POSSE DO INDICADO POLÍTICO À PRESIDÊNCIA DA NUCLEP SERÁ UM DESAFIO PARA INDÚSTRIA NUCLEAR E UM TESTE PARA JUSTIÇA
Amanhã, quarta-feira (1), vamos ver até que ponto foi o exemplo que a Suprema Corte deu para toda a justiça brasileira. Tudo vai depender da decisão da juíza Rafaela de Freitas Baptista de Oliveira, da 2ª Vara Cível de Itaguaí. Está na mesa dela a decisão de manter ou não a posse de um novo presidente da Nuclep. A maior indústria nuclear brasileira, está a beira de ser comandada por um profissional sem as qualificações mínimas necessárias, o engenheiro metalúrgico, Siciliano Francisco. Nem do ponto de vista profissional e muito menos com conduta ilibada, como prevê a Lei 13.303 e o Decreto 8495, além do próprio Estatuto da empresa. Se seguir a mesma decisão que tomou em maio, sem a pressão de políticos envolvidos na Operação Lava Jato, acusados de corrupção, que estão apadrinhando a indicação de Francisco, certamente a juíza Rafaela Baptista, vai vetar. Será um dilema. Se decidir assim, seguirá os mesmos preceitos pelos quais a Comissão de Avaliação Interna da Companhia avaliou duas vezes que o indicado não reúne qualquer condição de comandar uma companhia com um imenso de responsabilidade. Em maio, ela foi taxativa. Concordou com a comissão e determinou que a posse de Siciliano Francisco fosse suspensa. Se concordar com a posse, bem, nesse caso, o exemplo do Supremo terá sido maior e os políticos vão dar a palavra final. Contrariando as leis e a decisão de dois Desembargadores que também impediram a posse dele por duas vezes.
Mas político é político. E em mais esta indicação tentaram agir de forma mais escamoteada. Não fizeram muito alarde pelo apadrinhamento do nome de Siciliano. Mas a comissão interna estava atenta e novamente bateu o martelo: Ele não tem condições profissionais de ser presidente de uma companhia que está em pleno desenvolvimento de um submarino nuclear, que possui um porto estratégico, e que é responsável por construir importantes peças para a indústria nuclear. Além disso, a Nuclep está a beira de fechar parcerias estratégicas internacionais para novos projetos nucleares.
Mesmo com tudo isso, com a pressão que só os políticos sabem fazer, quando estão muito interessados em nomear apadrinhados para assumirem cargos de comandos estratégicos, está marcada para amanhã (1), às 11h, a posse de Siciliano Francisco. No seu currículo, aprovado pela Casa Civil e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, comandado por um ministro acusado de receber milhões de Joesley Baptista, Gilberto Kassab, há 8 apontamentos em Vara de Execução Fiscal, 10 apontamentos em Varas Cíveis e 18 apontamentos em varias regiões do TRT. O Ministério Público diz que uma pessoa que não consegue administrar sua vida pessoal, não pode administrar uma empresa estratégica de defesa.
Também para a Nuclep, o Deputado Júlio Lopes, outro que responde por desvios de milhões de reais da Linha 4 do Metrô, quando ainda era Secretário de Transportes de Sergio Cabral, impôs o nome de Luzineides Sant’Ana de Almeida para o cargo de Diretor Administrativo-Financeiro. A princípio, ele foi indicado para a INB (Indústrias Nucleares do Brasil). Não foi aceito por lá e a sua indicação foi transferida para diretoria da Nuclep. Sua experiência foi trabalhar na Petróleo Sabbá. Na área nuclear, é zero. Mas será o homem que terá chave do cofre da companhia. Isso mesmo. Indicado por quem é acusado de desviar dinheiro de obras do Metrô, com três apelidos na lista da Propina da Odebrecht ( Velho, Bonitinho e Pavão). A posse de Luzineides também está marcada para na maior e mais importante indústria nuclear do país. Quem viver, verá.
Nuca vivemos tamanha falta de ética governamental, principalmente nas indicações para dirigir empresas que lidam com energia nuclear e correlatas. Espero que a justiça obste tais atrocidades, pois já estamos numa fase do Deus nos acuda, onde os interesses pessoais menores e rasteiros se sobrepõem aos projetos de construção séria de uma nação. A inação popular, principalmente dos mais instruídos, que nem ao menos mostram indignação é, deveras, preocupante. Onde iremos parar?
A “M” é ainda maior quando olhamos para as 1500 famílias comprometidas com as construções realizadas na Nuclep, assim como o loteamento da nossa exploração de petróleo que vem sendo entregue aos estrangeiros. Isso tudo é triste e aborrecedor… é necessário uma união muito forte dos funcionários das empresas do governo, de modo a combater e colocar a boca no trombone, para que essa bagunça acabe de uma Vez por toda.