POLÍCIA FEDERAL INVESTIGA PAGAMENTOS DE PROPINA DA ODEBRECHT EM OUTROS PAÍSES E APONTA ACOBERTAMENTO DE EXECUTIVOS

A nova fase da Operação Lava Jato, além de focar atenções no marqueteiro do PT, João Santana, ampliou as investigações sobre o grupo Odebrecht, avaliando documentos da empresa sobre sua atuação em outros países e apontando uma estratégia para blindar executivos que pudessem estar implicados no esquema de propinas relativo a contratos da Petrobrás.

Uma das descobertas, segundo os investigadores, indicou o pagamento de propina a autoridades da Argentina, o que já foi reportado aos órgãos com competência para investigação no país vizinho, assim como indícios de que a forma irregular de atuação possa ter se expandido para outros países.

O procurador Carlos Fernando Santos Lima afirmou que as investigações no exterior apuraram detalhes e documentos na Argentina inicialmente, mas revelou que estão avaliando outros documentos e mantêm contato com autoridades de “diversos outros países” para tratar do assunto.

A operação também incluiu um novo mandado de prisão para o ex-presidente do grupo de engenharia, Marcelo Odebrecht, que já se encontra preso em Curitiba, por conta de indícios de que ele teria orientado ou estaria a par do afastamento de executivos de suas empresas para operações no exterior.

“Em relação a esse grupo de funcionários da Odebrecht, as investigações mostram que a empresa vem retirando eles do alcance das autoridades brasileiras. Imediatamente após a deflagração da operação Lava Jato eles foram enviados para o exterior”, afirmou o procurador.

A nova fase da Operação, nomeada Acarajé, em referência à forma como os envolvidos tratavam as propinas, também incluiu um mandado de prisão temporária contra o vice-presidente da Odebrecht, Benedito Barbosa da Silva Junior (foto), no entanto o executivo está no exterior e não foi preso ainda.

A 23ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada na manhã desta segunda-feira (22), envolve cerca de 300 agentes, que cumprem 51 mandados, sendo 38 de busca e apreensão, 2 de prisão preventiva, 6 de prisão temporária e 5 de condução coercitiva. As ações acontecem em três estados: Rio de Janeiro – na capital, em Mangaratiba e em Petrópolis –, São Paulo – na capital, em Campinas e em Poá – e Bahia – Camaçari e Salvador.