento do Trem 1, passando dos atuais 115 mil barris de petróleo por dia para 130 mil barris por dia. De acordo com o cronograma de atividades, os trabalhos de modernização da planta deverão ser concluídos no quarto trimestre de 2024.