POLÍCIA FEDERAL APONTA REPASSE DE R$ 37,7 MILHÕES DO CONSÓRCIO CNCC PARA DOLEIRO
Depois de assinar o acordo de delação premiada, se o doleiro Alberto Youssef seguir os mesmos passos do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, com a devolução dos recursos desviados para o Tesouro, o montante a ser ressarcido vai crescer consideravelmente. Para se ter uma ideia, um laudo da Polícia Federal aponta que apenas o Consórcio CNCC, liderado pela Camargo Corrêa, pagou R$ 38,7 milhões ao Grupo Sanko, dono da Sanko Sider e da Sanko Serviços. A Sanko, por sua vez, ainda segundo o documento, repassou R$ 37,7 milhões às empresas do doleiro, a MO Consultoria e a GFD Investimentos, sendo que o texto da PF afirma que há “fortes indícios quanto à não prestação dos serviços ou a prestação em volume que não justifique os pagamentos realizados”. As empresas negam qualquer irregularidade.
De acordo com o laudo emitido pela PF, existem inconsistências entre o período de um pagamento de serviços feito pelo consórcio CNCC à Sanko, tendo havido um repasse antecipado no ano de 2010. Segundo os peritos, o CNCC alegou que tratava-se de um adiantamento para que a Sanko pudesse acompanhar a produção dos tubos a serem entregues, mas os investigadores afirmam que a primeira encomenda de tubulações se deu apenas em 8 de novembro daquele ano, enquanto o primeiro pagamento foi realizado no dia 21 de outubro.
Além disso, a Polícia Federal inspecionou a sede do grupo Sanko, em São Paulo, e chegou à conclusão de que os demonstrativos contáveis das empresas não indicam custos voltados diretamente à prestação de serviços. Para os investigadores, isso significaria que “na contabilidade das empresas Sanko não havia o reconhecimento de custos para os serviços prestados ao CNCC”.
O Grupo Sanko-Sider se defende das acusações afirmando que a perícia foi solicitada pela sua própria defesa e diz que acabou de tomar conhecimento dos laudos, que estão sob segredo de justiça, e que serão analisados mais demoradamente pelo grupo.
“Definitivamente, não são conclusivos, porque relativos, conforme declararam em seu relatório os próprios peritos da Polícia, a uma análise baseada apenas em amostragem. Refutamos severamente qualquer afirmação precipitada, afoita e leviana, que falseie as informações cadastrais de nossas empresas e extrapolem aquilo que está claramente inscrito nas conclusões deste relatório. A conclusão demonstra o que afirmamos desde o início dessa investigação: não houve superfaturamento e o nosso trabalho se deu dentro da lei e da ética comercial.
A Sanko-Sider é uma empresa conceituada, regularmente constituída há 18 anos e reconhecida por suas práticas corretas de importação e comércio. Vende tubos de aço, flanges e conexões de alta qualidade aos diversos segmentos do mercado, notadamente os especializados em óleo e gás. Todas as suas vendas se dão por meio de contratos legítimos; os pagamentos ocorrem pelo sistema bancário, contra notas fiscais devidamente contabilizadas e tributadas. Desde o início das investigações, a Sanko-Sider tem prestado e continuará prestando todos os esclarecimentos solicitados pela Justiça Federal, com documentos e declarações”, afirma a empresa em nota.
O consórcio CNCC também nega que tenha atuado de forma irregular e diz que não pode comentar o vazamento de informações judiciais que correm sob sigilo e aos quais não teve acesso.
“A empresa repudia as acusações de irregularidades, pronunciadas de forma leviana e sem embasamento ou comprovação, e esclarece que jamais fez qualquer pagamento ilegal, nem pode responder por pagamentos de terceiros. Desde o início à disposição das autoridades, o Consórcio CNCC tem registro oficial de todos os pagamentos realizados para seus fornecedores que foram contratados legalmente e pagos somente após comprovação de entrega de produtos ou de serviços efetivamente prestados. A empresa reitera sua posição de trabalhar com lisura para a entrega da primeira unidade de produção de coque da refinaria Abreu e Lima prevista ainda para este ano e informa que a obra se encontra 90% concluída.
Especificamente sobre a Sanko-Sider, os materiais e serviços contratados são facilmente comprováveis. É importante informar que se trata de uma empresa cadastrada e certificada há mais de 10 anos no CRCC da Petrobrás.
Após processo de cotação com várias empresas também cadastradas e certificadas pela Petrobrás, a Sanko-Sider foi selecionada com o menor preço para o fornecimento de materiais e prestação de serviços e vem cumprindo o estipulado em contrato. Até o momento, a Sanko-Sider forneceu, dentro das especificações técnicas exigidas pela Petrobras, mais de 200 mil componentes de tubulação (tubos, conexões e acessórios de materiais de aço carbono, aço inox e aço liga), além de outros itens e serviços. No que toca aos serviços contratados junto a Sanko Serviços, cabe esclarecer que esta empresa, entre outros serviços, realizou o processo de seleção internacional de fornecedores de tubos, analisou suas respectivas capacidades de produção, preparou empresas indicadas pelo consórcio para obter a certificação exigida pela Petrobras, conferiu in loco no exterior o processo de produção e de testes, operacionalizou processo especial para descarregamento dos tubos no Brasil, propiciando o cuidado adicional necessário para evitar danos nos equipamentos, e realizou, individualmente, a conferência física e documental de todos os 200 mil componentes entregues. Por fim, cabe esclarecer que o CNCC tem os comprovantes de que, contratando os equipamentos e serviços necessários, obteve o preço mais competitivo do mercado”, afirmou o consórcio em nota.
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