PORTO DO AÇU ASSINA ACORDO QUE FORTALECERÁ EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS PARA OS ESTADOS UNIDOS
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
A Rio Oil & Gas 2018 entra em seu segundo dia nesta terça-feira (25). E já tivemos muitas novidades anunciadas ao mercado durante o evento, que está sendo realizado no Riocentro. O Porto do Açu, da Prumo Logística, assinou um acordo de cooperação com o Porto de Houston. A expectativa com a parceria é o fortalecimento das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, especialmente no setor de óleo e gás. O CEO do grupo Prumo, José Magela, acredita que a partir de agora serão criadas novas oportunidades de exportação de produtos brasileiros para os EUA.
O Porto do Açu tem ainda muitos outros projetos importantes em andamento. A térmica GNA II deve começar a ser construída a partir do próximo ano. A instalação de um terminal de regaseificação também está nos planos da Prumo, que planeja desenvolver um hub para escoamento, processamento e monetização de gás natural dos campos produtores das bacias de Campos e Santos. Em relação ao Terminal de Petróleo do porto, a ideia é iniciar a operação de tancagem offshore em 2019. “A visão que nós temos é de que entre cinco a dez anos seremos o maior e mais eficiente complexo portuário, industrial e energético brasileiro“, afirmou Magela.
Qual a importância estratégica da parceria com o Porto de Houston?
O nosso modelo de negócios envolve sempre trazer parceiros estratégicos. O Porto de Houston é muito importante. A maior parte dos produtos da indústria de óleo e gás é exportada dos Estados Unidos por meio do Porto do Houston. Aquilo que recebemos no Brasil também vem daquele porto. Com essa parceria, estabelecemos um link comercial com Houston.
No futuro, isso nos abrirá oportunidades não apenas do Brasil mandar produtos para os Estados Unidos, como também saindo de Houston e chegando ao nosso país, através do Porto do Açu. Esse é o nosso desejo e por isso fizemos essa parceria.
A GNA iniciou a construção da GNA I e tivemos em julho a autorização para GNA II. Quando devem começar os trabalhos da construção da GNA II e, ao todo, quantos empregos devem ser gerados nessas duas obras?
A construção da GNA I foi iniciada em março deste ano e, atualmente, cerca de mil pessoas estão trabalhando nas obras. A previsão é que a construção da GNA II seja iniciada em 2019. A UTE GNA I começa a operar em 2021 e a GNA II em 2023.
No total, serão gerados 4.500 empregos e investidos R$ 8 bilhões na construção das duas térmicas e no terminal de regaseificação que será instalado no Porto do Açu.
Com a instalação das térmicas, que juntas terão capacidade de 3GW instalada, o Porto Açu se transforma no maior complexo termelétrico da América Latina.
Quais serão os próximos passos para o desenvolvimento do Açu Gás Hub? Quais são as novas etapas e quando elas devem começar?
A instalação do terminal de regaseificação e das termelétricas é parte do Açu Gás Hub, que será desenvolvido no Complexo. O Hub é uma solução privada para escoamento, processamento e monetização de gás natural dos campos produtores das bacias de Campos e Santos, contribuindo para o escoamento do gás associado e crescimento deste mercado.
As soluções presentes no Hub permitirão o recebimento do gás natural através de gasodutos conectados aos campos de produção, o processamento do gás rico, conexão com a malha de transporte, um terminal para liquefação e exportação de GNL, assim como o armazenamento e a exportação de GLP e outros hidrocarbonetos líquidos, além de ampliar o atendimento e permitir o crescimento do mercado doméstico.
A escala mundial do Porto do Açu e investimentos já realizados permitem que o gás natural brasileiro possa competir em igualdade com outros países, sendo um polo de exportação de GNL.
O desenvolvimento do Hub de gás também é um atrativo para as empresas que usam gás como matéria-prima ou que buscam maior competitividade em custo de energia. A eficiência logística e de custo atrai novos clientes, conectando os produtores diretamente aos consumidores e contribuindo para geração de empregos e crescimento sustentável da região.
O Porto do Açu recebeu também a West Carina para warm stacking. O senhor acredita que a demanda por essa solução e por outros serviços da Dome (como reparo e manutenção) deve crescer nos próximos anos?
Com certeza. A Dome já realiza de forma integrada uma série de serviços para a indústria de O&G, como serviços logísticos, de integridade, de reparo e manutenção dos ativos, etc. A empresa também está pronta para atuar na construção e montagem de módulos de plataformas offshore no Brasil.
Além disso, a localização do Porto do Açu, no norte do estado do Rio, favorece o recebimento de unidades que terão de ser desativadas nas bacias de Campos e Espírito Santo futuramente, criando possibilidades para a empresa atuar em atividades de construção e reparo de equipamentos submarinos e descomissionamento de plataformas.
Quais serão as estratégias e planos futuros para os terminais portuários em áreas onshore e offshore, tendo em vista os recentes leilões de óleo e gás no Brasil?
O Porto do Açu tem uma localização privilegiada e é a melhor opção para as empresas que operam na Bacia de Campos.
Inclusive para o pré-sal, tanto para o desenvolvimento de novos projetos como principalmente para construção submarina, montagem, entre outros. As empresas precisam ter área com infraestrutura excelente, eficiência operacional, acesso ao mar e aos principais fornecedores do setor. E isso o Complexo do Açu oferece.
A visão que nós temos é de que entre cinco a dez anos seremos o maior e mais eficiente complexo portuário, industrial e energético brasileiro.
Hoje, um dos grandes desafios logísticos é a construção da ferrovia Rio-Vitória (EF-118). Como a Prumo avalia a situação atual deste projeto? O senhor acredita que ele poderá ser viabilizado no médio ou longo prazo?
Acredito que a Rio-Vitória signifique uma nova chance para o desenvolvimento fluminense, potencializando suas aptidões – como o petróleo e o gás natural – e abrindo novas fronteiras econômicas. Quando pronta, a Rio-Vitória vai diminuir gargalos logísticos significativos, reduzindo o chamado custo Brasil. Este trecho ferroviário, poderá criar um novo corredor logístico para o atendimento de cargas geral e graneis agrícolas. Para se ter ideia, hoje 60% do custo de transporte para levar a soja do Brasil até a China é gasto no nosso país. Um valor que poderia ser consideravelmente menor se o país tivesse uma logística mais favorável.
Para o Rio de Janeiro, a Rio-Vitória deve significar um marco econômico. Depois de uma profunda crise, o Estado ganhará condições para dar um salto de competitividade, voltando a ser atrativo a novos investimentos.
Aliado à estrutura portuária de ponta já implantada e em funcionamento, como a que temos no Porto do Açu, a ferrovia vai permitir ao Rio, sediar um relevante e diversificado complexo industrial.
Já existem conversas em andamentos com novas empresas que desejam se instalar no porto? O que pode detalhar a respeito?
Sim, mantemos conversas com empresas de diversos setores. Infelizmente todas possuem cláusula de confidencialidade.
Recentemente divulgamos uma parceria assinada com o Grupo Aeropart para a instalação de um heliporto no Açu. Com isso, fechamos um importante ciclo, que é a operação logística de pessoas para as plataformas, além da movimentação de materiais que já é realizada por meio da base da Edison Chouest.
Com a retomada do setor de petróleo, existe uma perspectiva de crescimento com as operações de transbordo de petróleo no terminal do porto?
As perspectivas são muito positivas. No final de agosto, o Terminal de Petróleo do Açu realizou sua 50º operação, chegando ao marco de 50 milhões de barris movimentados.
Este terminal é o único privado do país com capacidade para receber navios VLCCs, que são os maiores petroleiros do mundo. Além disso, possui uma série de diferenciais, como estar em área abrigada por um quebra-mar, o que torna a operação mais segura e eficiente.
Para o próximo ano, além de um crescimento na movimentação de transbordo realizada, o terminal também deve iniciar a operação de tancagem offshore.
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