PRECISAMOS DE MAIS CUIDADOS PARA EXPLORAR A NOSSA RIQUEZA NO MAR
Por Assis Pereira / Engenheiro e consultor da Petrobrás –
Atualmente a mídia vem denunciando um grave problema existente há tempos na Petrobrás. Refiro-me à questão do declínio produtivo de óleo na Bacia de Campos, que decorre do aumento contínuo do percentual de água produzida como elemento do processo. Constata-se, há bastante tempo, uma curva produtiva de óleo inversamente proporcional à captação de água produzida. Além do decaimento produtivo de óleo e do aumento de água produzida, não observamos menção por parte da mídia de uma questão relevante, decorrente desta constatação, qual seja: a contaminação crescente do ecossistema marinho na Bacia de Campos, fruto do descarte inadequado da água produzida em elevado volume, altamente contaminada por substâncias tóxicas não tratadas e despejadas “in natura” naquele ambiente marinho.
Como engenheiro de equipamentos aposentado pela Petrobrás em fevereiro de 2003, sou testemunho desta falha de conhecimento da alta administração da Petrobrás. Naquela oportunidade, já se fazia perceptível o agravamento da questão envolvendo um entrave produtivo, acumulado com uma condição inaceitável de contaminação ambiental decorrente do despejo de navios repletos de água produzida, altamente contaminada, no ecossistema da Bacia de Campos.
Nos idos dos anos 2000, com a desativação do Terminal de Regência – TEREG, a Unidade de Negócios da Bacia de Campos propôs para a Diretoria Executiva da Petrobrás um projeto cujo objeto consistia na readequação do Terminal de Regência de forma a resolver a destinação da Água Produzida na Bacia de Campos, por tratar-se de uma questão estratégica da Petrobrás na ampliação de produção daquela Unidade de Negócios.
No passado, aquele Terminal era responsável pela estocagem, o armazenamento e a transferência de toda a produção de óleo do Espírito Santo. Com a sua desativação, foi cogitada, pela Unidade de Negócios da Petrobrás na Bacia de Campos, a utilização do Terminal de Regência, que seria readequado para as novas operações e para a continuidade do Projeto REGALP (Revitalização do Campo Lagoa Parda – Ampliação da injeção de água produzida).
O Projeto REGALP seria responsável pelo armazenamento e transferência de água oriunda da Bacia de Campos e utilizada para injeção e recuperação de poços do campo de Lagoa Parda.
Como derradeira missão na Petrobrás, antes da minha aposentadoria, prestei consultoria à uma comissão constituída na empresa para contratação da readequação do Terminal de Regência – ES, para tratamento de uma substancial parcela de água produzida na Bacia de Campos, que seria reutilizada, evitando o despejo no mar, consignando seu aproveitamento em outras atividades do processo. O processo de contratação, embora concluído, foi rejeitado pela Diretoria Executiva, para contenção de custos e até o momento, não foi continuado.
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Excelente a atitude deste Sr. que mesmo aposentado, ainda se preocupa com o meio ambiente e tem a responsabilidade para nos alertarmos nessa matéria. Parabéns pela iniciativa!
Lamentável que tantas iniciativas e boas práticas não tenham sido encorajadas e levadas adiante por razões puramente políticas. Cortam custos que na verdade se revelariam investimentos a longo prazo. Por sorte, há testemunhos como o seu – profissionais dedicados e conscientes que vão além do escopo de sua função. Parabéns pelo artigo!