POLÍCIA FEDERAL INDICIA MARCELO ODEBRECHT POR CRIMES NA LAVA JATO
A Polícia Federal está fechando o cerco contra os maiores empreiteiros do país, denunciados no esquema de desvio de verbas na Petrobrás. O presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht (foto), foi a bola da vez. Além do executivo, outras sete pessoas foram indiciadas pelos crimes de fraude em licitação, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e formação de cartel. O indiciamento já está nas mãos do Ministério Público Federal. Nesta semana, a PF já havia indiciado, pelos mesmos crimes, o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, e outras oito pessoas.
Três diretores também foram indiciados – Márcio Faria da Silva, Rogério Santos de Araújo e César Ramos Rocha –, bem como o ex-diretor Alexandrino Alencar, o ex-funcionário João Antônio Bernardi, além de Celso Araripe de Oliveira e Eduardo de Oliveira Freitas Filho.
A manutenção da prisão preventiva dos acusados também foi requisitada à Justiça. O temor é que, uma vez soltos, os indiciados podem influenciar as investigações. O delegado Eduardo Mauat, que assina o relatório, afirmou que Marcelo Odebrecht tinha conhecimento e participação nos ilícitos e que já teria tentado “obstacularizar as investigações”.
O volume de provas contra o empreiteiro vem crescendo. Um celular usado pelo empresário, apreendido pela PF, mostra sua preocupação com as investigações da Operação Lava Jato, aponta que subordinados foram orientados a defender a construtora e expõe sua relação com diversos políticos.
Com o celular em mãos, a PF pôde acessar diversas anotações de Marcelo Odebrecht, como uma em que escreveu: “Afinal o que tem contra RA e MF? Risco Swiss? E EUA?” Para os investigadores, as siglas se referem a uma dúvida sobre quais provas a PF tem contra Rogério Araújo e Márcio Faria. A expressão “Risco Suíça” seria uma forma de mostrar preocupação com a movimentação de contas bancárias mantidas no exterior pelos executivos.
Pagamentos também estão listados nas anotações do empresário. Em janeiro de 2013, no início dos trabalho da Operação Lava Jato, Marcelo escreveu “créditos – BMX: Vacareza e Zaratini: 3% (aprox 27M), sendo 3 deles mais 1 GM até outubro. Depois 21M p/GM e 2 para (V+Z).”. BMX seria um empreendimento comercial na Marginal do Pinheiros. O relatório da PF não deixa claro se esses valores seriam alguma referência a pagamento de propina.
Seis obras que a empreiteira fez para a Petrobrás apresentam irregularidades, principalmente na Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Somadas, as obras chegam a R$ 11,4 bilhões e, em todas, segundo a PF, houve pagamento de propina.
De acordo com a PF, provas de transações financeiras em espécie feitas por Rogério Araújo já foram colhidas. Nos documentos fica comprovado que era ele quem comandava os depósitos ao perador Bernardo Freiburghaus, que em seguida depositava em contas de dois então diretores da Petrobras, Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró.
Cabe agora ao MPF, em cinco dias, analisar o relatório e oferecer denúncia contra os suspeitos. Em seguida, o juiz Sérgio Moro poderá aceitar ou não a denúncia. Caso aceite, os indiciados passam a ser tratados como réus no processo.
“Embora sem fundamento sólido, o indiciamento do executivo e ex-executivos da Odebrecht já era esperado. As defesas aguardarão a oportunidade de exercer plenamente o contraditório e o direito de defesa”. Para a empresa, “em relação à Marcelo Odebrecht, o relatório da Polícia Federal traz novamente interpretações distorcidas, descontextualizadas e sem nenhuma lógica temporal de suas anotações pessoais. A mais grave é a tentativa de atribuir a Marcelo Odebrecht a responsabilidade pelos ilícitos gravíssimos que estão sendo apurados e envolveriam a cúpula da Polícia Federal do Paraná, como a questão da instalação de escutas em celas dentre outras”, afirmou em nota a Odebrecht.
Deixe seu comentário