PETROLEIRAS CORTAM INVESTIMENTOS PARA 2016, MAS NOVA CRISE NO ORIENTE MÉDIO PODE MUDAR CENÁRIO
O ano de 2016 mal começou, mas a sombra de 2015 e da queda drástica no preço do barril do petróleo já se lança sobre os planejamentos estratégicos das grandes petroleiras mundiais. A palavra de ordem nas cúpulas dessas companhias é “corte”. De custos, empregos e projetos. As estimativas do setor indicam que o volume de investimentos previstos para este ano deva sofrer uma redução de 22% em relação a 2015, quando já haviam ocorrido outros cortes significativos. No entanto, nestes mesmos primeiros dias do ano, novas turbulências no cenário geopolítico começam a se delinear, com a crise entre Arábia Saudita e Irã, o que já impacta o preço do barril, com uma leve alta na manhã desta segunda-feira (4), porém ainda abaixo da casa dos US$ 40.
Por enquanto, ainda permanecem as previsões de cortes de despesas e funcionários nas empresas, com adiamento de projetos, como nos casos da Shell, Chevron e ConocoPhillips, entre outras. As europeias BP, Statoil e Total também vêm se readequando à nova realidade, já que suas estratégias avaliavam o preço do barril a US$ 60 para que pudessem equilibrar suas reservas.
O prognóstico é que algumas delas possam vir a aumentar o endividamento, já que estão em situação relativamente confortável neste quesito, mas ainda assim há diferentes tipos de planejamento. O resultado é a baixa probabilidade de surgirem grandes projetos em 2016, ou ao menos que sejam lançados em menor quantidade, como já ocorreu no ano passado, quando os principais destaques ficaram com o projeto Appomattox da Shell no Golfo do México, orçado em cerca de US$ 15 bilhões, o campo Johan Sverdup da Statoil no Mar do Norte, previsto para demandar US$ 29 bilhões, e a fase 2 da plataforma Mad Dog da BP no Golfo do México, com custo previsto de quase US$ 10 bilhões.
No Brasil, a situação é ainda mais complicada, tendo em vista que a Petrobrás, além de ter sido afetada pela queda no preço do barril, conta com uma dívida enorme, avaliada em mais de 500 bilhões de reais, e ainda passa por um longo processo de investigação com a Operação Lava Jato.
O resultado é um forte impacto na cadeia de fornecedores, que já vem enxugando seus preços e deve continuar sofrendo para conquistar novos contratos neste ano.
Agora, com o corte nas relações diplomáticas entre o Irã e a Arábia Saudita, anunciado pelo ministro de relações exteriores saudita Adel al-Jubeir (foto) e que já teve o movimento seguido pelo Bahrein, o cenário do preço do barril do petróleo pode passar por uma reviravolta, levando a um novo quadro na indústria mundial.
Deixe seu comentário