PPSA ORGANIZARÁ FÓRUM TÉCNICO NO DIA 24 DE NOVEMBRO COM NOVOS DADOS SOBRE VOLUMES DO PRÉ-SAL

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

gerkPerto de completar oito anos de vida, a estatal Pré-Sal Petróleo (PPSA) vive um momento especial que mescla conquistas importantes já alcançadas e novos desafios empolgantes pela frente. Responsável por representar a União nos contratos de partilha de produção, a empresa organizará no dia 24 de novembro o seu 4º Fórum Técnico, com novos estudos e números inéditos sobre o pré-sal. “Fizemos um estudo considerando apenas os campos do pré-sal que têm declaração de comercialidade, juntamente com Sul de Gato do Mato, Sépia e Atapu. Calculamos os volumes envolvidos só nesses campos para apresentar, durante o fórum, o nível que esses contratos de partilha geridos pela PPSA vão atingir. O número é majestoso”, declarou o presidente da estatal, Eduardo Gerk. Nesta entrevista ao Petronotícias, Gerk também reafirmou que a produção média diária dos contratos de partilha já em vigor chegará a 3,6 milhões de barris por dia em 2030. Os volumes excedentes da Cessão Onerosa, por sua vez, devem responder por cerca de metade desse total até o final da década. Falando sobre o futuro, o presidente da PPSA detalhou um pouco sobre o desenvolvimento de tecnologias inovadoras que serão implementadas no pré-sal nos próximos anos. Além disso, Gerk acredita ainda que a PPSA deve receber o sinal verde no próximo ano para começar a preparar o processo seletivo público para contratação de quadro permanente da estatal. Por fim, o entrevistado comentou sobre sua expectativa positiva com o próximo leilão da Cessão Onerosa, previsto para dezembro.

Gostaria de começar esta entrevista pedindo ao senhor que atualize nossos leitores sobre a situação dos Acordos de Individualização da Produção (AIPs) que ainda estão em avaliação.

ppsaAtualmente, temos seis AIPs efetivos [Brava, Sapinhoá, Tartaruga Verde, Tupi, Argonauta e Atapu] e outros três que ainda dependem de aprovação da Agência Nacional do Petróleo [Pré-sal Albacora, Mero e Bacalhau]. Além desses, temos mais 11 AIPs que estão em avaliação [Jubarte, Gato do Mato, Caxaréu, Sagitário, Sul de Sapinhoá, Epitonium, Sépia, Búzios, Júpiter, Sururu e Berbigão]. Desses que estão em avaliação, os que estão mais adiantados são Jubarte e Gato do Mato. Esses estão mais próximos de serem submetidos à avaliação da ANP, o que deve acontecer no biênio 2022-2023.

Vamos falar agora sobre números de produção de óleo e gás nos campos com contratos de partilha. Quais são os dados mais recentes da PPSA em relação a esse aspecto?

Os números são do nosso último estudo de 2020, que leva em consideração uma série de premissas para que possamos fazer as estimativas. De acordo com esse trabalho, chegaremos a 2030 com uma produção de 3,6 milhões de barris de petróleo por dia a partir dos 16 contratos de partilha, já eliminando o contrato de Peroba [bloco devolvido pela Petrobrás no mês de abril]. Esse número, a princípio, está mantido até que façamos uma melhor previsão. Mesmo que haja uma revisão, não devemos chegar a um número muito diferente. Desse volume total, a União terá direito a 630 mil barris por dia em 2030.

Uma coisa interessante a destacar é que teremos um forte crescimento entre 2021 e 2026 na parcela de óleo a qual a União terá direito. Hoje, esse volume varia entre 9 mil e 15 mil barris por dia. Em 2026, esse número chegará a 260 mil barris por dia. A incerteza em relação a esse valor é muito pequena, porque essa produção virá de campos que já estão em desenvolvimento de produção.

A PPSA realiza anualmente um Fórum Técnico que sempre apresenta dados e informações interessantes sobre os projetos do pré-sal. O que podemos esperar de novidades para o evento deste ano?

fpsoTeremos novos números e estudos para o nosso 4º Fórum Técnico da PPSA. Eu posso adiantar para você que a edição desse ano será realizada no dia 24 de novembro. Apresentaremos um estudo inédito considerando os campos do pré-sal que já têm declaração de comercialidade, juntamente com Sépia, Atapu e Sul de Gato do Mato – este que deve ter em pouco tempo a sua declaração de comercialidade.

Calculamos os volumes envolvidos só nesses campos para apresentar, durante o fórum, o nível que esses contratos de partilha geridos pela PPSA vão atingir. O número, que eu ainda não posso revelar, é majestoso e muito animador.

O setor de óleo e gás vive a expectativa para a realização do segundo leilão dos excedentes da Cessão Onerosa, previsto para dezembro. Caso as duas áreas em oferta sejam arrematadas, quais serão os impactos em termos de produção e investimentos?

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CLIQUE PARA AMPLIAR – arte detalha investimentos e produção dos quatro contratos de partilha dos volumes excedentes da Cessão Onerosa

A PPSA preparou recentemente um estudo focado apenas nos contratos de partilha dos excedentes da Cessão Onerosa, levando em conta os contratos hoje vigentes, Búzios e Itapu, mas também considerando que Sépia e Atapu serão arrematados no leilão de dezembro com as alíquotas mínimas de óleo-lucro para a União [15,02% e 5,89%, respectivamente].

Com essas premissas, nós estimamos que só esses quatro contratos juntos vão atingir o patamar de 1,8 milhão de barris de óleo equivalente por dia entre 2028 e 2029. Se você pensar que a produção de todos os contratos de partilha de produção somarão 3,6 milhões de barris por dia em 2030, os contratos dos excedentes da Cessão Onerosa representarão praticamente metade desse total.

Outro número interessante é o volume de investimentos. Veja que interessante: os excedentes da Cessão Onerosa e a Cessão Onerosa vão trazer um investimento de US$ 82 bilhões na década. Esse será o mesmo montante de investimentos para todos os demais contratos de partilha. É um número majestoso e realmente significativo.

Aproveitando o gancho, como está sua expectativa em relação ao resultado desse segundo leilão dos excedentes da Cessão Onerosa?

A minha expectativa é positiva em virtude de dois fatos bastante marcantes. O primeiro deles é a Petrobrás ter exercido o direito de preferência no leilão dos excedentes de Sépia e Atapu. Pelo o que conversei com colegas da Petrobrás, parece que não haverá recuo. O segundo fato são as conversas que tivemos com as demais empresas presentes no pré-sal brasileiro. Nós percebemos que essas companhias estão perguntando sobre a licitação, o que mostra que elas foram a fundo nos detalhes do edital. Esses dois fatos me levam a crer que o leilão dos excedentes será bem sucedido e, quiçá, eu aposto até em uma disputa entre as empresas.

Seria interessante ouvir também sobre a preparação da PPSA para a realização do concurso público que irá selecionar futuramente o quadro de funcionários permanentes.

FPSOTemos um Plano de Cargos e Salários que deve ser aprovado, em primeiro lugar, pelo Ministério de Minas e Energia e, depois, pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST) do Ministério da Economia. Então, na verdade, temos um pacote formado pelo Plano de Cargos e Salários, o Plano de Transição e o Plano de Funções. A PPSA indicará aos ministérios de Minas e Energia e da Economia como será a transição dos seus atuais funcionários para os futuros empregados concursados. É preciso haver uma transferência de conhecimento nesse processo.

A SEST tem que aprovar esse pacote do Plano de Cargos e Salários. Nós pretendemos que, em cerca de 15 dias, o nosso Conselho de Administração aprove esse Plano de Cargos e Salários. Uma vez o conselho chancelando, isso seguirá para o Ministério da Economia e logo após para a aprovação da SEST. Só a partir dessa aprovação poderemos começar a pensar em programar o processo seletivo. A nossa expectativa é que ao longo de 2022 sejamos autorizados a realizar o concurso.

A produção no pré-sal ainda é um desafio que impõe a necessidade constante de desenvolvimento de novas tecnologias. Poderia falar das novidades tecnológicas que estão sendo estudas para as áreas sob contratos de partilha de produção?

Vou citar alguns dos principais desenvolvimentos tecnológicos em andamento. O comitê tecnológico de Libra, por exemplo, analisa diversos projetos e prioriza os mais importantes. Dentre eles, temos o desenvolvimento da tecnologia HISEP, concebida para realizar a separação e a reinjeção, no fundo do mar, de CO2 nas rochas reservatórios. Ou seja, o HISEP evita o uso de um grande espaço do footprint dos FPSOs para a realização da separação do CO2. Além disso, permite aumentar a produção de óleo, já que quanto mais você consegue separar o CO2 no fundo do mar, maior é a quantidade de óleo que irá à superfície. É uma tecnologia patenteada pela Petrobrás e que está bem adiantada, em fase final de testes para implementação.

Outro projeto que eu citaria envolve a avaliação e o desenvolvimento de geração eólica offshore em águas ultraprofundas. Isso é algo que está sendo feito no exterior. São verdadeiras fazendas eólicas que geram eletricidade para alimentar as plataformas. A avaliação e o desenvolvimento dessa opção aqui no Brasil está a cargo de um projeto em convênio com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS).

E em relação ao desenvolvimento de uma nova embarcação que pode reduzir os custos logísticos de descarregamento do óleo de FPSOs nos projetos do pré-sal?

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Embarcação CTV poderá transferir diretamente o óleo do FPSOs para navios petroleiros VLCC ou Aframax

Esse projeto é bastante importante. Trata-se do Cargo Transfer Vessel (CTV). Hoje, por conta das condições de mar muito agressivas, notadamente no pré-sal da bacia de Santos, a operação de transferência de óleo produzido nos FPSOs precisa de uma embarcação de posicionamento dinâmico, que conecta o FPSO aos chamados navios aliviadores. Por sua vez, esses navios aliviadores, que têm menor capacidade de armazenamento, transferem posteriormente o óleo para os navios petroleiros VLCC ou Aframax – esses sim, com grande capacidade de armazenamento.

O CTV, que possui menor porte e posicionamento dinâmico, surge como uma solução ideal para esse tipo de operação. Com ele, é possível conectar um FPSO diretamente a um navio Aframax ou VLCC a uma distância segura. Assim, seria possível transferir o óleo diretamente para esses navios petroleiros de longo curso. Essa opção traz ganhos econômicos e oferece uma maior segurança na operação.

Os testes com essa tecnologia serão iniciados em breve em oito plataformas FPSOs, com diversas condições de mar e vento. Estamos muito animados com esse projeto. O foco inicial da tecnologia será no campo de Mero, mas esse tipo de operação poderá ser replicado em outros campos.

Qual o papel da PPSA no desenvolvimento dessas tecnologias?

Nosso papel é questionar sempre os consórcios sobre o uso de melhores tecnologias. A PPSA tem pessoal gabaritado para, de igual para igual, discutir as melhores praticas do mercado. Então, queremos sempre provocar e fomentar discussões, além de disseminar boas práticas. Esse é o nosso papel dentro dos consórcios e dos comitês operacionais.

Por fim, poderia fazer um balanço sobre como tem sido, de maneira geral, a atuação da PPSA até aqui?

Quando eu entrei na PPSA, a missão que me foi dada pelo ministro Bento Albuquerque era estruturar a empresa e prepará-la para o futuro.  Naquela época, o que estava no horizonte era o primeiro leilão dos excedentes da Cessão Onerosa. Então, eu digo que fomos bem sucedidos nisso. Estou muito feliz com a diretoria e todo o staff que conseguimos montar. Temos uma empresa que trabalha com brilho nos olhos, sabendo que está atuando para o benefício direto da sociedade brasileira. Esse é o ponto de destaque que fará a PPSA ser bem sucedida ao longo de toda a sua vida. O que virá no futuro será magnânimo em termos de resultados e benefícios para o nosso país.

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