PLANEJAMENTO CAUTELOSO AJUDA MODEX A CRESCER EM MEIO À CRISE NO SETOR OFFSHORE BRASILEIRO | Petronotícias




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PLANEJAMENTO CAUTELOSO AJUDA MODEX A CRESCER EM MEIO À CRISE NO SETOR OFFSHORE BRASILEIRO

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

carlo-cervo-modexA situação do mercado de óleo e gás brasileiro já é crítica há alguns anos, muito impactada pela queda dos preços do barril e pelos desdobramentos da Operação Lava Jato desde 2014, mas mesmo com a retração há negócios em andamento, e a cautela tem sido uma boa aliada de empresas que atuam no País. A Modex Energy, comandada no Brasil por Carlo Vollmer Cervo, é um exemplo de companhia que tem conseguido crescer mesmo em meio a estas adversidades, e conta agora com quase toda sua frota nacional de contêineres offshore certificados, de 250 unidades, em operação no mercado, mesmo num momento em que há sobreoferta. “Nosso investimento no País tem sido muito cauteloso, com uma frota ainda pequena. Não viemos com muita sede ao pote. Houve empresas que trouxeram frotas enormes e sentiram um impacto grande com a crise, mas nós temos tentado trabalhar com essa cautela maior e por isso acredito que conseguimos crescer e ter uma boa utilização dos contêineres”, afirma Cervo.

Como está o mercado de contêineres para o setor offshore brasileiro?

É um momento de muita oferta. O mercado de contêineres offshore certificados – que são diferentes dos contêineres comum – está com muita oferta para pouca demanda. Já estamos sentindo isso desde 2015, com dois anos de sobreoferta, por conta do pouco aumento da frota brasileira de navios, sondas etc, já que poucas empresas decidiram investir neste período.

Qual o planejamento para lidar com essa crise prolongada no País?

A crise prolongada vem de uma recessão, desde o final do primeiro governo Dilma Rousseff, e nós temos trabalhado buscando sempre a melhor competitividade, aumentando a eficiência, olhando para dentro, reduzindo custos, melhorando processos, sem afetar a qualidade do produto. Precisamos ter criatividade para isso. Se você for ver os preços mundiais dos contêineres certificados, eles caíram. O valor da fabricação, até em função da crise das commodities, também caiu. E no Brasil as empresas tiveram que ficar mais enxutas, mais competitivas. Então assim como baixamos as nossas tarifas, também conseguimos condições mais baratas com nossos fornecedores.

Como a nova crise política pode impactar a indústria de petróleo nacional, a seu ver?

Basicamente, tudo que foi dito há poucas semanas já não vale. Acredito que a necessidade do óleo e gás do momento depende muito da permanência da estratégia da Petrobrás, assim como a permanência do Pedro Parente e do ministério de Minas e Energia. Tanto o ministro e sua equipe quanto o Parente não deixam de ser ligados ao presidente e seus planos para o Brasil, mas ainda não vi grandes movimentos nessa área. Não posso dar opinião sobre o que vai acontecer no mercado, porque depende muito desses pilares.

O Pedro Parente disse que vai ficar até 2019, tem um plano estratégico para os próximos anos, mas pode ser que venha outro governo, coloque outra pessoa, e não sabemos o que ela vai querer. Não temos como prever o que vai acontecer com o óleo e gás até o final do ano.

Há planos de buscar serviços em outros países da América Latina a partir da base brasileira?

Sim, porém muito desse suporte virá das nossas operações dos Estados Unidos. Como executivo da empresa na América Latina, eu tenho isso no meu escopo de atuação, mas contaria para isso com o fornecimento dos Estados Unidos. Nossa capacidade no Brasil já está toda tomada e também tem outra questão; para mandar um contêiner de Macaé para a Colômbia ou o México, fica mais caro e mais complexo do que enviar dos Estados Unidos.

E para países mais ao sul, como Argentina?

A Argentina está totalmente focada em Vaca Muerta, o shale, que é onshore. E o Uruguai teve uma perfuração recentemente, mas não foi adiante. Então o que vemos na América Latina realmente é Colômbia, México e algumas perspectivas em Trinidad e nas Guianas. Mas Argentina e Uruguai são áreas com muito poucas perspectivas, por enquanto. O Brasil é um grande mercado, o pré-sal brasileiro é infinitamente maior e mais relevante que os novos blocos sendo licitados no México, então nosso foco continua sendo o Brasil.

Você disse que sua capacidade no Brasil está toda tomada, mas falou também que a oferta é excessiva no País. Como é isso?

Nossos produtos são bons, temos eficiência, uma alta competitividade e um bom relacionamento no mercado, então quase toda nossa capacidade está tomada, mas o nosso plano de crescer enfrenta essa realidade de sobreoferta no mercado, com preços de locação baixos.

Qual a frota hoje no Brasil?

Temos 20 mil contêineres no mundo e hoje operamos com aproximadamente 250 unidades no Brasil, com a grande maioria contratada. O faturamento de 2016 aqui foi superior ao de 2015, ou seja, temos apresentado um crescimento no País, apesar de uma queda nos resultados globais. Mas temos concorrentes que possuem cerca de 4 mil unidades no Brasil. Então quando baixam de 1,8 mil para 1,4 mil alugadas, elas sofrem um impacto muito grande. Mas nosso investimento no País tem sido muito cauteloso, com uma frota ainda pequena. Não viemos com muita sede ao pote. Houve empresas que trouxeram frotas enormes e sentiram um impacto grande com a crise, mas nós temos tentado trabalhar com essa cautela maior e por isso acredito que conseguimos crescer e ter uma boa utilização dos contêineres.

Quais as expectativas com 2017?

Para esse ano, nossa expectativa é manter as operações como elas estão. Não vejo grandes crescimentos. Para o futuro, o plano é crescer junto com o setor de óleo e gás brasileiro, que deverá ter uma retomada, com grandes reservas e projetos em vista. Acredito que isso deve acontecer a partir de 2019, ainda não no ano que vem. E estaremos prontos para essa retomada, com o intuito de ampliar nosso crescimento.

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