POLO NAVAL DE RIO GRANDE PODERÁ ENCERRAR ATIVIDADES EM DEZEMBRO E DESEMPREGAR MILHARES DE TRABALHADORES
Já não se sabe se é uma decisão do Governo Temer, através do Ministério das Minas e Energia, ou se da própria Petrobrás. O que se tem certeza é que a decisão de não dar prosseguimento as obras da P-71, está colocando um ponto final e aniquilando o Polo Naval de Rio Grande, no Rio Grande do Sul. A pá de cal foi colocada numa reunião entre o Prefeito de Rio Grande, Alexandre Lindemeyer, o Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande, Benito Gonçalves, o Vice-Reitor da Universidade Federal de Rio Grande, Danilo Giroldo, com o Secretário de Minas e Energia, Márcio Felix Bezerra e dois representantes da Petrobrás, os gerentes Leandro Nunes, baseado em Brasília, e Flávio Casanova, que foi Gerente Geral do Comperj, no auge das obras da refinaria. Não houve rodeios. A mensagem é que a Petrobrás não vai concluir no Brasil a Plataforma P-71 que está no Estaleiro ERG. A estatal não tem planos para os Estaleiros de Rio Grande, depois de terminada em dezembro a integração da Plataforma P-74, como está previsto. Assim como para o Estaleiro QGI, depois que terminarem as obras de montagem dos módulos das Plataformas P-75 e da P-77. Os estaleiros de Rio Grande já tiveram 24 mil trabalhadores. Hoje, são apenas 3.500. Em dezembro deste ano, deverá ser de zero.
A Plataforma P-71, bastante adiantada, deverá ser mandada para a China, muito embora seja muito mais econômico que se termine obra onde está. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos diz que o custo para se concluir a plataforma na China, ficaria quase três vezes mais caro do que se terminar a obra no Estaleiro ERG. Numa entrevista a Rádio Gaúcha, Parente disse que:
“ A Petrobrás não poderia ser responsável por políticas públicas e que atrasos e a prática de preços acima dos estipulados em encomendas de cascos de plataformas de petróleo feitas no Brasil foram muito ruins para a companhia.”
A cidade de Rio Grande que recebeu cerca de 23 mil profissionais imigrantes de outros Estados, hoje tem um cenário de horror. Centenas de empresas e lojas fechadas. Mais de 65 % de seus moradores tem os nomes negativados no Serasa. Todo comércio vive um momento de perplexidade e insegurança. Os índices de violência saltaram. Há assaltos a toda hora e nenhuma área da cidade é segura atualmente. A única promessa feita pela dupla de gerentes da Petrobrás na reunião foi que se criaria um grupo de trabalho para fazer um apelo à Modec, que foi escolhida mas não anunciada oficialmente, a empresa vencedora da licitação da Plataforma de Sépia. Os gerentes disseram aos representantes da cidade de Rio Grande que pediriam aos japoneses contratassem algumas obras no Brasil. O que valeu o seguinte comentário do presidente do sindicato de metalúrgicos:
“ Nós somos o dono da bola, do jogo de camisas, do campo, e vamos implorar ao estrangeiro para escalar o nosso time. É uma situação humilhante.”
O prefeito do Rio Grande, Alexandre Lindenmeyer, depois da reunião em Brasília, disse que entendeu bem claro a mensagem do governo federal e da Petrobrás:
“O recado foi dado, se depender da política da Petrobrás e do Ministério das Minas e Energia, os estaleiros serão fechados”.
No final do ano passado, cerca de 3,2 mil trabalhadores foram demitidos no estaleiro da Ecovix e, um mês antes, o polo naval já tinha contabilizado 800 desligamentos. Em dezembro, as ações na P-71 também pararam. O prefeito adverte que em Rio Grande a indústria naval na região encerre as atividades. Lindenmeyer espera que o governo gaúcho assuma um papel de protagonista em defesa do polo naval junto ao presidente da República, Michel Temer.
A prefeitura de Rio Grande está organizando um ato para o dia 29 de abril, e há a possibilidade da presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no evento. O sindicato dos metalúrgicos promete a realização de mobilizações, mas não revelou quais serão os planos dessas ações.
A Petrobrás cada vez mais está deixando de lado o BRAS de seu nome, está se concentrando apenas na exploração de petróleo no sudeste, abandonando as atividades em outras atividades, como o beneficiamento e produção de derivados e fertilizantes, e também outras regiões do país. Em breve aquela que tinha como missão ser uma empresa integrada de ENERGIA, será apenas uma extratora de petróleo concentrada na região sudeste.