POLÍTICOS ENVOLVIDOS EM CASOS DE CORRUPÇÃO INDICAM PESSOAS PARA NUCLEP SEM EXPERIÊNCIA NO SETOR NUCLEAR
Os desvios de políticos brasileiros não para de nos surpreender. A cada dia, uma novidade. O setor nuclear brasileiro se transformou numa espécie objeto de desejo é um novo alvo para esses políticos. E pior, pelo menos dois deles, são citados, suspeitos e investigados pela Operação Lava Jato: Celso Pansera e Julio Lopes, que querem influir para dominar o setor com indicações de seus apadrinhados. Há alguns meses, a Nuclep, a maior e mais importante indústria de construção nuclear pesada brasileira, está correndo sérios riscos de ser administrada por um presidente sem qualificação profissional adequada para o desempenho das funções. O indicado para presidir a empresa é o engenheiro metalúrgico Siciliano Francisco, que teve seu nome impedido pela justiça em decisão da Juiza Rafaela de Freitas Baptista de Oliveira, da Comarca de Itaguaí, que suspendeu em maio deste ano a posse do que seria uma nova diretoria da empresa. Ele é indicado pelos Deputados
Celso Pansera e Alexandre Valle. Para o cargo de Diretor Administrativo, o economista Luzineides Santana de Almeida foi indicado pelo Deputado Júlio Lopes. A princípio ele foi indicado para o INB, Indústria Nuclear Brasileira. Por alguma razão não foi aceito e a sua indicação agora é para diretoria da Nuclep. Seu nome será submetido a Comissão de Avaliação Técnica da empresa. A INB também teve um dedo político. Reinaldo Gonzaga o atual Superintendente de Engenharia e Combustível da própria INB, vai ocupar a vaga do excelente João Carlos Derzi Tupinambá, que fez a empresa crescer. Para vaga de Reinaldo, vai Marcelo Xavier de Castro, também da INB. Para Diretoria de Finanças, Luiz Fernando Couto, ex-secretário da Prefeitura de Duque de Caxias, indicado pelo ex-prefeito Alexandre Cardoso.
Por que os deputados querem indicar apadrinhados para cargos estratégicos? As respostas podem ser encontradas nas investigações da Operação Lava Jato, por exemplo. Celso Pansera é aquele deputado que o doleiro condenado pelo Juiz Sérgio Moro, Alberto Youssef, apontou o dedo durante uma CPI da Câmara para acusa-lo de ser “pau mandado” do Ex-deputado Eduardo Cunha, preso e condenado por corrupção também pelo juiz Sérgio Moro. Julio Lopes, conhecido
deputado do Rio de Janeiro, é o mesmo “Pavão”, “Bonitinho” e “Velho”, da lista da propina da Odebrecht. O Ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de um inquérito para investiga-lo por suspeita de ter recebido R$ 4 milhões em propina. A informação veio a partir de duas delações feitas à Justiça por executivos da Odebrecht. Na ocasião, Lopes era secretário estadual de Transportes do Rio. De acordo com as investigações, o deputado solicitou os valores quando era secretário de Transportes a um executivo da Queiroz Galvão. A denúncia foi reconhecida pelo colaborador Benedito Barbosa da Silva Júnior, da Odebrecht. Os pagamentos teriam ocorrido às vésperas das eleições de 2014. Na ocasião, o então candidato a deputado federal pelo PP teria exigido vantagens das empresas alegando que defendeu os interesses delas em obras como a Linha 4 do metrô (Ipanema – Barra da Tijuca) e como o Arco Metropolitano. As obras aconteceram durante o governo Sérgio Cabral. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) analisou a obra da Linha 4 e calculou um superfaturamento da ordem de R$ 2,3 bilhões na construção. A indicação desses nomes tem o aval do Ministério da Ciência e Tecnologia, comandado pelo Ministro Gilberto Kassab, outro investigado por corrupção por ter recebido dinheiro da JBS. Suas decisões tentam ser implementadas por Tarcísio Cunha, do Ministério das Ciências e Tecnologia. Esses nomes estão sendo metidos goela abaixo, até do
Almirante Bento, uma das maiores autoridades do setor nuclear que o Brasil já teve e quem está a frente do Prosub, o projeto de construção dos submarinos, inclusive o nuclear que está sendo construído na Nuclep. A empresa é considerada estratégica, por lidar com informações confidenciais a respeito da construção não só submarino nuclear da Marinha, mas por operar um porto em Itaguaí, além de fabricar peças de alta complexidade para a Usina Nuclear Angra 3. Atualmente a Nuclep é presidida pelo Almirante Carlos Seixas, ex-comandante da Base Naval o Rio de Janeiro, acumulando a função de Diretor Administrativo-Financeiro.
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